• Nenhum resultado encontrado

O estudo realizado incidiu sobre o efeito de quatro modalidades de rega, com regas semanais e quinzenais, e quais os seus efeitos em diferentes parâmetros na casta Touriga Nacional, localizada na sub-região do Douro Superior.

Através dos resultados obtidos no presente estudo foi possível retirar algumas conclusões sobre qual o efeito que diferentes dotações exercem em diversos parâmetros ao nível vegetativo e ao nível dos cachos, permitindo verificar a existência ou não de benefícios no rendimento e qualidade da colheita e, através destes demonstrar qual a dotação de rega que irá demonstrar ser mais vantajosa. Para além disto, este estudo incidiu em dois tipos de irrigações, semanal e quinzenal, de modo a conseguirmos perceber qual o mais benéfico nesta casta e nesta região.

O ensaio de rega quinzenal é um estudo de continuação de outros realizados desde 2015, pelo que poderá existir um efeito cumulativo nas videiras e da água aplicada nos anos anteriores. Já o ensaio semanal, foi pela primeira vez testado este ano, pelo que as videiras ainda se estão a adaptar-se a diferentes condições hídricas. Contudo, os resultados obtidos no presente ano são muito influenciados pelas condições climáticas que se fizeram sentir durante este ano.

O ciclo vegetativo do ano de estudo foi extremamente diferente ao verificado no ano anterior, sendo que se registaram altos índices de precipitação entre os meses de março e junho. Isto levou a que o período de carência hídrica fosse muito mais curto e que fossem realizadas menos regas, comparativamente ao ano anterior.

No que diz respeito às medições efetuadas no início do ciclo fenológico, estas permitiram aferir a homogeneidade do ensaio experimental, como a carga à poda, o número de pâmpanos e o número de inflorescências. Através destes parâmetros foi ainda possível calcular outros como a percentagem de abrolhamento e o Índice de Fertilidade Potencial (IFP). Deste modo registou-se uma homogeneidade satisfatória em toda a parcela, em ambos ensaios de irrigação (semanal e quinzenal). Destaca-se apenas a grande expressão vegetativa caraterística da casta em estudo, bem como algumas diferenças entre blocos no peso da lenha de poda na irrigação quinzenal (I15) e na Taxa de Abrolhamento e no Índice de Fertilidade Potencial na irrigação semanal (I8). É de notar que os valores obtidos no Índice de Fertilidade Potencial (IFP) demonstraram ser inferiores, nas duas irrigações, aos descritos na bibliografia para a mesma casta.

Já no que diz respeito à Área Foliar, não foram verificadas diferenças estatisticamente significativas entre modalidades ou entre blocos em ambas as irrigações. Salientar apenas que em ambas as irrigações, à vindima, a Área Foliar das Principais e das Netas mais elevada foi verificada na modalidade R0 e que a Área Foliar das Principais e das Netas mais baixa foi verificada na modalidade R50.

Em termos de medições da densidade vegetal, na medição do “Point Quadrat” não se registaram diferenças estatisticamente significativas por modalidades em qualquer um dos parâmetros, independentemente da irrigação. É apenas de salientar que o Número de Camadas de Folhas, na I15, na medição a 26 de julho era superior na modalidade R25, e na medição a 19 de setembro era superior na modalidade R75. Já na I8, a 26 de julho o registo superior verificou-se na modalidade R25 e a 19 de setembro o registo superior verificou-se na modalidade R50. No que diz respeito à percentagem de buracos, na primeira medição a R0 apresentava uma maior taxa de buracos em ambas as irrigações, sendo que na I15 essa taxa se manteve da primeira para a última medição e na I8 esse valor aumentou. No que toca aos restantes parâmetros, a Percentagem de Folhas Interiores e a Superfície Foliar Exposta diminuíram da primeira para a segunda medição e a percentagem de cachos exteriores aumentou, tal como esperado.

