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A evolução sofrida pelo Constitucionalismo devido às evoluções liberais foram essenciais para a obtenção de conquistas, como, por exemplo, a proteção de direitos fundamentais que hoje presenciamos em nosso sistema jurídico. Tais constituições exerceram o papel de limitar a atuação do Estado na vida das pessoas. Essas obrigações negativas, criadas inicialmente com o intuito de proteger a propriedade dos cidadãos contra as arbitrariedades do Estado, posteriormente evoluíram para prestações positivas, características de constituições sociais que surgiram no século XX.

No Brasil, a história constitucional foi bastante conturbada na medida em que presenciamos a elaboração de vários textos constitucionais que, no entanto, foram incapazes de resolver os problemas sociais vivenciados pelos brasileiros. Importante mencionar que essas constituições, em grande medida, sofreram máculas advindas de manipulação de alguns grupos como oligarquias, na constituição de 1891, e militares apoiados por setores conservadores, na Constituição de 1967.

A ditadura militar ocorrida no Brasil foi protagonista de uma série de restrições à liberdade de expressão impostas à população por cerca de 20 anos. Essas restrições, em conjunto com outros fatores, foram responsáveis por forte manifestação popular quando da abertura do regime autoritário. Tal manifestação fez-se sentir na Constituição de 1988, considerada a constituição mais democrática que o país já possuiu. O texto da atual constituição brasileira, apesar de ainda ter sofrido certa influência autoritária em seu processo constituinte, abriga dispositivos que a situam em posição de destaque na proteção de direitos e garantias individuais.

O reconhecimento da multiplicidade de culturas pelo texto constitucional atribui ao Brasil a posição de país multiculturalista, a qual é tida por alguns pesquisadores como fase inicial do Novo Constitucionalismo Latino-Americano. É possível citar também a utilização da política voltada para a maior valorização da pessoa humana, e o caráter normativo adotado pelo texto constitucional.

A constituinte de 1988 tornou possível a participação popular na elaboração do texto constitucional pelos motivos acima descritos, embora tenha havido algumas manobras para a obtenção de benefícios individuais. Essa participação popular levou em conta, por exemplo, o reconhecimento de direitos indígenas no país como o reconhecimento de seus costumes, línguas e crenças. A etnia indígena também obteve, dentre outros direitos, o direito sobre as terras ondem vivem seus integrantes, sendo essas

protegidas pela União. Dessa forma, pode-se afirmar que a Constituição de 1988 acabou assumindo uma postura multicultural, pondo-se um passo à frente na proteção dos direitos humanos e da democracia e de certa forma, aproximando-se do Novo Constitucionalismo Latino-Americano.

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