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protetor para a manutenção da capacidade funcional do idoso (VERAS, 2008).

Assim, o fazer do cuidador de idosos inicia com acompanhamento do idoso na sua vida diária, e com a evolução da incapacidade do idoso, passa a demandar do cuidador funções mais complexas, como administrar medicações via parenteral e os cuidados com sondas e gastrostomias, atividades essas raramente supervisionadas por profissionais da saúde. A família tenta ajudar no que for possível. Os conhecimentos, como demonstrado anteriormente, foram adquiridos em suas vivências e são replicados no cuidado ao idoso.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O cuidador ocupacional de idosos inicia seu desempenhando esse papel por necessidade ou falta de opção, mas ao iniciar o cuidado percebe que gosta e que é um trabalho menos cansativo e com remuneração melhor do que o anterior. Além dessas questões, os entrevistados percebem essa função como uma evolução da anterior, sentindo-se mais valorizados perante a sociedade.

Os dados mostraram que os sujeitos pesquisados entendem que podem ser cuidadores, porque já têm experiências prévias no cuidado a pessoas doentes e que esta experiência basta para prestar uma assistência adequada.

Apesar de alguns fazerem o curso de cuidador, eles relatam que a experiência do cuidado no dia a dia é que os capacita para tal. O fazer do cuidador ocupacional é determinado pela sua vivência e pelas demandas do idoso.

Compreender o exercício da prática dos cuidadores ocupacionais de idosos no domicílio é imprescindível para que a enfermagem possa ter clareza sobre o tema e auxiliar na construção de políticas públicas que visem ao bem-estar do idoso e de sua família.

Percebeu-se que o fazer desse cuidador encontra-se com o fazer da enfermagem. Apesar de aparecer na formação desses cuidadores um limite entre a profissão de enfermagem e a ocupação dos cuidadores, tais limites não são muito claros. Com o decorrer do tempo os próprios cuidadores sentem necessidade de ter mais conhecimentos para prestar todos os cuidados que os idosos demandam, chocando-se com a profissão da enfermagem.

A relação entre a responsabilidade da enfermagem e o que o cuidador pode realizar ainda precisa ser amplamente debatida, para que

o cuidado prestado por esses cuidadores não caracterize exercício ilegal da profissão de enfermagem.

Uma forma de melhorar este contexto a favor da enfermagem é através da formação específica da equipe de enfermagem em gerontologia e geriatria. Ampliar a oferta de cursos pós técnicos para os técnicos de enfermagem e formação especializada para os enfermeiros.

Talvez um parâmetro importante a ser utilizado para justificar a presença ou não da enfermagem seja o nível de dependência e de cuidados exigidos para o idoso. Idosos com baixo nível de dependência, avaliados desta forma por um profissional da saúde, poderiam ficar apenas sob os cuidados de um cuidador de idosos. Já os idosos em nível de dependência maior, que exigem cuidados em saúde mais específicos, deveriam estar sob os cuidados da enfermagem. A forma como a enfermagem irá oferecer esses cuidados também precisa ser amplamente discutida pela própria enfermagem.

O fato é que já existe a demanda para tal assistência, e a enfermagem deve garantir o seu espaço enquanto profissão do cuidado, demonstrando, através do conhecimento científico, uma assistência ao idoso e ao seu familiar diferenciada e que atenda a suas necessidades.

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5.4 ARTIGO 2 - CONHECENDO A PERCEPÇÃO DOS

CUIDADORES OCUPACIONAIS DE IDOSOS SOBRE O CUIDADO PRESTADO E A RELAÇÃO COM A ENFERMAGEM

CONHECENDO A PERCEPÇÃO DOS CUIDADORES