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Nesta pesquisa, objetivou-se identificar o uso das variantes palatalizadas /t/ e /d/ diante da vogal alta [i] em três grupos geográficos do estado de Sergipe, sendo esses grupos formados pelas cidades de Aracaju, Itabaiana e Lagarto.

A análise foi realizada à Luz da Teoria da Variação, por conta disso, podemos constatar que os grupos de fatores linguísticos bem como os extralinguísticos exercem influência na aplicação da palatalização das oclusivas /t/ e /d/, nos três grupos geográficos analisados.

A seleção estatística referente às variáveis linguísticas e extralinguísticas, por ordem de relevância no condicionamento foi a: Grupo geográfico, Contexto Fonológico Precedente; sexo; entrevistador; Sonoridade; e posição da sílaba tônica.

Constata-se que grupo geográfico é o que mais favorece a palatalização de oclusivas alveolares, em ambas as rodas os fatores Aracaju e Itabaiana foram os que mais favoreceram a palatalização, enquanto o fator Lagarto mostra-se pouco favorável a palatalização de oclusivas alveolares. Mostrando a variação diatópica nos grupos estudados.

No tocante ao contexto fonológico precedente a consoante sibilante em ambas as rodas foi que mais favoreceu a palatalização, na primeira rodada tal fator atingiu um peso relativo de 0,79, já na segunda rodada atingiu um valor de o,80, mostrando ser o fator que mais favorece a palatalização das oclusivas alveolares.

No que diz respeito a variável Sexo os resultados mostram que as falantes do sexo feminino palatalizaram com mais frequência que os homens, mostrando que as mulheres tendem a usar mais a variante prestigio, dessa forma, podemos afirmar que as mulheres estão conduzindo a mudança.

Em relação à variável entrevistador, os dados mostram que esse não favorece o efeito gatilho uma vez que os entrevistadores que não palatalizam aparecem mais favorecedores da palatalização em ambas as rodas. Na primeira rodada tal fator atingiu um peso de relativo de 0,53 para o que não palatalizam contra

0,39 para os que palatalizam. Na segunda rodada esse percentual aumentou para o que não palatalizam atingindo peso de 0,55, contra 0,37 para os que palatalizam.

Quanto à variável sonoridade, o fator surdo foi o que mais motivou a palatalização nos grupos geográficos analisados. Em ambas as rodas tal fator mostrou-se mais motivador para a palatalização. Na primeira rodada atingiu peso relativo de 0,55, contra 0,43 do fator sonora. Na segunda rodada mostrou-se favorecedor também com 0,56, enquanto a sonora apresentou peso de 0,41.

No que se refere ao grupo de fatores posição da sílaba tônica, manifestaram mais favoráveis a aplicação da palatalização das oclusivas dentais: a Postônica não final com peso relativo de 0,71 na primeira rodada e com 0,74 na segunda rodada. O segundo fator foi a pretônica com 0,51 na primeira rodada e 0,56 na segunda rodada.

Com base nos questionamentos levantados, os dados da análise acústica revelam a existência de gradientes entre a produção entre a forma plena e o padrão inovador, o que sugere uma mudança em progresso.

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