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06_CONSIDERAÇÕES FINAIS

No documento FABIANA MAZZANTE (10.00Mb) (páginas 126-136)

É certo que a cidade antiga apresenta valores que faltam à cidade moderna, seu caráter formal, estrutural e funcional são completamen- te diferentes e, talvez por isso, a preservação mais adequada para os dias atuais não seja simplesmente tombar imóveis e conjuntos urbanos ou elaborar trabalhos de restauro, pois corre-se o risco de congelamento desses imóveis. A grande compreensão para a preser- vação do patrimônio histórico é, portanto, de que o desenvolvimento econômico e social nas cidades contemporâneas não deverá ser feito a partir da renovação e substituição do antigo pelo novo. Mas sim a partir do entendimento de que a reabilitação do patrimônio será capaz de atender às novas exigências e demandas das novas eco- nomias nas metrópoles.

Estamos vendo os monumentos históricos serem banalizados atra- vés do turismo de massa ou meios de comunicação. A fotografia e a propaganda utilizadas para promover certos monumentos acabam colocando-os em lugar desfavorecido, uma vez que tiram do espec- tador a emoção ou a curiosidade ao se deparar fisicamente com o bem histórico, já que este o foi apresentado previamente por meio de imagens manipuladas. Esta simulação de imagens já conhecidas faz oposição, portanto, entre a valiosidade do patrimônio histórico e sua transformação em mercadoria de consumo, o que faz com que os valores históricos e particulares desses bens acabem sendo ba- nalizados.

Defender a preservação passa, então, a ser vista como forma de protesto contra a situação atual que ameaça o direito à história e à memória, reforçando seu poder como propulsor das transformações. Muitas teorias foram formuladas até hoje, mas não existe o certo ou errado, o que existe é a capacidade crítica que nos facilita enxergar para além do problema em si. Essa capacidade nos permite cons- truir uma ordem de raciocínio, definir prioridades de projeto, além de saber reconhecer características significativas nas pré-existências e usá-las de forma análoga na inserção do novo, de acordo com cada monumento. É preciso uma nova forma de compreender e respeitar

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a própria cidade, suas pré-existências, suas camadas de história e suas relações com as linguagens construtivas ao longo dos anos, pois a bagagem cultural que carregam vai muito além do senso co- mum, que valoriza apenas os aspectos icônicos e grandiosos das obras. Cada bem possui uma história única e intrínseca que vem des- de sua concepção, uma vez que carrega saberes e ideologias de uma época, características de seus construtores e idealizadores, além de possuírem vestígios singulares de aspectos regionais. Portanto, mais do que tudo, preservar a matéria é, e sempre será, assegurar sua manutenção histórica.

“Não se trata de afastar os monumentos da vida

urbana, isso seria dedicá-los a uma morte pró-

xima, é necessário saber compreendê-los e dar-

-lhes sempre um lugar vivo na cidade viva.“

G. Nicodemi

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