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3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

No documento Fluxos migratórios (páginas 48-60)

Os fluxos migratórios transoceânicos, de fato, foram engendrados por estímulos de atração e expulsão existentes, de um lado, pela demanda de mão-de- obra nas Américas e, de outro, pelas transformações socioeconômicas que estavam ocorrendo em alguns países europeus, dentre eles, a Itália. Os Estados Unidos, a Argentina e o Brasil foram, preponderantemente, as nações receptoras das massas migratórias que, entre as últimas décadas do século XIX e o início do século XX, foram responsáveis, entre outros, pelo avanço do comércio internacional.

No tocante as intenções do Estado italiano para com a emigração e, paralelamente a crise agrícola da massa camponesa, tornou-se imprescindível exportar os excedentes populacionais. Tal fato, de certa forma, mascarava a visão multifacetada tanto dos governantes quanto daqueles que viam na emigração um negócio promissor. Dito de outro modo, os bancos e, consequentemente, o governo italiano lucravam com a emigração, principalmente no que concerne aos mecanismos de remessas que os emigrados enviavam do exterior. Atrelado a isso, as companhias de navegação, além de monopolizar o transporte marítimo, eram as principais beneficiadas com o negócio da imigração, pois, agregava-se a elas uma rede de intermediários, tais como: os agentes de emigração, as agências de recrutamento, os propagandistas e os bancos. O emigrante, em suma, transformou- se em mercadoria a ser transportada.

No Brasil, ao passo que surge a necessidade emergente de substituir o trabalhador escravo pelo europeu, sobretudo nas fazendas cafeeiras de São Paulo, faz-se necessário, concomitantemente, o branqueamento da população brasileira e a necessidade de colonizar territórios. Em meio a isso, grande parte dos fazendeiros paulistas financiava, de início, a vinda desses imigrantes como forma de dar manutenção as suas propriedades. Mais tarde, o governo imperial brasileiro interviu profundamente na questão da imigração, subsidiando a vinda dos imigrantes, os quais, dentre eles, grande parte era composta por camponeses italianos. Para estes, tal fato significou, tanto a possibilidade de fugir das adversidades enfrentadas em sua terra natal, quanto a de buscar uma nova vida na América e, em especial, no Brasil.

Dessa forma, os fatores condicionantes arquitetados pelo Estado italiano, no que se refere à expatriação de seus conterrâneos, de forma geral, associam-se entre si, tanto no que diz respeito ao emergencial processo de industrialização da nação italiana recém-unificada, quanto na necessidade desta em exportar os excedentes populacionais não condizentes com o progresso e o desenvolvimento.

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ANEXO A – Relação parcial de imigrantes vindos de Gênova para Santa Catarina, vapor italiano SUD AMERICA, de que é capitão Emmanuel Ferro.

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