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O mapeamento das áreas inundáveis da cidade de Governador Valadares não apresentou diferenças significativas entre as áreas delimitadas e as marcas de cheia levantadas pela Prefeitura, bem como as informações da régua do SAAE (Tabela 4.1.1 e Figura 4.7.2). Isto se deu, em parte, devido à existência de um grande número de dados levantados pela Prefeitura, que já tinha delimitações das marcas das grandes cheias na área urbana desde 1992, facilitando a calibração e validação do modelo hidráulico.

As pequenas diferenças entre a área efetivamente inundada e os resultados deste trabalho, consideradas não significativas, podem ter várias causas. A primeira delas relaciona-se ao fato de que a metodologia empregada não permite definir áreas inundadas por refluxo de esgotos ou da rede de drenagem pluvial, estas áreas provavelmente foram delimitadas pela Prefeitura nas cheias ocorridas em 1992, 1997, 2002 e 2003. Outro fator decorre da própria ocupação urbana, que é muito dinâmica, assim é importante lembrar que a base planialtimétrica utilizada neste trabalho foi levantada em 2001, representando a topografia da cidade naquela época, quaisquer alterações neste sentido, após esta data, poderão modificar as áreas inundadas. Tais alterações já foram verificadas in loco em visita realizada em novembro de 2003 e são do tipo: construção de dique de proteção no bairro São Tarcísio e construção sobre aterros na UNIVALE. Entretanto, ressalta-se, que as alterações ocorridas até novembro de 2003 não modificaram significativamente as áreas inundáveis mapeadas. Outra possível causa das diferenças é a alteração do leito do rio, após a passagem de grandes cheias e com a extração contínua de areia, modificando a seção de escoamento, conseqüentemente a linha d’água e as áreas inundadas. Sendo assim, recomenda-se à Prefeitura e a Defesa Civil que continuem com o trabalho de avaliação e mapeamento das áreas inundadas após grandes cheias, permitindo que se faça a verificação constante dos resultados apresentados por esse estudo.

Como as possíveis alterações da ocupação urbana mencionadas anteriormente podem modificar as áreas inundadas, é importante que de tempos em tempos se verifique a calibração do modelo hidráulico. Para que isso seja possível, sugere-se à Prefeitura que recupere as seções de réguas, instaladas pela CPRM em 1998, nos bairros Santa Rita, Ponte da Ilha, São Tarcísio e Univale, e realize as leituras durante o período chuvoso.

Esse mapeamento é uma ferramenta importante na administração de situações de enchentes na cidade de Governador Valadares. Agora, além da previsão de qual nível o rio Doce atingirá com antecedência de 12 e 24 horas, informações fornecidas pelos operadores do Sistema de Alerta, a Defesa Civil e Prefeitura conhecerão a área que será inundada. Isso facilitará a definição das medidas que deverão ser aplicadas para minimizar os prejuízos.

A inundação da área urbanizada de Governador Valadares, que se encontra principalmente na margem esquerda do rio Doce, se processa da seguinte maneira:

! Até a cota de 400 cm na estação 56850000-Governador Valadares pertencente à ANA, aproximadamente 250 cm na régua do SAAE, a inundação se dá em pontos isolados conforme levantado pela própria Prefeitura, tabela 4.1.1. A cota de 400 cm corresponde a um período de retorno de 3 anos;

! Em torno da cota 450 cm na estação da ANA, aproximadamente 300 cm na régua do SAAE, há um aumento significativo das áreas inundadas, principalmente nos bairros São Paulo, JK I, JK II e Jardim Alice. A cota de 450 cm corresponde a um período de retorno de 6 anos.

! Por volta da cota 500 cm na estação pertencente à ANA, aproximadamente 350 cm na régua do SAAE, boa parte da Ilha dos Araújos, bairro Santa Rita e parte do bairro São Pedro começam a ser inundados. A cota 500 cm corresponde a um período de retorno de 15 anos.

! Grande parte do bairro São Pedro é inundada em torno da cota 550 cm na estação pertencente à ANA, aproximadamente 400 cm na régua do SAAE. A cota 550 cm corresponde a um período de retorno de 50 anos.

! bairro Universitário começa a ser inundado quando o nível do rio se aproxima da cota 600 cm na estação pertencente à ANA, aproximadamente 450 cm na régua do SAAE. A cota 600 cm corresponde a um período de retorno de 70 anos.

A definição ou modificação do zoneamento territorial das áreas não ocupadas sujeitas a inundação, principalmente na margem direita, pode ser realizada utilizando os resultados desse estudo. Assim, considerando os riscos de ocorrência das inundações recomenda-se que:

! Nas áreas mais freqüentemente inundadas (período de retorno menor do que 10 anos) a ocupação seja por áreas públicas de lazer, do tipo parques, praças, etc.;

! Nas áreas menos freqüentemente inundadas (período de retorno entre 10 e 100 anos) sejam ocupadas por edificações que os prejuízos quanto à inundação não sejam significativos;

! As áreas raramente inundadas (período de retorno maior do que 100 anos) sejam ocupadas por residências e estabelecimentos comerciais de um modo geral. Por exemplo: caso a planície de inundação do rio Doce na cidade de Governador Valadares ainda não tivesse sido ocupada, recomendar-se-ia que a ocupação com residências se desse somente na área não inundada para um período de retorno de 100 anos, ou seja, entre as cotas 600 e 650 cm da estação pertencente à ANA.

Nas áreas já ocupadas podem ser adotadas normas de modo que permitam construções que minimizem as perdas na ocorrência das cheias, como por exemplo, edificações sobre pilotis com utilização menos nobre ao primeiro piso. Além disso, recomenda-se que seja dada uma ampla divulgação deste estudo para a população ribeirinha, mostrando os riscos assumidos na ocupação de áreas tão próximas ao rio.

CPRM - Serviço Geológico do Brasil

Definição da Planície de Inundação da Cidade de Governador Valadares 30

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ANEXO 01

INUNDAÇÃO DA CIDADE DE GOVERNADOR VALADARES

Relatório Técnico Final

Modelos para cálculo do

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