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Realizar uma pesquisa tendo como foco as nossas ações diárias no exercício da prática educativa foi um grande desafio, na medida em que exigiu uma dualidade ao mesmo tempo de distanciamento e aproximação.

Distanciamento no que diz respeito a permitir-me aguçar o olhar de professor pesquisador e observador para perceber nas ações cotidianas o não dito, concepções sedimentadas no sentido de compreender as questões expostas na temática, retrata também um sair de cena diante de uma postura centralizadora da qual estamos acostumadas para que sobressaiam as vozes e ações das crianças. Requer, também ações de aproximação, para rever atitudes, interferir nas mediações educativas, se ver na ação e com isso oportunizar as crianças novas ações das quais lhe são por direito para o seu desenvolvimento integral.

Compreendemos que para realizarmos uma prática coerente às especificidades das crianças, valorizando o brincar e suas expressões, a enfatizar o corpo, que se movimenta e necessita disso para estabelecer relações consigo mesmo, com o espaço e com o outro, faz-se necessário desconstruir com concepções, estruturas impostas e impróprias nas instituições educativas, além de romper com nossas próprias limitações.

Para tanto, segue o entendimento do brincar como essência da criança e da Educação Infantil e foi possível, afirmar isso através das situações observadas e atividades propostas e ressignificadas no decorrer dessa investigação. É visível o prazer expressado em seus rostos, quando oportunizamos a criança maior liberdade, e com isso perceber sua capacidade criadora desde tão pequenas em propor, desafiar e recriar diante de simples objetos ou nenhum.

Alegramo-nos no decorrer dessa vivência em poder acompanhar avanços ainda que pequenos. Vê a criança pequena ocupando não só a escola, mas os espaços existentes nela, não mais como intrusas isoladas numa sala devido a uma lei ou necessidade própria, mas como protagonista do lugar e da prática, podendo entrar e sair interagindo no ambiente.

Ambiente, onde as portas não precisam estar o tempo todo fechadas, para garantir sua segurança. E possam vivenciar sua infância como se deve ser: brincando, explorando, experimentando, se movimentando.

Enfatizamos ainda a necessidade dos espaços educativos infantis, como este em estudo, em afirmar a criança como protagonistas que expressem a liberdade em sua completude. E que não continuem sendo o retrato de cerceamento e disciplinamento dos corpos na vivência diária das crianças desde tão pequenas. A importância do corpo suas expressões e espontaneidade precisa de fato afirmar um lugar de destaque na Educação Infantil, no entanto, são necessários esforços e ações mútuas dos envolvidos no contexto educacional no sentido de superar o equívoco corriqueiro de transposição de responsabilidades.

A criança é um ser brincante, móbil, o professor precisa ser também, ou ainda aprender a ser, para entender suas necessidades e oportunizar a ambos, situações prazerosas dessas ações incluídas nas brincadeiras para vivenciar no cotidiano.

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APÊNDICE A - Roteiro de Observação

 Como as crianças se movimentam no espaço?  Como as crianças brincam?

 De que brincam?

 Qual a expressão nos seus semblantes quando brincam?  Como os adultos interferem?

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