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De acordo com os objetivos sugeridos pelo trabalho, observamos que os diretores de instituições escolares sobre os quais recaiu o presente estudo encaram o desafio de brindar com uma liderança de qualidade, com eficácia e eficiência para todos. A liderança de qualidade assenta, neste estudo, no desenvolvimento de competências emocionais, como pressuposto para uma cultura organizacional educativa participativa e democrática.

Como profissionais de educação, poderemos, então, afirmar que a autonomia, a participação e a liderança são três pilares imprescindíveis ao desenvolvimento e asseveração das escolas. A liderança, como elemento estratégico, a participação e autonomia das escolas são hoje a tríade do progresso escorado onde se integra a organização escolar.

A educação e a organização educativa só podem melhorar se tiverem uma liderança forte e proactiva, que perscrute o futuro, defina missão, visão e valores, fomente uma liderança partilhada, valorizando os intervenientes enquanto pessoas, pois só assim se consegue legitimar a escola na sociedade como prestadora de serviços de qualidade e potenciadora de desenvolvimento local e nacional. Na verdade, a escola é uma instituição que promove o desenvolvimento de competências essenciais a uma vivência participativa necessária à construção e consolidação de uma cultura de participação fundamental para uma sociedade democrática, solidária e com capacidade de adaptação.

Uma liderança para ser forte tem de pôr muitas cabeças a pensar e a participar. A autonomia só se conquista com lideranças e equipas fortes. As alterações organizacionais do sistema educativo que vêm sendo e continuam a ser implementadas visam descentralizar e aumentar a participação e autonomia num contexto de uma administração educativa. Neste âmbito, e no seio da administração educacional, nomeadamente em relação ao líder, enquanto diretor escolar, podemos extrair linhas de síntese. Contrariamente ao que se defendeu ao longo da história da Filosofia, afirmando a razão como fonte potenciadora e explicativa do indivíduo, sobressai neste estudo, a razão como um instrumento que permite pensar e usar de modo mais eficiente as emoções. A inteligência emocional pode ser a pedra basilar para eficazes performances organizacionais. Considera-se muito importante que o líder seja detentor de um conjunto diversificado de competências emocionais aplicadas em dissemelhantes

configurações de acordo com os contextos situacionais. Por outro, embora os líderes usufruam de uma componente genética da IE, também podem, através de programas de formação, de metodologias de BSC, obter certas competências emocionais, como por exemplo, ser mais hábeis na comunicação interpessoal, através da competência da empatia, crucial na relação com os outros.

Os resultados da pesquisa, de acordo com os grupos da investigação, e as suas interpretações diferentes, revelam um diretor escolar, com um perfil de competências emocionais individuais e relacionais com algumas nuances, já discutidas anteriormente, nomeadamente ao nível da autoconsciência, da autogestão, da gestão das relações e da consciência social. Assim sendo, os resultados interpretados transportam-nos para a emergência de uma nova atitude para o diretor escolar, no campo da educabilidade emocional com o propósito de promover uma liderança participativa e democrática com sucesso. Nesta sequência, a atenção está centrada na figura do diretor e no seu desenvolvimento emocional e relacional, invocando um capital humano imprescindível para guiar a proposta enunciada, cumprindo-se, assim, com a missão de serviço público da administração educacional.

Conscientes das limitações do estudo, este apresentam uma aplicabilidade interna, uma vez que as informações retiradas, conduzem – nos a uma reflexão sólida e alicerçada das práticas de liderança emocional, reestruturando-as e aprimorando-as continuadamente. Esta tentadora reflexão aponta para o desenvolvimento de uma educabilidade emocional ao nível da liderança, simplificadora na aquisição de competências emocionais imprescindíveis ao bom funcionamento da organização escolar, por um lado e, por outro, ao desenvolvimento de uma boa performance do diretor, enquanto líder. Um dos sustentos básicos do desenvolvimento das competências é a repartição de conhecimento entre a escola e os seus pares e os centros de formação. A escola com todos os seus atores perceciona melhor todo o seu ambiente organizativo, corrigindo os aspetos desfavoráveis das práticas de liderança. Ora, a escola com o seu diretor cumprirá melhor a sua missão, que é a formação de todos, enquanto pessoas e profissionais a fim de serem socialmente bem aceites, numa sociedade que está em constante mudança.

Uma das limitações do estudo prende-se com o alcance dos objetivos definidos, os quais também poderiam abranger uma análise qualitativa no universo da amostra.

A gestão/liderança emocional é uma temática delicada para trabalhar empiricamente, uma vez que os instrumentos reconhecidos carecem de comprovação científica porque a abordagem quantitativa exige alguns requisitos como a utilização de instrumentos padronizados, que não se encontram disponíveis ou aferidos para a população portuguesa.

A temática em estudo, liderança emocional em contexto educativo, está pouco explorada na administração educacional portuguesa. Existem muitos estudos no Brasil, nos Estados Unidos da América e na Inglaterra. A escassez de estudos no nosso país levanta algumas dificuldades uma vez que outros países têm como enquadramentos legislativos e até culturais diferentes no que concerne às lideranças de instituições educativas.

Dada a relevância do estudo na administração educacional, no nosso entender, gostaríamos que ele tivesse uma continuidade, nomeadamente, fosse alargado a outras escolas do distrito em estudo e a outras escolas de outras regiões com o intuito de desenvolver um estudo mais longitudinal, com mais tempo de investigação, e mais aprofundado.

Sugere-se que, em termos metodológicos, haja uma triangulação da metodologia qualitativa e quantitativa.

A investigação-ação e o consequente confronto dos agentes educativos podem levantar algumas questões éticas.

Uma outra sugestão é ver se existem diferenças entre a avaliação que os docentes fazem das competências emocionais dos diretores em função: do tempo de serviço e do exercício (ou não) de cargos de liderança intermédia.

Também deixamos para futuras investigações, alargar o estudo das competências emocionais aos coordenadores de departamento e diretores de turma.