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Depois de realizadas as leituras preliminares e de aprofundar a pesquisa com fontes primárias, entendeu-se que os negros buscaram uma maneira de se incluir no mercado do trabalho, através da sua disponibilidade e plasticidade de se adaptar a diversas atividades, já que foi visto que nenhuma medida política houve para a sua inclusão na sociedade, mas sim medidas governamentais para a sua exclusão e dominação através da filosofia positivista de ordem e progresso em que objetiva desfazer a imagem negativa sobre o trabalho herdada pela escravidão, para então suprir a mão-de-obra necessária para o desenvolvimento do capitalismo no Brasil.

Dessa maneira os negros após a abolição (1888) sem muitas alternativas de manterem a sua própria sobrevivência, tentam buscar o seu ganha-pão através de trabalhos informais, alguns continuam trabalhando para seus senhores e outros se alistam na Brigada Militar, época essa que a maioria dos brancos não queriam fazer parte.

Mas alguns negros encontraram na ferrovia uma maneira de vender a sua força de trabalho, se inserindo junto com trabalhadores brancos fazendo parte da classe ferroviária. Para os negros operários era uma oportunidade única já que estes não tinham nenhuma formação específica e o preconceito racial na época era tão evidente.

A ferrovia proporcionou um salário fixo, direitos trabalhistas, alimentação adequada, auxílio à saúde, moradia, escola para seus filhos. Podendo dentro de a empresa objetivar uma mobilidade funcional, gratificações remuneradas proporcionando um surgimento de uma elite negra na sociedade.

O trabalhador ferroviário negro desfaz uma imagem imposta pela elite dominante, onde eram taxados de criminosos, desordeiros, vadios e que não saberiam usar a sua liberdade e respeitar a propriedade privada. O negro na ferrovia é um tapa de luva ás classes dominantes, porque ele mostra que como qualquer ser humano integro, ele procura fazer a sua própria história, mas a escreve de uma maneira digna e honesta.

O negro ferroviário tem diversas ocupações dentro da ferrovia, não apenas como tuco como a maioria pensa, mas em outras atividades como nas oficinas como seções de enchimento e funilaria e sondagem maquinistas dos motores, seção de reparos de vagões, seção de carpintaria, seção de máquinas e ferramentas, seção de montagem de locomotivas, seção de caldeiraria e também atuavam dentro das locomotivas, como auxiliar de foguistas e maquinistas.

Como pode ser constatado o negro ferroviário se integra aos proletariados do sistema tornando-se um trabalhador e um consumidor, através do seu labor conquistou uma identidade profissional que possibilitou a ele e a sua família uma vida melhor e a sua inserção na sociedade civilizada. Assim entende-se que os negros ferroviários foram sujeitos históricos, no sentido que foram eles que buscaram alternativas para se incluírem aos proletários. Enfim, como parte das considerações finais, deve-se esclarecer que esta monografia não teve a pretensão de esgotar o assunto, mas incitar nova abordagem sobre a historiografia negra pós- abolição que foram esquecidos pela historiografia tradicional.

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ANEXO A

Relação de perguntas realizadas durante a entrevista

1) Como o senhor A.F.S entrou na ferrovia? Qual a maneira como procedia para conseguir um trabalho na viação férrea de Santa Maria?

2) O senhor considerava o trabalho na ferrovia um bom trabalho, uma oportunidade de vida melhor?

3) Qual era a sua função?

4) Como era a forma de pagamento?

ANEXO B

Circular nº 339

Fonte: Museu do Trem- São Leopoldo/RS Organização: Glaucia Camargo

ANEXO C

Circular nº 21

Fonte: Museu do Trem- São Leopoldo/RS Organização: Glaucia Camargo

ANEXO D

Circular de inspetoria a todo pessoal das locomotivas

Fonte: Museu do Trem- São Leopoldo/RS Organização: Glaucia Camargo

ANEXO E

Circular nº 2

Fonte: Museu do Trem- São Leopoldo/RS Organização: Glaucia Camargo

ANEXO F

Memorandum- Circular

Fonte: Museu do Trem- São Leopoldo/RS Organização: Glaucia Camargo

ANEXO G

Memorandum- Circular

Fonte: Museu do Trem- São Leopoldo/RS Organização: Glaucia Camargo

ANEXO H

Circular nº 15

Fonte: Museu do Trem- São Leopoldo/RS Organização: Glaucia Camargo

ANEXO I

Circular nº 339, p. 5-7

Fonte: Museu do Trem- São Leopoldo/RS Organização: Glaucia Camargo

ANEXO J

Circular nº 339, p. 8-9

Fonte: Museu do Trem- São Leopoldo/RS Organização: Glaucia Camargo

ANEXO K

Ilustração do uniforme do pessoal da locomoção Fonte: Museu do Trem- São Leopoldo/RS

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