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OBJETIVOS ESPECÍFICOS

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A SAE como sistematização deve ser vista como um “instrumento de poder” ao propiciar mudanças fundamentais na práxis em relação à qualificação e valorização da assistência prestada, caminho aberto em busca do crescimento e da autonomia da enfermagem no sistema de saúde. Sob esse aspecto, aponta-se a importância em trabalhar com um modelo baseado em metodologia científica, fundamentado em teorias relacionadas às necessidades da clientela, articuladas ao conteúdo programático, conduzindo não somente a uma autonomia profissional, como também a organização do cotidiano da equipe, pois permite a utilização de ferramentas apropriadas que facilitam os registros e controles. Servindo, também, para as instituições que necessitem quantificar a assistência, controlar custos, facilitar auditorias, além de ser uma estratégia para promover o alcance de metas de qualidade.

A apropriação desse novo modelo proporciona maior autonomia, como referido e gera autorrealização na medida em que permite ao enfermeiro desenvolver seu potencial intelectual, expressando o momento em que ele se permite ampliar a atuação no mecanismo para realização de avaliar o paciente, tomar decisões sobre a assistência a ser prestada e estabelecer parâmetros de resultados de qualidade, além de articular sua visão com a equipe de enfermagem e executar a interdisciplinaridade.

Atualmente, o desenho do sistema de saúde tem um modelo apoiado na multidisciplinaridade, assim sendo, diversificado e complexo. Um dos aspectos positivos é a quebra da hegemonia de categorias profissionais, que amplia a gama de profissionais, democratiza a atuação dentro do sistema, e enriquece a assistência ao usuário, que necessita de uma visão ampliada por meio de diferentes profissionais, e gera um atendimento integral ao doente, com a melhor qualidade técnica frente aos recursos que o sistema público de atendimento proporciona.

Sob essa óptica, pode-se observar que no recorte em relação à adoção da SAE pelos enfermeiros que atuam nas unidades de referência para hanseníase do município de São Paulo, apesar de todos a conhecerem, por motivos justificáveis, não a aplicam em todos os seus pacientes.

Percebe-se que alguns profissionais apresentam uma posição passiva diante da busca e da pesquisa, pela não visibilidade de sua aplicação, ou simplesmente por uma postura dogmática.

Pode-se encontrar, entretanto, opiniões que auxiliem na busca do saber, como fórmula de estímulo ao crescimento e reconhecimento profissional, o que leva a um rompimento com postura de simplesmente aceitar e não questionar, e nem propor novos caminhos diante de uma questão relevante e complexa, como a assistência de enfermagem voltada às pessoas atingidas pela hanseníase.

Não restam dúvidas que existe um hiato entre o exigido e o executado, entre o proposto e o absorvido, e em última análise, entre a teoria e a prática.

Ao término deste trabalho, não poderíamos deixar de sugerir, devido à importância, a criação de espaços para as discussões, pois entendemos que só mediante a troca de saberes e experiências, conseguiremos construir um modelo assistencial dirigido às pessoas atingidas pela hanseníase, em suas necessidades, porém sem deixar de levar em consideração, as questões socioculturais, econômicas, espirituais e políticas que se apresentam no exato momento da evolução humana.

Acreditamos que de alguma forma, os resultados apresentados por este estudo, venham a contribuir, como uma ‘fotografia’ de como os enfermeiros, que atuam junto às pessoas atingidas pela hanseníase no município de São Paulo, estão adotando o modelo e o valor que atribuem ao mesmo.

Cabe ainda, propor a criação de um fórum de discussão técnica com a participação do PMCH de São Paulo, representantes das academias, representantes do conselho de classe e dos enfermeiros que atuam diretamente nas unidades de referência para este agravo.

Nesse novo cenário pode-se somar conhecimentos, experiências e motivações, bem como fazer a análise crítica e reflexiva, que levará a construção de um modelo novo que se adeque tanto à realidade dos enfermeiros, quanto às necessidades dos pacientes, diminuindo, assim, os limites e aumentando as possibilidades da SAE.

Aplicar a SAE pode significar a oportunidade de usar um modelo assistencial dinâmico, pautado em conhecimentos técnico-científicos, associados aos estudos das necessidades do ser humano em prol das pessoas atingidas pela hanseníase. Buscar teorias, testá-las e implantá-las na prática da assistência de enfermagem definem e asseguram, cada vez mais, a autonomia profissional da categoria. Assim mostra a história da enfermagem no Brasil.

As ações programáticas voltadas às pessoas atingidas pela hanseníase exigem um profissional dinâmico, que atue sob uma sistematização com benefícios associados ao cliente/paciente, coletividade, profissão, instituição e ciência.

Um novo paradigma que surge na inter-relação entre a autonomia do profissional, do paciente, as necessidades biológicas e as necessidades sociais, permeados no contexto histórico, social e econômico da contemporaneidade.

As contradições são sempre condições de significados importantes a serem exploradas para fornecerem à profissão elementos que contribuam para a continuidade de sua trajetória histórica enquanto ciência do cuidar/cuidado.

A proposta da SAE, sob a perspectiva da saúde coletiva, com suas origens na reprodução da vida em sociedade, aponta como um modelo promissor no qual cada profissional de enfermagem deve contribuir para a construção do caminho, que o homem percorre neste planeta, em busca de um cuidado melhor, sem deixar de levar em consideração desde questões éticas, ecológicas até as espirituais que transcendem o humano, adequando, assim, seus limites, ampliando, porém, sempre suas possibilidades.

Ao finalizar, cita-se Truppel (2009):

“Sistematizar o cuidado implica em utilizar uma metodologia de trabalho embasada cientificamente. Isto resulta na consolidação da profissão e visibilidade para as ações desempenhadas pelo enfermeiro, bem como oferecer subsídios para o desenvolvimento do conhecimento técnico-científico. Estes sustentam e caracterizam a enfermagem enquanto disciplina e ciência, cujos conhecimentos são próprios e específicos”.

A metodologia, que aproxima o enfermeiro do paciente, propiciando a aplicação e ampliação do conhecimento, deve servir cada vez mais de

estímulo e apoio das instâncias superiores e das políticas públicas, pois a construção é um movimento de redefinição de saberes e práticas, e

essa redefinição deve partir da formação do profissional, como princípio educativo, passando por uma nova forma do aprender/ensinar em saúde. A redefinição das políticas públicas de saúde exige uma participação maior nas discussões e decisões, tanto da categoria, como nas ações programáticas; uma definição nova nas políticas de operacionalização dos serviços de saúde, avaliação de qualidade, equidade e adesão do usuário; bem como, redefinição nos quadros de políticas trabalhistas, direitos, deveres, e devido respeito e valorização salarial do profissional de enfermagem.

Enfim, a redefinição de um novo campo, no qual em primeiro lugar se respeite o ser humano e suas necessidades, tanto a dos pacientes quanto dos profissionais.

E que os princípios possam ser norteados pelo propósito:

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