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O ciberespaço assim como a cibercultura são realidades, e entender a articulação destes com o mundo é de extrema importância para o desenvolvimento da sociedade e do individuo. Por isso, inicialmente enfatizamos que o ciberespaço não é apenas um aglomerado de computadores, memorias e sistemas informatizados, ele é outro lugar, que nasceu e se estende do mundo que conhecemos. E a cibercultura não é a cultura do universo digital, mas é a própria cultura atual. O mundo está vivendo a cibercultura, onde praticamente tudo pode estar articulado de algum modo com a tecnologia digital.

As pessoas da sociedade que vivem essa cultura não se detém ao universo dentre da internet ou mesmo criam personagens para viverem ou lhe representarem no ciberespaço. E por mais que os perfis dessas pessoas no universo digital possam representá-las, ainda sim, não é isso que realmente diz que estas pessoas estão presentes ali, mas o uso que fazem das estruturas do ciberespaço e a forma como se comportam neste espaço. De maneira que articulam sua vida fora da internet com seu cotidiano dentro dela, em alguns casos chegando a dependência dela para a execução de suas atividades. Por esse motivo, enfatizamos que não há um indivíduo fora da internet e outro individuo diferente correspondente a este dentro dela. Aquele indivíduo expresso na forma de um perfil digital, não é outra pessoa, ou uma representação dela, mas uma extensão dela.

Porém, o ciberespaço é um habitat novo, e assim como uma nova espécie precisa se adaptar a um novo habitat, os seres humanos estão se adaptando a essa nova extensão do mundo. Nesse processo de adaptação alguns elementos cotidianos como a afetividade e os hábitos de consumo, que são dificilmente dissociados do indivíduo no contexto atual, foram adaptados ao surgimento desse novo espaço. Trazendo mudanças, novas situações e agregando novas características nas relações afetivas, nas relações de consumo e como estas se articulam, reverberando nos hábitos e nas vidas das pessoas.

Esse reflexo nas relações afetivas e no consumo se manifesta de forma a contribuir para a sociedade com o surgimento de recursos que dinamizam atividades

e com a maior acessibilidade ao conhecimento. Porém, há o surgimento de elementos que podem minar as relações afetivas e contribuir para o fortalecimento do consumismo, inclusive contribuir para uma naturalização deste, que somado a formatação que as relações afetivas seguem principalmente no ambiente digital, levam o indivíduo a uma construção de si, baseada nas tendências e nas preferências do outro.

A cibercultura é inevitável, assim como o uso nocivo das novidades que a acompanham, mas a sociedade pode procurar meios para que a população não sofra ou seja conduzida por elas.

A apropriação de forma nociva, principalmente pelo mercado, de ferramentas que são criadas para o bem da sociedade não é uma novidade, porém a partir da instrução dos indivíduos quanto a essas praticas e até mesmo a familiaridade com esses novos recursos podem prepará-los para que não sejam manipulados, além disso com a democratização do uso e da aprendizagem que esses novos recursos trazem, as pessoas de diferentes classes socioeconômicas podem ter chances iguais, e igual acesso ao conhecimento.

O Ciberespaço e a cibercultura não são fenômenos que prejudicam a sociedade, mas que podem prejudicá-la de acordo com o uso que se faça deles, inclusive podem contribuir para um distanciamento ainda maior entre as classes, porém com a democratização desses espaços e a instrução a toda sociedade do uso desses recursos podem além de prevenir prejuízos a sociedade e ao individuo, podem também contribuir para o desenvolvimento da sociedade, para um esclarecimento maior quanto as praticas de consumo e até contribuir para a manutenção das relações afetivas em níveis que são desconhecidos até então.

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