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IV – IMPRESSÕES DO ENTREVISTADOR Criança:

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nesta seção retomam-se os principais achados da pesquisa, apontam-se algumas limitações do estudo e identificam-se possíveis desdobramentos e aprofundamentos para investigações futuras com relação à problemática em foco.

O conceito de cuidado integral é o eixo orientador deste estudo e está sempre relacionado à proposta de humanização da assistência. A boa prática do cuidado em saúde envolve o uso dos conhecimentos sobre a doença associados à visão abrangente das necessidades de saúde da população que nos procura. Este contexto aponta para um tipo de atendimento no qual a interdisciplinaridade contribui para que diferentes saberes estejam disponíveis para o atendimento da criança e sua família na EP.

Neste movimento de reflexão, a análise do perfil dos atendimentos realizados na EP do HUAP, primeiramente, evidenciou que boa parte da demanda atendida neste setor poderia ser acolhida pela unidade básica de saúde, o que causa grande preocupação, pois, aponta para uma descaracterização da rede. Neste contexto, entende-se ser urgente a instalação de medidas que visem ao fortalecimento das unidades básicas de saúde, com a implantação de políticas capazes de garantir maior resolutividade das ações, gerando mais confiança na população e proporcionando assistência integral às crianças e suas famílias que procuram nas unidades de saúde a porta de entrada para o sistema, respeitando, assim, a hierarquização e complexidade dos diferentes serviços.

A análise do perfil dos atendimentos realizados na EP do HUAP contribuiu, também, como instrumento de investigação que possibilitou adequar recursos e serviços para resolução das necessidades de saúde da clientela ali atendida.

Inicialmente, por meio da melhoria da ambiência hospitalar, aqui atribuída ao espaço físico como espaço social, profissional e de relações interpessoais que devem contribuir para uma atenção acolhedora, humana e resoluta, foram realizadas algumas intervenções, tais como: pintura da unidade com cores mais claras e joviais, decoração com motivos infantis, definição do número de berços e camas, aquisição de brinquedos e livros infantis.

Somando-se a isso, foi proposto um instrumento de coleta de dados a que chamamos de “Ficha de Atendimento de Enfermagem na Emergência Pediátrica”

que contribuirá para aquisição de dados objetivos e subjetivos, servindo de guia na elaboração de estratégias que permitirão a qualificação e o planejamento das ações de enfermagem e, por consequência, a integralidade do cuidado prestado nesta unidade. Este instrumento foi aplicado em dez pacientes, sendo possível verificar a viabilidade de sua implantação na EP. Entretanto, sua validação será realizada a partir do uso sistemático no atendimento de enfermagem.

A trajetória percorrida neste estudo permitiu identificar os principais processos de trabalho, bem como descrever os fluxos de um serviço de EP e analisar uma série de atividades que implicam em novos processos em outras áreas da organização, como: recepção, enfermagem, equipe médica, laboratórios, serviço social, farmácia, nutrição, psicologia, higienização e área administrativa em geral, evidenciando, desta forma, as integrações para o bom atendimento à criança e sua família.

Esse processo possibilitou visualizar que a construção de uma linha do cuidado para a prestação de assistência, no âmbito hospitalar, auxilia na organização interna dos fluxos e processos de trabalho de um serviço de emergência e urgência, facilitando o dimensionamento de profissionais, a distribuição de materiais e medicamentos e outros aspectos relacionados à estrutura do serviço.

A linha de cuidado pode, também, contribuir para o atendimento seguro e de qualidade, fornecer dados para a elaboração de estratégias que permitam a qualificação e o planejamento das ações em saúde no setor de EP baseado na interdisciplinaridade. Esses dados podem subsidiar os enfermeiros, profissionais de saúde e gestores a refletirem sobre suas práticas e a investirem no desenvolvimento de estratégias para potencializar a qualidade do cuidado oferecido e as condições de trabalho da equipe de saúde.

Para que tal propósito se concretize na sua totalidade, ressalta-se a necessidade de mudanças institucionais que dependem de investimento tanto por parte dos profissionais quanto dos gestores. É claro que atitudes isoladas de alguns profissionais não são suficientes para dar conta de um problema dessa magnitude, porém, se a essas atitudes são somadas condições de trabalho adequadas, torna-se possível a mudança institucional.

Neste movimento de reflexão, o foco dos gestores deveria ser facilitar o trabalho dos profissionais de saúde mediante implementação de políticas que, de acordo com a demanda e expectativa dos que lidam com a EP cotidianamente, pudessem reestruturar o trabalho de modo a contemplar as propostas de humanização da atenção.

Tais mudanças passam por questões organizacionais básicas como, por exemplo, a reforma do espaço físico, adequação e capacitação de recursos humanos para o atendimento. Uma mudança na cultura institucional requer interesse e disponibilidade dos profissionais, bem como respaldo e incentivo dos gestores, de tal forma que o profissional se sinta engajado, apoiado e, acima de tudo, comprometido.

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APÊNDICES

Apêndice B. Roteiro de observação