Ao final deste estudo foi possível atingir os objetivos iniciais, pois foi realizada
a construção de um instrumento de coleta de dados com o idoso internado em um
Hospital Universitário. Além disso, foi possível realizar com as enfermeiras
assistenciais e docentes do HU/FURG a validação inicial e final do conteúdo e,
também, realizar a testagem clínica do instrumento com os idosos internados na
UCM do HU/FURG.
Ao retomar os pressupostos iniciais, percebe-se que por meio da utilização do
Histórico de Enfermagem foi possível identificar as principais Necessidades
Humanas Básicas afetadas no idoso hospitalizado, levando a identificação de
diagnósticos de Enfermagem, oportunizando/facilitando o estabelecimento da SAE.
Foi primordial e fundamental a participação das enfermeiras, docentes e
assistenciais, na construção e validação do instrumento construído. A utilização do
Histórico de Enfermagem mostrou que é possível identificar Diagnósticos de
Enfermagem, um dos caminhos para a implantação futura da SAE na instituição
pesquisada.
No decorrer do processo de envelhecimento, o grau de dependência tende a
aumentar, exigindo um cuidado apropriado e eficaz, direcionado para o atendimento
das necessidades individuais e coletivas, e às particularidades da idade. Este
trabalho permitiu-me o conhecimento e compreensão da importância do atendimento
das Necessidades Humanas Básicas direcionadas ao cuidado do idoso, mostrando
que o Histórico de Enfermagem torna-se uma importante ferramenta para o
desenvolvimento da SAE nesta instituição, principalmente no que diz respeito as
suas duas primeiras fases: Levantamento de dados e identificação de Diagnósticos
de Enfermagem.
Inicialmente foi elaborada, com o auxílio da revisão de literatura, uma listagem
contendo as 36 Necessidades Humanas Básicas com suas definições e as 525
manifestações dessas necessidades. Após o processo de validação de conteúdo por
enfermeiras da área de gerontogeriatria, essa listagem foi reduzida para 33
necessidades e 223 manifestações. Então, foi construído o instrumento de coleta de
dados para o atendimento do idoso internado no Hospital Universitário Dr. Miguel
Riet Corrêa JR. da cidade do Rio Grande, RS, utilizando como parâmetro para seu
formato a literatura da área específica.
Após essa construção, o instrumento foi submetido, mais uma vez, ao
julgamento das enfermeiras, que foram orientadas a analisar o instrumento, levando
em consideração sua forma e conteúdo. As enfermeiras foram unânimes em afirmar
que o instrumento poderia ser utilizado para o atendimento das Necessidades
Humanas Básicas afetadas no idoso hospitalizado. Para verificar sua funcionalidade
na prática, o mesmo foi testado com os idosos internados na Unidade de Clínica
Médica do HU/FURG, comprovando sua operacionalidade.
A construção deste instrumento, além de ser um estudo pertinente tendo em
vista a população idosa brasileira representar a que mais cresce e a que mais
procura os serviços de saúde, vem preencher uma lacuna existente no Hospital
Universitário pesquisado, onde não existe um instrumento específico para registrar
os dados coletados pela enfermeira durante o atendimento ao idoso.
O Histórico de Enfermagem representa um instrumento de grande significado
para a assistência de enfermagem, pois permite à enfermeira a realização de
diagnósticos, planejamento das ações de enfermagem, acompanhamento e
evolução do doente, ou seja, permite a implantação e implementação da
Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE), de forma oficial e registrada.
Por meio da revisão de literatura referente às descrições e definições das
Necessidades Humanas Básicas afetadas no idoso, foi possível compreender as
alterações acarretadas com o processo de envelhecimento e tornou possível,
também, a visualização das limitações e alterações que muitas vezes surpreendem
as pessoas durante a velhice.
A falta ou a utilização inadequada do Histórico de Enfermagem direcionado ao
idoso hospitalizado, bem como o não conhecimento de suas Necessidades
Humanas Básicas afetadas, pode dificultar o cuidado, pois muitas das alterações
decorrentes do processo de envelhecimento podem deixar de ser identificadas. O
planejamento e a implementação de ações adequadas ao idoso, podem contribuir
para a redução do tempo de internação hospitalar, além de diminuir o número de
reinternações hospitalares.
Com o aumento da população idosa, faz-se necessário que os profissionais da
área de saúde, inclusive as enfermeiras, conheçam as fases do processo de
envelhecimento, normal e patológico, tornando-as aptas a prestar um cuidado
voltado às especificidades e multidimensionalidades dessa população. Tal afirmativa
remete para a importância de estimular cada vez mais a inserção da disciplina de
gerontogeriatria nos currículos dos cursos de graduação em Enfermagem.
A partir dos resultados deste estudo, pode-se afirmar que a utilização desse
instrumento de coleta de dados, de forma segura e comprometida, a enfermeira
obtém subsídios relevantes para o cuidado do idoso, sua família e seus cuidadores.
No contexto hospitalar, observam-se com bastante freqüência, idosos isolados,
tristes, pouco comunicativos sem verbalizar suas queixas, inquietações e medos.
Assim, este histórico representa uma oportunidade para a enfermeira amenizar o
desconforto e criar uma relação e um ambiente de confiança, que possibilite ao
idoso expressar seus sentimentos e as suas queixas, tornando a hospitalização mais
amena.
Para o ensino e para a pesquisa, este trabalho pretende representar mais uma
opção de modelo para ser aplicado, testado e fomentado nas discussões dos
variados cenários de prática e teoria. A expectativa é que este instrumento tão logo
esteja sendo utilizado no HU/FURG, pelas enfermeiras assistenciais, docentes e
acadêmicos de enfermagem, possibilite discussões e conseqüentes melhorias na
estrutura dessa instituição.
A aplicação e a utilização deste instrumento representam, para o grupo de
enfermeiras, assistenciais e docentes do HU/FURG, um avanço na qualidade do
cuidado ao idoso, pois irá trabalhar com aspectos específicos dessa população de
maneira organizada e individualizada, contribuindo para uma velhice mais digna e
saudável.
Espera-se, ainda, que este trabalho possa contribuir para que as chefias dos
Serviços de Enfermagem procurem facilitar a participação das enfermeiras, em
cursos de atualização e pós-graduação que contemplem a instrumentalização para a
SAE. E mais que isso, estimulem a instrumentalização dessas profissionais para o
cuidado ao idoso, tendo em vista a carência de conteúdo sobre o processo de
envelhecimento e alterações decorrentes desse processo nos cursos de graduação.
No documento
FERNANDA LUCAS LOPES
(páginas 82-85)