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Ao chegar a esta etapa do meu percurso de aprendizagem e efetuando uma retrospetiva de todas as fases que tive de ultrapassar, sinto que cada etapa constituiu um desafio, uma oportunidade para alcançar os objetivos a que me propus. A motivação, o empenho e a capacidade de iniciativa, foram características presentes durante todo o meu percurso, contribuindo para o desenvolvimento do meu processo de aprendizagem.

Encontro-me ciente que com a elaboração do presente relatório de estágio, descrevi todo o caminho percorrido e enfatizei as aprendizagens e atividades realizadas ao longo dos ensinos clínicos, tanto a nível comunitário (UCC) tanto a nível hospitalar (UCI Neurocirúrgica), assim como as aprendizagens e competências desenvolvidas. Ao longo deste momento de aprendizagem, penso ter alcançado os objetivos definidos. Considero que ser enfermeira especialista exige muito mais do que o desempenhar de uma técnica na perfeição, exige competência científica, técnica e capacidade humana de cuidar de forma autêntica, consciente da sua função e das suas emoções.

O enfermeiro especialista em reabilitação deve pautar a sua atuação, tendo por base projetos em saúde e planos de cuidados de saúde em função do indivíduo e/ou da família. Cabe-lhe não apenas uma intervenção técnica e profissional, mas uma intervenção de cidadania, ao nível do pensamento crítico construtivo e de desenvolvimento de competências. Tratando-se o EEER de um profissional altamente qualificado que concebe, implementa e monitoriza cuidados especializados, é de ressalvar a sua atuação a diversos níveis.

No decurso dos diversos ensinos clínicos pude constatar a verdadeira importância e o impacto que o enfermeiro de reabilitação representa na vida da pessoa e da sua família, não só na restauração da sua autonomia, para o desenvolvimento das suas atividades de vida diárias, mas simultaneamente na promoção da saúde e na sua preparação para o regresso a casa. De uma forma errónea, ainda muitas pessoas consideram que o processo reabilitativo só se deva iniciar na terceira fase de assistência à saúde, ou seja na prevenção terciária. O que sugere que este processo, só deva ter início após o término de um tratamento

específico de uma determinada patologia. Este entendimento poderá fazer com que medidas de reabilitação precoces sejam proteladas e as incapacidades se instalem. É imperativo que a enfermagem de reabilitação seja incorporada precocemente na prevenção primária e secundária, assumindo cada vez mais um papel fundamental e determinante na recuperação da autonomia do utente, contribuindo para a sua mais precoce reintegração sociofamiliar e profissional. Pude tomar consciência dessa mesma necessidade, no decurso do ensino clínico em cuidados intensivos neurocirúrgicos, uma vez que dado o processo transicional saúde/doença da pessoa, que comporta uma alteração multissistémica, requerendo, maioritariamente, a necessidade de conexão a prótese ventilatória, propiciando a imobilidade prolongada e as consequências advindas da mesma, foi crucial a intervenção do EEER. Com a consequente implementação de um programa de enfermagem de reabilitação precoce, foi possível potenciar o desmame ventilatório de alguns doentes ao longo do ensino clínico, evitando a re intubação, bem como minimizar as complicações pulmonares e musculares adjacentes.

Relativamente à instrução ao doente e família/cuidador, considero ser um espaço de atuação privilegiado para os enfermeiros. Por um lado, promove-se a capacitação das famílias para o cuidar, por outro proporciona-se uma maior autonomia técnica e científica, contribuindo assim, para a afirmação social e profissional da enfermagem. No âmbito do contexto comunitário, a família/cuidador, desempenha um papel preponderante na prestação de cuidados de saúde no domicílio. No entanto, pude verificar que também estes necessitam de apoio, não só em termos instrutivos, como de apoios sociais, económicos e por vezes inclusive psicológicos, de modo a serem ajudados a gerir a ansiedade e o stress provocado pela inversão de papéis. Neste sentido, torna-se importante avaliar convenientemente as necessidades e limitações do utente e dos seus familiares/cuidadores e, em função dos recursos existentes, atuar, tendo por objetivos a promoção da saúde, a manutenção da autonomia e a reinserção social.

Resumidamente, julgo ter sido evidente o amadurecimento profissional fruto do conhecimento partilhado e apreendido durante o curso de pós especialização em enfermagem de reabilitação. Para tal realço o contributo dos diversos ensinos clínicos que permitiram o conhecimento de novas realidades, de novos domínios e

de novas pessoas, e que me permitiram aprofundar conhecimentos na área de enfermagem de reabilitação recorrendo a pesquisa literária de forma continuada. Saliento o contributo por parte dos enfermeiros orientadores, que em muito cooperaram através da partilha de saberes, experiências pessoais e profissionais consolidada dia a dia. Realço o bem como dos que em muito contribuíram, pois o saber profissional de enfermagem resulta de um processo de construção, assente numa prática implicada e refletida, que se centra nas pessoas e nas suas necessidades de cuidados.

Em suma, do percurso realizado, tenho consciência que superei as dificuldades sentidas bem como os obstáculos, recolhendo destes a experiência, as aprendizagens e as competências na área de Enfermagem de Reabilitação. Relativamente às dificuldades sentidas, estas relacionaram-se com o fator tempo e na conciliação do horário de ensino clínico com o meu horário profissional.

Como perspetivas futuras, é de meu interesse continuar a adquirir saberes e conhecimentos baseados na mais recente evidência, na procura da excelência de cuidados na área de Enfermagem de Reabilitação, com o intuito de contribuir para a visibilidade da profissão e da área de especialização, fazendo a diferença na vida daqueles que cuido.