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Considerações Finais

No documento Estudos e Pesquisas 1 (páginas 80-83)

Este trabalho teve como objetivo apresentar os resultados da nova metodologia de cálculo da taxa de sobrevivência das empresas no Brasil, desenvolvida pelo Sebrae, a partir do processamento das bases de dados da Secretaria da Receita Federal (SRF).

Após descrever as experiências dos trabalhos anteriores sobre o assunto, elaborados pelo IBGE, BNDES e pelo próprio Sebrae, foi apresentada a nova metodologia proposta pelo Sebrae, assim como os resultados a que se chegou no âmbito nacional, das grandes regiões, das unidades da federação e dos setores de atividade. Ao contrário dos anos anteriores, em que a instituição utilizou pesquisa de campo para realizar estudos sobre a sobrevivência de empresas, neste relatório, fez-se uso do processamento e análise das bases de dados cedidas pela SRF.

Foram calculadas taxas de sobrevivência para empresas com até dois anos de atividade, tendo como referência para os anos de constituição as empresas criadas nos anos de 2005 e 2006. Para análise da sobrevivência, procurou-se identificar a situação cadastral dessas empresas em quatro bases. Para as empresas criadas em 2005, foram utilizadas as bases da SRF de 2005, 2006, 20007 e 2008. Para as empresas constituídas em 2006, foram utilizadas as bases da SRF de 2006, 20007, 2008 e 2009. A necessidade de fazer uso de quatro bases para o cálculo das taxas de sobrevivência se deve ao fato dos registros de uma empresa poderem surgir com alguma defasagem nas bases analisadas. Por exemplo, o registro de constituição de uma empresa criada em 2006 pode aparecer apenas nos anos seguintes. Há também um número não desprezível de empresas que deixa de declarar seu Imposto de Renda de Pessoa Jurídica em determinado ano, voltando a fazê-lo nos anos seguintes (ou entregá-las com atraso). Assim, as taxas de sobrevivência são relativas a dois anos de atividade, mas utiliza-se para seu cálculo quatro bases de dados para identificar a situação de cada empresa: a mesma base do ano de constituição, mais as bases dos três anos seguintes à sua constituição.

Como resultado, verifica-se que, a taxa de sobrevivência das empresas constituídas em 2006 foi de 73,1%, nível superior ao verificado no grupo das empresas constituídas em 2005, cuja taxa de sobrevivência foi de 71,9%. Embora o estudo não capte as razões da melhora nas taxas de sobrevivência, a tendência ao aumento da sobrevivência aqui identificada está em sintonia com os avanços verificados tanto no âmbito dos negócios (p.ex. com tendência à melhora na legislação em favor das MPE), quanto no que diz respeito à evolução das características dos próprios empreendedores brasileiros (p.ex. aumento da escolaridade e dos esforços de capacitação).

O estudo apontou também que as taxas de sobrevivência são maiores no setor industrial, seguidas pelo comércio, serviços e construção civil. Para as empresas constituídas em 2006, as taxas de sobrevivência de empresas com até dois anos nesses setores foram, respectivamente, 75,1%, 74,1%, 71,7% e 66,2%. Os melhores índices de sobrevivência das empresas da indústria parecem estar relacionados aos requisitos de capital e tecnologia, que tendem a ser proporcionalmente maior nesse setor, o que reduz a entrada de concorrentes e a pressão concorrencial. Situação inversa parece ocorrer no setor de construção civil. os menores requisitos de capital e tecnologia, em especial no grupo das empresas de micro e pequeno porte, implicam maior facilidade de ingresso no mercado e maior pressão concorrencial.

Estudos e Pesquisas 81

Na comparação das empresas constituídas em 2005 e 2006, verifica-se que em 20 Unidades da Federação houve aumento da taxa de sobrevivência de empresas com até dois anos. Em apenas 8 unidades da Federação houve queda, e onde houve queda da sobrevivência, em geral, tais reduções não foram expressivas.

