Essa pesquisa englobou o Processo Formativo de Alunos Surdos: Formação Leitora, Surdez e Atendimento Educacional com o objetivo de investigar como acontece o processo de formação leitora de um aluno surdo, incluído em uma escola pública e matriculado na sala de Atendimento Educacional Especializado, essa pesquisa foi realizada na cidade de Catolé do Rocha – PB.
Além de descrever o processo de inclusão e educação das pessoas com surdez tanto no Brasil, como no mundo, bem como destacar os avanços e as problemáticas encontradas no âmbito escolar. Sendo as práticas de leitura utilizadas na sala de Atendimento Educacional Especializado importantíssimas para a formação leitora, como também, as relações do professor, aluno, família, escola, e da sociedade princípios fundamentais para o desenvolvimento no processo de aprendizagem dos alunos.
Rememorar o processo sociocultural e a “História da Educação dos Surdos” faz com que compreendamos as lutas e as reivindicações para evolução desse grupo que sempre esteve à margem da sociedade, em busca de seus direitos, e percebamos que ainda é preciso que haja mudanças para que de fato os seus direitos sejam assegurados.
Com a proposta de Inclusão o “Atendimento Educacional Especializado” elabora alternativas e oportunidades para o desenvolvimento escolar e social, promovendo o conhecimento dos alunos com deficiência através da acessibilidade de materiais e as estratégias utilizadas para atender as necessidades especificas de cada aluno matriculado nesse ambiente de ensino, através da analise feita (estudo de caso).
No entanto, destacamos algumas dificuldades enfrentadas pela equipe da sala de A.E.E. com relação à acessibilidade ao ensino da LIBRAS, como a falta de recursos didáticos para melhor desempenho dos alunos. Observamos que na escola campo de pesquisa não há propostas e incentivos para os programas de capacitação e formação especializadas, para que essa equipe esteja aprimorando o seu trabalho.
Percebemos também, que há um grande número de alunos matriculados na sala de AEE tanto pela manhã como à tarde, porém, o número de funcionários é restrito para esta demanda. É necessário dispor de mais funcionários, para que os atendimentos sejam realizados no contraturno, visto que, os atendimentos acontecem no mesmo horário em que estão matriculados, fazendo assim com que esses alunos não percam as aulas na sala regular quando forem para sala de AEE.
Abordar as “Práticas de Formação Leitora” e as concepções de leitura traz-nos uma reflexão de como essas evoluem no processo de formação leitora do aluno Surdo na contemporaneidade, e o quanto ainda precisa evoluir para que todos os alunos desenvolvam de modo igualitário. Desse modo, o modelo de ensino adotado no AEE da escola campo de pesquisa está pautado em um modelo de ensino que prima pela decodificação do signo linguístico, a “memorização”. Assim, para que o aluno não apenas decodifique limitadamente os sinais e as palavras da língua portuguesa, essa perspectiva de ensino deve ser adotada num primeiro momento da aprendizagem para o conhecimento da palavra, porém, com o desenvolvimento do aluno faz-se necessário o uso de métodos que possibilitem a ampliação desse conhecimento como: atividades contextualizadas, recursos imagéticos, bem como, a competência para o uso das estratégias de leitura propostas nos PCN’s, possibilitando a progressão linguística do aluno com surdez.
O uso das estratégias de leitura propostas nos PCN’s, é importantíssimo para formação leitora do aluno com surdez. A “Seleção” de textos adequados permite ao aluno trazer para o texto o conhecimento de mundo que ele possui sobre determinado tema, fazendo uma “Antecipação” do que se trata o texto. Já a “Inferência” é uma estratégia que promove a compreensão, devido a introdução de outro gênero textual, que por sua vez, trará uma nova roupagem para o texto, contribuindo de forma proveitosa para a leitura, e no caso do aluno com surdez, os recursos imagéticos para complementação do texto escrito é primordial, bem como o uso da LIBRAS promovendo a inclusão do bilinguismo no contexto de sala de aula e, em decorrência do uso dessas estratégias, o aluno fará a “Verificação” das hipóteses criadas ao longo da leitura que serão confirmadas ou não, ao final da leitura.
Constatamos que a maior dificuldade para a “Formação de Leitores Surdos na Sala de AEE” de acordo com nosso objeto de estudo é a falta de domínio da LIBRAS, como também a falta de compreensão da Língua Portuguesa na modalidade escrita, visto que, mesmo frequentando a escola e avançando para as séries seguintes, o aluno não obteve uma alfabetização capaz de torná-lo um leitor proficiente, que é aquele que é capaz por si só de compreender textos que circulam socialmente, utilizando-se das estratégias de leitura para a plena compreensão (BRASIL, 2001). Porém, com a oportunidade de ter um intérprete, novas expectativas foram criadas, como ser alfabetizado na LIBRAS como primeira língua e na Língua Portuguesa na modalidade escrita como segunda língua, bem como poder dialogar com outras pessoas, além de seus familiares, pois para que haja diálogo é preciso haver compreensão da Língua “falada”.
Portanto, para que o aluno Surdo seja um leitor proficiente são necessárias práticas diárias de leitura, leituras de vários gêneros textuais, leituras compartilhadas, tanto em LIBRAS como na Língua Portuguesa, tendo o intérprete para fazer a tradução dos textos lidos, em aulas construtivistas, nas quais o aluno desenvolve seu conhecimento de maneira prática e teórica, com o objetivo de aprimorar o conhecimento, onde os sujeitos interagem no mesmo espaço com respeito às diferenças.
Deste modo, a análise deste trabalho verificou que só é possível formar leitores Surdos com a LIBRAS, em um processo contínuo e de interação do Surdo com a palavra nas múltiplas formas, porém, nesse processo de formação, se faz necessário o espírito de mudanças para que novos caminhos sejam seguidos no sentido de promover a proficiência nos alunos, tornando-os agentes ativos no processo de ensino/aprendizagem.