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pública da sociedade civil não depende necessariamente da representação política tradicional, pois há indivíduos envolvidos nos processos participativos (GENRO, 1997).

O Estado, entretanto, não deve se ausentar dessa esfera participativa, já que é necessário que ela seja legitimada por ele e suas demandas implementadas, pois, nesse caso, é dele o poder de decisão sobre o PPA e sua formulação e implementação.

A influência da sociedade civil sobre a formulação do PPA se relaciona a um cenário de socialização, interação social e atividade pública sendo exercida, como defendem Cohen e Arato (1992) para a existência dessa sociedade. Não é possível identificar o que estaria presente no PPA mesmo sem a influência da sociedade civil e o que não estaria, porém a relação entre as demandas dessa sociedade e pelo menos a inicialização de 98% das metas que se relacionam a contribuições dessa sociedade demonstram que demandas sociais estão sendo atendidas por parte do governo.

continuada posteriormente, permitindo chegar a um diagnóstico mais preciso em relação às categorias analisadas, ressaltando a primeira, sobre o cumprimento. Essa categoria, que apresentou um valor de 87% das metas em processo de cumprimento, junto a outros 12% já cumpridas, pode demonstrar, ao final da vigência do PPA, se as metas estabelecidas foram cumpridas dentro do prazo ou se serão suspensas. É fundamental ressaltar que o alto índice de metas em cumprimento não garante que elas necessariamente chegarão ao seu fim conforme planejado. Ainda sobre essa análise de cumprimento, pode ser interessante que uma nova categoria seja incluída e classifique como “cumprimento insuficiente” as metas que não chegarem a sua integralização e forem descontinuadas, incluindo também uma análise comparativa em relação ao novo PPA, que deve ficar vigente de 2016 a 2019.

Outra categoria que deve ter atenção é a de rearranjo organizacional na Forma de Cumprimento. É possível que, a partir de avaliações dos processos que envolvem a implementação de uma política ou de outras ações dentro das metas, rearranjos sejam feitos a fim de atingir o que a meta determina. Esses rearranjos podem ocorrer a qualquer momento, não ficando restrito apenas aos primeiros anos de implementação das metas do PPA.

Ainda é possível um desdobramento dessa metodologia de pesquisa buscando-se alcançar tudo aquilo que está no PPA, buscando-seja em programas, objetivos, metas ou iniciativas, e atendem a demandas e contribuições registradas no relatório. Dessa forma, aquilo que está explicitamente citado no relatório e associado a alguma contribuição seria complementado pelas demais ações do governo, registradas no PPA, mas que não foram diretamente citadas junto à contribuição em questão. Como exemplo, é possível citar a contribuição do atendimento a idosos em programas temáticos, demonstrado na Figura 3, no início do terceiro capítulo desse trabalho. Além das metas ali citadas, contemplariam aquela contribuição também todas as outras metas do PPA que tratam do atendimento de idosos em programas temáticos, como o programa 2035 - Esporte e Grandes Eventos Esportivos, que traz a meta de criar projetos de esporte e atividade física que contribuam com a promoção da saúde e da qualidade de vida da população, com atenção especial aos idosos nos espaços e equipamentos públicos de esporte e lazer nas 27 capitais e 553 municípios, além de diversas outras metas que podem estar ligadas ao atendimento de idosos ao longo de todo o PPA.

Além disso, pode ser interessante verificar também quais são as áreas de programas, objetivos, metas e iniciativas que não estão contempladas no Relatório,

podendo-se inferir que são áreas nas quais a participação da sociedade não se dá da mesma forma que nas áreas citadas, gerando mais um fenômeno de análise.

O Plano Plurianual constitui, então, um amplo objeto de análise. É notória a influência da sociedade nesse plano. O foco dessa análise foi a respeito dos resultados da influência e interação do Estado com a sociedade para o plano, mais especificamente às metas. Um PPA com maior participação social, tanto na sua formulação como nos demais processos, representa um instrumento norteador de políticas que podem ir de encontro ao que realmente deseja a sociedade. Diversos interesses, de diferentes setores da sociedade, sejam eles de cunho econômico, racial, sexual e demais grupos, podem ser atendidos nas políticas, desde que sejam devidamente reconhecidos pelo Estado pelos meios que este dispõe, que devem se aperfeiçoar com o passar do tempo, de se relacionar com a sociedade – a principal interessada nos resultados das políticas públicas.

A análise dos dados, que foi desenvolvida ao longo do capítulo 4, demonstra, inicialmente, que o Fórum Interconselhos é uma instância que permite que a sociedade influencie no PPA. As contribuições realizadas pelos participantes do Fórum estão registradas e a maioria contempladas por Programas, Objetivos, Metas e/ou Iniciativas no Plano Mais Brasil.

As metas implementadas com articulação com a sociedade (53%) e também com articulação entre entes federados (60%) demonstram a colaboração que o governo federal tem para executar aquilo que está previsto no PPA. Essa interação, principalmente com a sociedade, descentraliza aquilo que é feito com base no PPA, de forma a incluir mais atores e até aumentar a participação. Além disso, também verifica-se o alto índice de transferência de recursos para entidades, principalmente públicas (82% das metas analisadas), ressaltando a importância da colaboração de atores externos à administração pública direta no PPA.

O governo deve ampliar as áreas que contam com participação social. Existem setores contemplados pelo PPA que não tiveram quase nenhuma previsão de participação, como é o caso das áreas de infraestrutura. Além disso, é fundamental aumentar e fortalecer as instâncias participativas, de maneira que elas não deixem de existir.

Para a plataforma consultada virtualmente na pesquisa desse trabalho, PPA Mais Brasil, é razoável que o governo padronize os relatórios disponíveis nesse banco de dados. A idéia de lançar tal sítio é boa e aproxima as pessoas ao conteúdo do PPA,

mas as informações disponibilizados podem ser melhor definidas se houver um padrão do que deve contar a respeito da implementação de cada parte do PPA.

Todas essas iniciativas analisadas demonstram que existe participação da sociedade no PPA 2012-2015. Ela é capaz de participar de sua formulação e avaliação por meio de canais institucionais, com destaque ao Fórum Interconselhos, assim como acompanhar o andamento de tudo que está previsto no plano por meio da plataforma PPA Mais Brasil.

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ANEXO 3. Lei 12.593/2012 – Plano Plurianual 2012-2015. Disponível em

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