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CONSIDERAÇÕES FINAIS

No documento 2016MatheusDavilaDenardin (páginas 106-109)

O conceito de segurança energética resume-se à disponibilidade ininterrupta de energia a preços acessíveis, respeitando os aspectos ambientais sem, comprometer as próximas gerações. Contudo, a segurança energética para ser acertadamente compreendida requer visão multidisciplinar ou mesmo transdisciplinar, considerando diferentes contextos e atores, o que permite evidenciar a amplitude dessa temática, bem como a diversidade de problemas e soluções que exigem respostas da iniciativa privada, da sociedade, dos governos nacionais e das organizações internacionais.

As vantagens da geração descentralizada de energia, no contexto da segurança energética nacional, emergem da descentralização da produção e da diversidade de fontes geradoras. Essas propriedades se constituem em expressivas estratégias para o fortalecimento da segurança energética do País, tanto para prevenir instabilidades climáticas e/ou catástrofes naturais quanto para minimizar a importação de energia e acautelar ameaças externas. Em adição a essas particularidades, a geração descentralizada de energia se destaca pela flexibilidade que apresenta para disseminar-se no País ou em regiões específicas do País, sem grandes dispêndios financeiros governamentais diretos e, após sua difusão e disseminação, a produção de energia tenderá a se elevar com o aumento populacional, estabelecendo relação direta entre demanda e oferta de energia. Essa perspectiva é mais um fator de relevância para a segurança energética nacional, pois, além de imprimir certa autonomia no processo de estabilização da matriz energética, cria independência energética, fortalece a diplomacia nacional, concede maior poder de negociação e protege a economia de crises energéticas externas.

Assim, ao cumprir o objetivo geral deste estudo, que foi contribuir para o processo evolutivo da segurança da matriz energética brasileira, fazendo uso da matriz energética do Rio Grande do Sul como ferramenta de estudo e mediante a atual concepção do conceito de segurança energética, a análise das matrizes energéticas do Brasil e do Rio Grande do Sul e a analogia estabelecida entre os programas implementados pelos governos da Alemanha, dos EUA e do Japão e aquele em implementação pelo Brasil, para a geração descentralizada de energia fotovoltaica, infere-se que os atuais condicionantes instituídos pela legislação brasileira, ainda não

reúne o rol de diretrizes que redundaram nos casos bem-sucedidos constatados na Alemanha, nos EUA e no Japão e em outros países membros da International Energy

Agency - IEA. Depreende-se do estudo de paridade realizado entre as legislações da

Alemanha, dos EUA e do Japão e a brasileira aplicada às nuances do Rio Grande do Sul, a ausência de seis estratégias essenciais ao programa, com dotação de estratégias para ordenar, incentivar, reger e imprimir funcionalidade, fluidez e eficácia à cadeia produtiva da geração descentralizada de energia fotovoltaica no Brasil, quais sejam:

- Disponibilizar linhas de crédito, à taxa de juro diferenciada, para financiar a instalação de geradores de energia fotovoltaica, aos consumidores de energia elétrica, interessados em aderir ao programa de geração descentralizada de energia fotovoltaica. A atual política pública, concernente à concessão de crédito à taxa de juro diferenciada, está reservada a escolas e hospitais públicos;

- Prover ações direcionadas a dirimir a resistência das empresas concessionárias de geração, transmissão, distribuição e comercialização de energia elétrica a se integrarem ao programa, compelindo-as a facilitar o processo de inserção de novos produtores de energia fotovoltaica na rede de distribuição. Deduz-se da análise da legislação brasileira que esses agentes são beneficiários do Programa de Desenvolvimento da Geração Distribuída de Energia Elétrica - ProGD, como geradores de energia fotovoltaica, pois lhe é facultada a remuneração pela energia gerada.

- Conferir, ao sistema tarifário, permissividade para o consumidor/produtor de energia fotovoltaica comercializar com a empresa concessionária de distribuição de energia, a remuneração direta do saldo positivo da energia injetada na rede de distribuição, em relação à energia consumida, independentemente das dimensões do gerador, através dos Valores Anuais Específicos de Referência - VRES. O sistema tarifário vigente é discriminatório, pois a remuneração direta da energia injetada na rede de distribuição é facultada apenas para grandes geradores autorizados.

- Promover a divulgação do Programa de Desenvolvimento da Geração Distribuída de Energia Elétrica - ProGD, instruindo, esclarecendo, conscientizando, motivando e incentivando os consumidores sobre as vantagens e os benefícios da geração descentralizada de energia elétrica de origem fotovoltaica. A divulgação e a difusão do ProGD tem sido obscura, permanecendo restrita a poucos veículos de midia e em baixa de densidade de edições.

- Erradicação ou redução temporária da carga de tributos incidentes sobre a energia fotovoltaica injetada na rede de distribuição de energia; e

- estabelecimento de menor preço do kWh consumido pelo cliente produtor de energia fotovoltaica descentralizada em relação ao preço do kWh consumido pelo cliente não produtor de energia, objetivando motivar a adesão ao programa e assegurar a continuidade do programa quando cessar outros incentivos.

O sucesso da geração descentralizada de energia fotovoltaica no Rio Grande do Sul tem como resultados, benefícios e impactos esperados:

- o estabelecimento de equivalência entre o crescimento da demanda e a evolução da oferta de energia elétrica;

- a elevação da participação da energia elétrica gerada a partir de fontes renováveis na composição da matriz energética, com destaque para a possibilidade de reduzir a demanda e, em decorrência a importação de derivados de petróleo, demandado pelo setor de transportes, que se constitui no maior consumidor de energia e no maior consumidor de energia não renovável;

- a conversão dos recursos financeiros, dispendidos com a importação de derivados de petróleo, para atender à demanda do setor de transportes, em custo de oportunidade a ser redistribuído aos produtores de energia elétrica, seja de modo direto ou indireto, pelo sistema tarifário adotado na geração descentralizada de energia fotovoltaica; e

No documento 2016MatheusDavilaDenardin (páginas 106-109)