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No intento de realizar uma análise acerca dos impactos resultantes da ingerência do lucro bruto implícito no estoque sobre a capacidade de pagamento de curto prazo das empresas não financeiras listadas no Novo Mercado da BOVESPA, a presente pesquisa foi desenvolvida com base na adaptação dos tradicionais medidores de liquidez, visualizados sob o caráter estático, à perspectiva dinâmica, sob a égide da prosperidade empresarial, exatamente como prega o modelo alternativo conhecido como adaptado à lucratividade do estoque.

Nesta expectativa, foi realizado, com base em dados contábeis tratos estatisticamente, um estudo referente ao comportamento dos tradicionais indicadores de liquidez, amoldados à lógica dinâmica, empregados ao estudo da capacidade de pagamento de curto prazo das empresas, por meio do qual se constatou que o modelo dinâmico de análise, ajustado à perspectiva da prosperidade empresarial, apresenta valores maiores em relação aos valores obtidos por meio da análise de liquidez tradicional, expressando dados mais próximos a real condição de solvibilidade das empresas.

De igual modo, o comportamento histórico da ingerência do lucro bruto implícito no estoque das empresas não financeiras listadas na BOVESPA foi analisado, com base em dados referentes aos anos de 2007 a 2009, onde através da análise dos indicadores MLEST,

LEST/AC, LEST/PC e LCA observou-se o aumento da capacidade de pagamento das

empresas no curto prazo, e a obtenção de folga financeira face às obrigações correntes. Logo, tem-se que a lucratividade bruta implícita no estoque das empresas analisadas, atuou diretamente sob o aumento dos meios de pagamento das empresas analisadas, ou seja, interferiu positivamente em seus meios empregados na liquidação das obrigações passivas assumidas no curto prazo.

Especificamente sobre a interferência do lucro bruto implícito no estoque sobre a capacidade de pagamento das empresas não financeiras listadas no Novo Mercado da

BOVESPA:

em termos médios, o lucro bruto intrínseco ao estoque colaborou com o aumento dos meios de pagamento em R$0,55, para cada R$1,00 de custo do produto vendido, representando uma incorporação aos recursos circulantes voltados à liquidação dos passivos circulantes de R$0,13 para cada R$1,00 de ativo

circulante, culminando em um incremento da capacidade de pagamento de curto prazo da ordem de R$0,25 para cada R$1,00 de passivo circulante;

ou seja, o lucro bruto implícito no estoque colaborou com a capacidade de pagamento das empresas em um patamar médio de 25% do passivo circulante, aproximadamente;

em 90% dos casos o lucro bruto implícito no estoque conseguiu aumentar o poder de liquidação do passivo circulante das empresas, partindo de um incremento de 2,3% até 67,7%;

para o futuro, 90% de todos os resultados esperados confirmam a interferência positiva do lucro bruto implícito no estoque, com contribuições ao potencial de pagamento das dívidas circulantes podendo variar de 1% até 66%;

segundo uma perspectiva pessimista, sustentada em uma interferência positiva equivalente à um incremento do poder de liquidação dos compromissos correntes de 12,33%, as empresas podem aguardar colaborações maiores com quase 70% de probabilidade favorável;

segundo uma perspectiva otimista, sustentada em uma interferência positiva equivalente à um incremento do poder de liquidação dos compromissos correntes de 36,42%, as empresas devem esperar por colaborações menores com 80,86% de probabilidade de ocorrência;

segundo uma perspectiva moderada, sustentada em uma interferência positiva equivalente à um incremento do poder de liquidação dos compromissos correntes de 17,20%, as empresas podem esperar por contribuições maiores com 55,12% de probabilidade de ocorrência.

Atendendo a resolução do problema de pesquisa proposto inicialmente, o presente estudo comprovou uma significativa interferência da lucratividade implícita nos estoques na capacidade de pagamento de curto prazo das empresas não financeiras elencadas no segmento do Novo Mercado da BOVESPA.

Neste sentido, evidencia-se a importância deste estudo, voltado à mensuração da real capacidade de superação de dívidas de curto prazo das empresas a partir do lucro bruto implícito no estoque, visto que as análises e resultados aqui apresentados remetem a uma demonstração precisa da condição de adimplência das empresas.

A comprovação da interferência positiva do lucro bruto implícito no estoque sobre a capacidade de pagamento de curo prazo das empresas ratifica a utilidade do modelo de análise

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de liquidez adaptado à lucratividade do estoque, devendo ser implementado, principalmente, por gestores com ênfase na administração do capital de giro das empresas, uma vez que a perspectiva adotada é mais real no tocante aos saldos a serem assumidos pelas disponibilidades ao longo do tempo.

Sugere-se, portanto, para fins de trabalhos futuros, a consecução de estudos que busquem analisar a interferência do lucro bruto implícito no estoque sobre a capacidade de pagamento de curto prazo de empresas listadas em outros segmentos da BOVESPA, em virtude da necessidade de se tornar ainda mais evidente o conjunto das vantagens gerenciais resultantes da utilização do modelo de análise de liquidez conhecido como adaptado à lucratividade do estoque.

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