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Embora atualmente haja uma diversidade de canais de televisão no sistema privado, bem como novas tecnologias de comunicação, o acesso à informação e à cultura para a maioria da população brasileira continua se dando principalmente através dos meios de comunicação de massa, ou seja, da TV aberta e o rádio. De tal modo, os meios de comunicação têm papel importante na configuração das democracias, cujo desenvolvimento na contemporaneidade está relacionado ao nível de pluralidade, independência e liberdade dos sistemas midiáticos. Pensadores do nosso tempo e até mesmo órgãos internacionais, como a Organização das Nações Unidas (ONU) e a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), reconhecem a relevância do uso das novas tecnologias para a construção da cidadania e para o acesso à informação na atualidade, uma vez que até mesmo o acesso ao conhecimento passa a ser midiatizado.

De acordo com Fantin (2005), se as pessoas estão sendo educadas por imagens e sons, por programas de televisão, cinema, pelos meios eletrônicos e tantos outros configurando os meios audiovisuais como um dos protagonistas do processo culturais e educativos, a escola precisa pensar tais potencialidades. Afinal, as mídias não só asseguram formas de socialização, mas também intervêm na construção de significados de nossa inteligibilidade e experiência de mundo. De fato, a cultura do consumo e as apropriações dos meios de comunicação provocam mudanças nas relações estabelecidas entre adultos, jovens e crianças na contemporaneidade, bem como na produção de subjetividades resultante das maneiras como a mídia organiza o cotidiano.

As sociedades contemporâneas se organizam cada vez mais a partir das mídias e de suas mediações, as quais intervêm nas relações entre os sujeitos e a cultura e nas interações coletivas. A leitura de mundo representada pelos meios de comunicação influencia os modos como os jovens constroem suas percepções da realidade. A escola e a família já não são mais as únicas instituições que desempenham o papel de educar. As mídias tradicionais e, especialmente, a televisão não só informavam e ofereciam entretenimento no século XX, mas também formavam valores e visões de mundo.

Hoje, com o incremento do processo de midiatização da sociedade resultante do desenvolvimento e os usos das mídias digitais, torna-se necessário refletir sobre os modos que os meios de comunicação podem ser utilizados para a ampliação de

conhecimentos sobre a vida cotidiana de maneira crítica e criativa, de modo que os meios de comunicação não sirvam apenas para estimular o consumo e direcionar pensamentos. Assim, os estudos de mídia e educação sugerem que é possível e fundamental abrir espaços nos processos de aprendizagem para a formação de receptores críticos, conscientes e capazes de estabelecer uma relação dialógica com os processos de comunicação midiáticos.

Contudo, um pequeno grupo de proprietários controla as emissoras privadas de televisão aberta, o que não contribui para a democratização da televisão brasileira e gera uma padronização de produção televisiva que impede a divulgação da diversidade e riqueza culturais de um país continental como o Brasil e impede a formação de telespectadores que entendam a televisão e o jornalismo como formas de conhecimento. Nesse cenário, as emissoras educativas possuem uma atuação relevante e até mesmo essencial. Assim, o Canal Futura surge em 1997 como um projeto social de comunicação de caráter público que resulta da parceria entre organizações de iniciativa privada que procura contribuir para a formação educacional da população e para a construção de conhecimentos sobre a realidade social da criança, do jovem, do trabalhador e de sua família.

Entretanto, a partir deste estudo do programa Conexão Futura, pudemos observar que mesmo tendo como objetivo principal a mobilização de pessoas e divulgação de temáticas de interesse público, o programa acaba não atingindo de forma concreta esse público, ou seja, não atende aos seus interesses ou aspirações. Podemos concluir, portanto, que o programa telejornalístico do Canal Futura dedicado à educação não investe na renovação da linguagem e na interação com o telespectador, embora a televisão de caráter público e educativo e o jornalismo seja uma forma de conhecimento e possa colaborar para ampliar a percepção da experiência do cotidiano de todas as faixas etárias, por meio de usos críticos e criativos de conteúdos e formatos em áudio e vídeo.

Este estudo revela que os profissionais da comunicação precisam e produzir informação em acordo com o interesse de suas audiências, com linguagem e temática apropriadas, e fazer com que o público também tenha voz na produção do programa e interaja com o diálogo proposto, não sendo colocado apenas na posição de um receptor passivo. Este trabalho ainda pretende contribuir para estudos interessados nos modos

como relações entre mídia e educação se manifestam em canais educativos, especialmente nas práticas jornalísticas do Canal Futura.

Esta monografia demonstrou que os programas jornalísticos do Canal Futura ainda são pouco explorados na grade da programação da emissora. O grande desafio do Conexão Futura é explorar melhor a linguagem televisiva e investir na produção de programas com conteúdos de maior qualidade e mais interativos capazes de atrair os telespectadores. As reflexões sistematizadas nesta monografia me permitiram não apenas pensar as relações entre televisão, jornalismo e educação, mas refletir sobre a minha experiência de estágio no Canal Futura. Foi possível observar que o campo é mais complexo do que eu imaginava anteriormente e, por meio deste trabalho, conclui que investir na renovação da linguagem televisiva e em um jornalismo participativo de qualidade são essenciais para a existência de qualquer canal televisivo, mas, principalmente, para a existência de um canal televisivo educativo como o Canal Futura que busca atingir pessoas das mais diferentes origens sociais.

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