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4 CRIME AMBIENTAL E A RESPONSABILIDADE PENAL DA PESSOA JURIDICA NO BRASIL

XIII. A pessoa jurídica só pode ser responsabilizada quando houver intervenção de uma pessoa física, que atua em nome e em benefício

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Dentre os aspectos explorados na realização do presente estudo, conclui-se que a defesa do meio ambiente é uma preocupação da sociedade contemporânea, pois o homem, sem um meio ambiente ecologicamente equilibrado, não reúne condi- ções para uma qualidade de vida digna e sadia.

Diante o cenário atual, a consciência ecológica foi difundida e organizada pela sociedade moderna, e, para tanto, o Estado, detentor da atribuição constitucional para defesa e preservação do meio ambiente, tem o dever de traçar diretrizes para promo- ver um equilíbrio entre a necessidade de exploração dos recursos naturais e uma con- servação ambiental.

As atividades desempenhadas pelas pessoas jurídicas, são sem dúvidas, as que possuem um maior potencial lesivo ao meio ambiente, de modo que as sanções previstas nas esfera civil e administrativas são insuficientes para prevenção e precau- ção dos danos causados, devido à sua grande extensão e dificuldade de reparação. Neste contexto, a legislação penal brasileira, sem embargo, abandonou o en- tendimento de doutrinadores penais clássicos contrários a responsabilização penal da pessoa jurídica pela pratica de crimes e, admitiu a possibilidade de sujeição desta à sanção penal, considerando, portanto, a imprescindibilidade do âmbito penal para a tutela do meio ambiente.

Por seu turno, os tribunais, sobretudo apoiados na redação do artigo 225, §3º, da Constituição Federal, adotaram um posicionamento favorável a responsabilização penal da pessoa jurídica, consoante entendimento do Tribunal da Cidadania no Re- curso Especial nº 564.960, uma das primeiras decisões usadas como precedente.

Quanto à previsão da necessidade de dupla imputação da pessoa física e jurí- dica conjuntamente, entendimento do Superior Tribunal de Justiça até 2013, embora a decisão do Supremo Tribunal Federal tenha, nos autos do Recurso Extraordinário nº 548.181, considerado desnecessário a dupla imputação, o entendimento ainda não foi pacificado, gerando assim inúmeras divergências doutrinarias.

Contudo, apesar de a responsabilização penal da pessoa jurídica na prática de crime ambiental no Brasil, ainda, não obter a efetividade esperada e, necessite de modificações quanto à sua aplicabilidade e o reconhecimento da importância do bem

48 tutelado, têm ensaiado alguns significativos progressos na defesa e proteção do meio ambiente.

Não obstante, mesmo após a edição da Lei dos crimes ambientais, os questio- namentos que envolvem à aplicabilidade das sanções penais à pessoa jurídica são diversos, haja vista as lacunas deixadas pelo legislador brasileiro impedirem, de forma significativa, a inibição da prática do delito.

Conclui-se, que a responsabilização penal da pessoa jurídica no Brasil, apesar de ainda carecer da edição de novas normas capazes de coibir de forma mais efetiva a prática de ilícitos ambientais, indubitavelmente, entende que o Direito Penal Clássico não é capaz de abranger a realidade contemporânea na qual as pessoas jurídicas são as maiores autoras das agressões ao meio ambiente, sendo necessário avanços le- gislativos para atender o disposto no art. 225, §3º e para garantir um dos direitos fun- damentais mais valiosos consagrados pela Constituição Brasileira de 1988: o direito ao meio ambiente equilibrado.

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