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Como foi visto, pode-se afirmar que o Poder Judiciário, de fato, conheceu uma expansão de sua capacidade institucional, nos últimos anos, ao passar a solucionar questões que antes eram muito mais afetas aos poderes Executivo e Legislativo, como é o caso da implementação de políticas voltadas à pauta de reivin- dicações dos direitos fundamentais sociais. Mais do que isso, em 51 COSTA, Eduardo José da Fonseca. Op. cit., p. 53.

certas situações, a jurisdição acabou sendo a única esfera entre os poderes políticos a oferecer uma resposta à altura dos objeti- vos sociais que, diante da crise de negligência de implementação dos direitos prestacionais, não conseguiram obter um tratamento mais condizente pela atividade política.

Nesse sentido, resta evidente o impacto que essas rele- vantes questões sociais exerceram sobre o direito processual, que é, por assim dizer, um dos instrumentos de excelência sobre o qual a atividade jurisdicional é exercida.

Sem abdicar da importância dos tradicionais meios de so- lução de controvérsias pautados pela lógica bipolar do processo, o reconhecimento de um novo modelo de atuação da atividade jurisdicional se faz necessário na busca de soluções mais viáveis voltadas à efetiva prática dos direitos fundamentais.

Desse modo, verifica-se que as decisões estruturais po- dem ser consideradas como um bom vetor de implementação de políticas públicas, em caráter excepcional e diferido no tempo, pelo Poder Judiciário brasileiro. E para que isso seja viável no sistema jurídico nacional, pode-se considerar o Código de Pro- cesso Civil de 2015 como um exemplo de lei que possui total aptidão para conferir o enquadramento normativo exigido que conferirá a legitimidade adequada à atividade jurisdicional es- truturante.

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