Em relação às medições ecofisiológicas, no Potencial Hídrico de Base, os dados registados na I15 nos dias 12 e 26 de julho demonstraram valores semelhantes, sendo que a partir da medição efetuada a 9 de agosto já se notaram algumas diferenças entre modalidades, com a modalidade R0 a ter mais stress hídrico do que as restantes modalidades. No entanto, apesar de se notarem algumas diferenças, estas não foram estatisticamente significativas. Já na I8 é também observada esta tendência, sendo que os valores do Potencial Hídrico de Base observados são no geral menos negativos do que na irrigação quinzenal.

No caso do Potencial Hídrico Diário na I15 existem também, em geral, diferenças estatisticamente significativas entre as modalidades, mais concretamente entre R0 e R75 na medição efetuada antes da rega e entre a modalidade não regada e as modalidades regadas na medição das 4H após a rega. Já na I8, apenas foram observadas diferenças estatisticamente significativas entre a modalidade não regada e as modalidades regadas, na medição após a rega. Neste parâmetro, os valores mais elevados foram ainda registados ao início da tarde (às 14h) e os mais baixos, foram medidos durante a madrugada (4h).

Em relação aos componentes de qualidade dos mostos, em ambas as irrigações, não se verificaram diferenças estatisticamente significativas entre modalidades. Observou-se que na I15 o álcool provável foi superior em R25 e inferior em R0; e na I8 foi superior em R50 e inferior em R25. O pH, na I15 foi superior em R75 e inferior em R0; já na I8 foi superior em R50 e inferior em R25. A Acidez Total registou, na I15 valores superiores em R0 e R25 e inferiores em R50; já na I8 registaram-se valores superiores em R25 e R75 e inferiores em R50. Em relação ao Ácido Málico, na I15 foi superior em R75 e inferior em R0; no entanto na I8 foi superior tanto em R25 como em R75 e foi inferior tanto em R0 como em R50. Por sua vez, as Antocianas e os Polifenóis, na I15 apresentam valores superiores em R25 e inferiores em R75; no entanto na I8 os valores são superiores em R0 e inferiores em R25.

Por último, nos componentes de rendimento verificam-se algumas diferenças em termos estatísticos entre os parâmetros, na I15, nomeadamente no peso médio dos cachos em que houve diferenças entre R0 e R75, com R0 a registar o menor valor. No caso do número de cachos por videira, apesar de não terem sido registadas diferenças estatisticamente significativas, obtiveram-se valores superiores nas duas modalidades com dotações de rega mais altas. Já na I8, o número de cachos, o peso dos bagos e o peso médio dos cachos obtiveram valores superiores nas duas modalidades com dotações de rega mais altas (R50 e R75).

Na produção por videira, foram registadas diferenças estatisticamente significativas na I15 entre R25 e R75, onde R25 registou o menor valor. Já na I8, no que diz respeito à produção por videira, nesta irrigação o valor mais alto foi obtido em R50 e o mais baixo em R75.

Desta forma, na I15 em termos de rendimento de vindima as modalidades R50 e R75 são as que se mostram mais favoráveis. Na I8, no geral, também se observa esta tendência. No entanto, no que diz respeito aos componentes de qualidade dos mostos, em ambas as irrigações, existiu uma tendência mais favorável nas modalidades R25 e R50.

Por fim, e em jeito de conclusão, os ensaios em estudo (I15 e I8) não mostraram ser muitos diferentes entre si.

Apesar disto, a continuação deste estudo será interessante, uma vez que será de esperar que existam cada vez mais diferenças entre modalidades e que, dado que foi o primeiro ano que se fez o ensaio semanal será igualmente interessante ver qual a sua evolução e qual será a diferença entre as duas irrigações. Ao longo destes últimos 4 anos de estudo, existiram sempre grandes diferenças climáticas de uns anos para os

outros, pelo que será também importante dar continuidade a este estudo de forma a reforçar os resultados obtidos nestes últimos anos.

Contudo, os resultados deste estudo demonstram algumas evidências de que maiores dotações de rega parecem favorecer positivamente as videiras e, mais concretamente, a produção e as uvas para vinificação.

Documentos relacionados