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O objetivo central desta dissertação foi identificar hysteresis nas exportações industriais brasileiras, para tanto, optou-se pelo uso do método de Geneweke e Porter- Hudak (1983) de estimação de parâmetros de diferenciação fracionária. Nesta questão, a metodologia inova o tratamento dado ao tema, notadamente, quando considera as abordagens tradicionalmente direcionadas a questão do comércio exterior.

Algumas considerações podem ser enumeradas. Primeiramente, foi possível verificar que o tema discutido é pouco explorado no âmbito nacional, sendo agenda de pesquisa na esfera de economias internacionais. Além disso, os poucos trabalhos na área analisam períodos anteriores ao considerado nesta pesquisa e, neste ponto, há uma lacuna a ser preenchida.

O exame da participação das grandes empresas nas exportações industriais brasileiras revela que a manutenção do crescimento das exportações se deu em função do porte das empresas. Infere-se que estas apresentaram maior capacidade concorrencial para enfrentar a forte apreciação da moeda nacional, em detrimento das outras classes de empresas.

Este é um fato de extrema importância, pois, a redução do número de empresas, atribuída a choques negativos na taxa de câmbio real efetiva, foi preponderantemente de micro, pequenas e médias empresas. Isto indica que as empresas de grande porte conseguem manter o nível de concorrência e se manter por mais tempo no mercado.

O efeito sobre o número de empresas do setor industrial foi positiva até 2004, e em fase posterior evidenciou-se decrescimento do número de empresas desse setor. Dados de participação de empresas nas exportações industriais por classificação de porte sugerem que a saída de empresas do mercado exportador se deu em maior proporção pelas pequenas, micro e médias empresas.

Quanto aos testes formais e os preceitos teóricos identificou-se hysteresis forte nas exportações, quantidades exportadas, nos preços e nas taxas de câmbio reais efetivas, sobretudo, no período 2. Os parâmetros estimados mostram que o setor de manufaturados apresentou maior nível de persistência a choques exógenos, nos dois períodos. Neste caso não foi possível rejeitar a hipótese nula, H0:dˆ 1, pois, as probabilidades estimadas são superiores ao nível de significância de 5%.

Os valores mensurados por estimação pelo método GPH, para o setor de manufaturados, revelam que o desempenho das exportações é compatível com a

dinâmica dos índices de preço e quantidades exportadas, sobretudo, para o período 2 porque as variáveis apresentaram efeitos permanentes de choques exógenos. Porém, para o período 1 a mesma compatibilidade não foi observada, os índices de preço e quantidades exportadas apresentaram efeitos parciais de choques exógenos, com p- valores, respectivamente, iguais a 0,028 e 0,013.

Entretanto, as exportações do setor de semimanufaturados mostraram efeitos assimétricos, corroborando com os pressupostos teóricos, isto é, choques cambiais de depreciação mostraram-se mais efetivos. A partir do teste de hipóteses, constatou-se que os parâmetros estimados situaram-se no intervalo 0 dˆ 1,5, e suas magnitudes foram de 0,403 e 0,909, respectivamente, para os períodos 1 e 2.

A partir dos resultados econométricos e da magnitude dos parâmetros estimados, percebeu-se que a hysteresis foi maior no período 2 para o total de 13 setores. As exceções foram os setores: equipamentos eletrônicos e óleos vegetais. Assim, dos setores estudados, 2 setores mostraram menor dinamismo, sejam eles: Equipamentos eletrônicos e petróleo e carvão, pois, em momentos de câmbio favorável não conseguem inserção no mercado exterior e, em momentos de câmbio desfavorável apresentam maior perda de suas posições de mercado.

Dos setores mais dinâmicos pode-se destacar: Abate de animais, Metalurgia não ferrosos e Refino de petróleo, estes melhoraram suas posições de mercado em situação de câmbio favorável e apresentaram maior oposição aos efeitos cambiais em momentos desfavoráveis. Assim, os choques cambiais de depreciação são mais efetivos, isto é, o efeito positivo de períodos de depreciação cambial mostra-se mais forte que o impacto negativo da apreciação.

As implicações da assimetria dos choques podem ser vistas por dois aspectos: primeiro, os choques de depreciação induzem mais proporcionalmente a inserção ao mercado externo do que os choques de apreciação induzem a saída de empresas. Segundo, os choques cambiais negativos de apreciação reduzem menos que proporcionalmente as quantidades exportadas do que os choques de depreciação induzem o aumento.

Dos exercícios econométricos destaca-se uma alta persistência na dinâmica das exportações, cuja explicação se deu pelas altas persistências das quantidades exportadas e dos preços. Entretanto, para o período 2 a colaboração dos índices de preço das

exportações foi mais relevante para a explicação do crescimento das exportações industriais que o crescimento das quantidades transacionadas.

Uma consideração importante é que as exportações tendem a se manter em níveis elevados mesmo em condições adversas, impulsionado pelo incremento de empresas de grande porte. Para empresas de médio porte, há uma tendência a concentração das exportações, uma redução de participação em contrapartida ao aumento de participação das empresas de grande porte.

A persistência nas quantidades e preços das exportações industriais identificadas vem ao encontro às pressuposições teóricas levantadas, contudo, é identificado maior nível de persistência nos preços que nas quantidades exportadas, revelando a importância da rigidez dos preços na explicação no resultados dos valores exportados percebidos em dólares.

Como exploração adicional foi verificada diferenças entre a dinâmica das exportações da economia brasileira e paraibana, especialmente, no que concerne o setor industrial. A conjuntura da economia local do estado da Paraíba difere da brasileira, este diferencial de comportamento foi identificado em dois alcances de agregação. As estimativas apontam para um menor nível de competitividade da economia local, em relação ao contexto nacional. As exportações industriais brasileiras em sua totalidade apresentaram efeitos permanentes, com parâmetro estimado de 0,980. Enquanto, a economia local apresentou efeitos parciais de choques exógenos, com parâmetro estimado igual a 0,531 para o período 2, indicando que choques cambiais de depreciação são menos efetivos.

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