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Este trabalho teve como objetivo analisar de que modo as ementas dos cursos de Licenciatura em Ciências Biológicas se aproximam ou se afastam do que se espera para o ensino de Física no contexto do ensino de Ciências no Ensino Fundamental II, com base no currículo apresentado pelas instituições selecionadas, tendo como elemento comparativo o currículo da Educação Básica para o Ensino Fundamental II.

Ao realizar esta análise, evidenciou-se que há preocupação com a prática docente, destinando-se parte considerável da carga horária total do curso para estas atividades. Porém, não se explicita, em diversos casos, de que forma aparece o ensino de Física no contexto da prática de ensino de Ciências, além da formação teórica em Física possuir pouco – às vezes quase nenhum – espaço na formação total do docente.

Esses fatores, combinados com os currículos propostos pelas escolas, que se baseiam nas DCE-PR, podem resultar na tão conhecida divisão de conteúdos onde se ensinam tópicos de Biologia entre 6º e 8º ano e Física e Química no 9º ano. Vale ressaltar aqui que as DCE-PR foram elaboradas em 2008, antes do surgimento da BNCC, que propõe que as Ciências da Natureza sejam trabalhadas em todos os anos do Ensino Fundamental.

Sendo assim, para que o professor formado em Ciências Biológicas possa cumprir com êxito com o que pede a BNCC, é necessário que ele busque formação além da inicial, seja com o apoio de livros didáticos, de cursos, especializações, etc., alternativamente ao que se apresenta nas disciplinas dos cursos analisados.

No entanto, considera-se que este trabalho de conclusão de curso possui limitações em função da técnica de investigação utilizada, isto é, a análise documental, que permite compreender diversos aspectos da formação de professores, mas não possibilita entrar em contato com as realidades em que se inserem os cursos de licenciatura.

Para além disso, para que se possa compreender de forma mais próxima ao real como ocorre o ensino de Ciências no Ensino Fundamental II é necessário analisar outros fatores além da formação docente, tais como: os materiais utilizados – como os livros didáticos –, os recursos oferecidos pela instituição, o contexto

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social e econômico, as experiências pessoais vivenciadas por cada professor que também fazem parte de sua formação, dentre outros.

No que diz respeito à organização curricular da Educação Básica e da formação docente, vivemos um momento de transição: com a homologação da BNCC, as escolas estão realizando discussões a respeito de seus currículos, formulando uma nova proposta que deve entrar em vigor a partir de 2021. Segundo o Ministério da Educação, os cursos de licenciatura também devem ser reformulados a fim de atender às diretrizes propostas pela BNCC, dando maior ênfase nas práticas em sala de aula.

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