Quando comparados os resultados deste trabalho com as taxas semelhantes calculadas pela OECD, para 12 países, verificou-se que a taxa de sobrevivência de empresas brasileiras constituídas em 2005 (71,9%) é superior, por exemplo, às taxas de países como Holanda (50%), Itália (68%) e Espanha (69%) e é inferior às taxas do Canadá (74%), Estônia (75%) e Luxemburgo (76%). As taxas aqui calculadas não são totalmente comparáveis às calculadas pela OECD, porque aquela instituição considera apenas as empresas com empregados, ao passo que no estudo do Sebrae também são considerados os empreendimentos com “zero empregados”, conduzidos apenas pelos próprios donos. Embora haja essa diferença em termos de metodologia, os resultados aqui calculados se mostram muito próximos aos calculados pela oECD.

Este trabalho constituiu-se em uma experiência piloto de cálculo da taxa de sobrevivência de empresas, a partir da base de dados da SRF. Espera-se, nos próximos anos, aprofundar essa experiência e prosseguir no processo de aperfeiçoamento da metodologia aqui utilizada. A medida que esse método se consolide, será possível elaborar indicadores com menor grau de defasagem temporal. Isso será possível, por exemplo, se o uso de quatro bases de dados puder ser substituído pelo uso de três bases de dados, conforme o cadastro utilizado for melhorando. outro exemplo de aperfeiçoamento a ser perseguido será trabalhar com um maior grau de detalhamento das informações, por exemplo, com o uso de um número maior de aberturas regionais e setoriais. Finalmente, um possível avanço adicional esperado para os próximos anos é a possibilidade de elaboração de índices de sobrevivência, não apenas para empresas com até dois anos, mas também para outros graus de longevidade (p.ex. para empresas com até um ano, para empresas com até três anos etc.)

Assim, este trabalho pretende ser o primeiro de uma série mais longa, de periodicidade anual, que permita monitorar a sobrevivência das empresas no País.

CAPÍtULO 4 – AS PEQUENAS

EMPRESAS NO SIMPLES

NACIONAL

o presente documento foi concebido a partir da necessidade de se conhecer melhor o universo das Empresas de Pequeno Porte (EPP). Segundo a LC n.o 123/2006, conhecida como “Lei Geral da Micro e Pequena

Empresa”, é uma Empresa de Pequeno Porte aquela cujo “o empresário, a pessoa jurídica, ou a ela equiparada, aufira, em cada ano-calendário, receita bruta superior a R$ 240.000,00 (duzentos e quarenta mil reais) e igual ou inferior a R$ 2.400.000,00 (dois milhões e quatrocentos mil reais)”.

Segmento importante dos pequenos negócios, as empresas de pequeno porte (ou pequenas empresas) encontram-se em estágio de desenvolvimento mais avançado. Atuam como elo fundamental no encadeamento produtivo: podem ser compradores de produtos e serviços de microempresas e também fornecedoras para médias e grandes empresas.

A empresa de pequeno porte pode também ter origem como microempresa que se desenvolveu e que continuará se desenvolvendo, até atingir, quem sabe, o estágio de grande empresa. Por não estarem mais na “base da pirâmide das empresas” pressupõe-se que as EPP são frutos do chamado “empreendedorismo por oportunidade”, ou então estão em estágio de amadurecimento tal que suas atividades já não mais se limitam ao fornecimento da subsistência do empresário e/ou sua família.

Desse modo, as EPP são um público bastante diferenciado tanto do Empreendedor Individual (EI) quanto das Microempresas (ME), o que faz com que sejam necessárias estratégias, produtos e tratamento diferenciado no atendimento a esse público, para que o Sebrae possa de fato “fazer a diferença” e auxiliar a alavancar ainda mais esses empreendimentos.

É fundamental, portanto, conhecer melhor esse público. A presente pesquisa pretende, assim, fornecer os insumos necessários para que o conhecimento das EPP possa reverter em produtos e soluções que sejam eficazes, eficientes e efetivas para seu desenvolvimento.

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No documento Estudos e Pesquisas 1 (páginas 80-83)

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