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nº 13.429/2017 e nº 13.467/2017 e o Julgamento do STF IN: Revista Eletrônica do

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Não se nega a realidade fática decorrente da globalização e do processo de aplanamento do mundo. Todavia, no contexto atual em que se apresenta a realidade brasileira, a adoção ampla 63 STF. Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental nº 324. Disponível

em: <http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=4620584>. Acessado em: 11 de fevereiro de 2019.

64 Constituição Federal de 1988. Art. 170. A ordem econômica, fundada na valoriza-

ção do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios:

65 Fora estimado algo em torno de 4 mil ações onde se discute à questão da terceiriza-

ção, anterior a reforma trabalhista. Disponível em: < https://g1.globo.com/politica/no- ticia/2018/08/30/maioria-do-stf-vota-a-favor-de-autorizar-terceirizacao-da-ativida- des-fim.ghtml>. Acessado em: 10 de fevereiro de 2019.

da terceirização acarretará uma maior vulnerabilidade ao traba- lhador, ocasionando menores salários, fragilização do movi- mento sindical, maiores riscos para a saúde do trabalhador, vindo de encontro com os vetores axiológicos dos direitos soci- ais esculpidos pelo constituinte originário de 1988, represen- tando um verdadeiro retrocesso social.

Apesar de não concordamos com a decisão do STF, em sede do julgamento da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental nº 324 e do Recurso Extraordinário nº 958.252, e com as prescrições da Lei nº 13.467/17 (reforma trabalhista) que permitem a terceirização independentemente de o serviço cons- tituir atividade meio ou fim, algumas prescrições normativas de- vem ser postas com clareza.

Terceirização está permitida de forma geral no sistema jurídico brasileiro, não se restringindo mais apenas as hipóteses de trabalho temporário (Lei nº 6.019/74), de serviços vigilância ostensiva e o transporte de valores de estabelecimentos financei- ros (Lei nº 7.102/70), serviços de conservação e limpeza e ser- viços especializados ligados a atividade meio do tomador.

Todavia, isso não prescreve autorização do uso de pessoa jurídica para intermediação de mão de obra. Estando presente pessoalidade e a subordinação, ter-se-á fraude no contrato de ter- ceirização devendo ser reconhecido a relação de trabalho nos termos do arts. 2º, 3º e 9º da CLT.

A terceirização licita precisa ocorrer da seguinte ma- neira: só é possível ser feita com pessoa jurídica de direito pri- vado; que possua capital social compatível com o número de empregados, de sorte a preservar a capacidade econômica da empresa; devendo ser celebrado, necessariamente, por meio de contrato escrito). Perceba que não podendo figurar como contra- tada a pessoa jurídica cujos titulares ou sócios tenham, nos últi- mos 18 meses, prestado serviços à contratante na qualidade de empregado ou trabalhador sem vínculo empregatício, exceto se os referidos titulares ou sócios forem aposentados. O empregado

que for demitido também não poderá prestar serviços para esta mesma empresa na qualidade de empregado de empresa presta- dora de serviços antes do decurso de prazo de dezoito meses, contados a partir da demissão do empregado; e é vedada à con- tratante a utilização dos trabalhadores em atividades distintas da- quelas que foram objeto do contrato com a empresa prestadora de serviços.

A inobservância de qualquer dos requisitos legais pres- crito pelas Leis nº 13.429/17 e nº 13.467/17 que modificaram a Lei nº 6.019/74 tornam a terceirização ilícita, o que resulta no reconhecimento da relação de trabalho entre o empregado ter- ceirizado e a empresa tomadora.

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