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Embora a proporção entre FR e VH tenha se mostrado equivalente, o Rio Pitangui apresentou praticamente o dobro de áreas ripárias, com áreas de VH e FR mais extensas que o Rio Jotuba. As áreas de FR dos dois rios apresentam um grande número de manchas pequenas e poucas áreas mais extensas que apresentaram formato alongado, margeando o canal ativo do rio e meandros abandonados, controladas, sobretudo, por fatores geomorfológicos e edáficos. A distribuição espacial das áreas de FR é distinta nos dois rios, sem afetar entretanto o padrão de ocupação dessas comunidades vegetais, dispostas em manchas de contorno relativamente mais complexos que as áreas de VH.

Tanto as manchas de FR quanto as de VH de ambos os rios tem seus formatos mais irregulares e complexos à medida que a extensão de suas áreas aumenta. Mas a relação entre área e dimensão fractal é mais forte em FR, resultado do acréscimo no número de projeções nas manchas e também da espacialização dessas áreas que se modela de acordo com a deposição e consolidação de sedimentos a partir do canal fluvial.

Quase 60% da zona ripária dos Rios Pitangui e Jotuba é formada por áreas periodicamente inundáveis. As áreas de VH apresentaram-se dispostas mais isoladamente que as de FR em ambos os rios, com alta frequência de pequenas manchas, mas também com áreas maiores que 50 ha, com maior freqüência no Rio Pitangui, demonstrando um padrão agrupado em áreas mais favoráveis. Essas áreas ocupam as superfícies e bacias de inundação dos rios, controladas principalmente pela topografia, entremeadas por projeções de manchas de FR ou ainda por áreas antropizadas.

No Pitangui, a VH se concentra na margem esquerda de agradação enquanto a margem direita, de degradação, sustenta uma FR em contato com a mesófila, quando presente. Isto significa que as comunidades das margens esquerda e direita não são necessariamente as mesmas devido a diferenças de gradiente, como eutrofização pelo pulso de inundações, temperatura e anaerobiose do solo, entre outras. Isto equivale a dizer que a paisagem ripária heterogênea do Pitangui é, em sua maior parte, funcionalmente diversa em relação à margem esquerda e direita. No Rio Jotuba, a VH distribui-se regularmente em ambas as margens no curso inferior; em contrapartida quase desaparece na porção superior onde as feições do terreno condicionam um leito encaixado. Nestas condições, pode-se dizer que na paisagem ripária homogênea

segmentada do Jotuba não há marcadas divergências funcionais laterais, como no Pitangui, e sim longitudinais.

O estudo evidenciou que os fluxos longitudinais são de grande importância para as comunidades de florista ripária e, para as áreas de vegetação hidrófila, os fluxos laterais, como as inundações, tem maior relevância. Esta abordagem quantitativa da paisagem ripária de parte da bacia do Rio Pitangui demonstrou a importância de se considerar a VH nas análises uma vez que possuem estreita relação com o leito do rio.

O Rio Jotuba apresenta uma paisagem de várzeas mais fragmentada. Para efeitos de conservação relacionada à conectividade, a paisagem fluvial do Rio Pitangui parece reunir condições mais favoráveis à manutenção da biodiversidade do que no Jotuba.

As bordas representaram, em todas as UPs, sempre mais de 38% da área nas FR devido ao formato majoritariamente alongado dessas manchas. As áreas nucleares representaram mais de 35% das áreas de FR de cada rio.

As áreas de FR apresentaram mais pontos de ligação, de acordo com a metragem estipulada, que as de VH, evidenciado pelos índices de conectividade devido ao padrão de distribuição dessas áreas, porém a percentagem é baixa em ambos os rios. As áreas de FR também obtiveram índices de proximidade maiores e vizinhos mais próximos, em média, que as VH. Portanto, é possível concluir que as manchas florestais se encontram mais conectadas estrutural e funcionalmente que as áreas de vegetação hidrófila, uma vez que acompanham os canais fluviais.

O padrão de distribuição das áreas de FR e de VH é regular em ambos os rios. Enquanto as florestas ripárias margeiam os canais fluviais as fitocenoses hidrófilas se estabelecem nas superfícies e bacias de inundação.

Um aspecto importante desta análise da fragmentação e da conectividade das áreas naturais estudadas é o limite considerado para a zona ripária, englobando apenas a metacomunidade vegetal que ocorrem em áreas inundáveis. Deste modo, a continuidade das manchas de FR com áreas de floresta mesófila não foi levada em conta nas avaliações. Da mesma maneira, para as manchas contínuas com outras áreas semelhantes, as bordas, nesses pontos, não possuem os mesmos atributos que as bordas com áreas heterogêneas, como taxa de luminosidade e composição de espécies. Estudos envolvendo todas as comunidades vegetais da bacia podem revelar a situação da conectividade entre essas áreas naturais de interflúvio.

A fragmentação e a espacialização das comunidades vegetais nas zonas ripárias de ambos os rios teve origem natural, excluídas as intervenções como pontes e

retificações de várzeas. As análises foram conduzidas a partir de imagem do ano 2001 e, desde então tanto no Rio Pitangui quanto no Jotuba, o uso do solo para agricultura é intenso a partir das áreas inundáveis, onde pontos de retificação (drenos) em áreas hidromórficas modificam o terreno para uso agrícola. Assim, as faixas de vegetação remanescente às margens dos rios fortalecem o status de corredores ripários.

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