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O cenário das negociações internacionais é majoritariamente ocupado por homens, no entanto, a presença feminina nesse ambiente é crescente. Neste sentido este trabalho destacou as circunstâncias da participação das mulheres no mercado de trabalho bem como os obstáculos enfrentados por elas em um âmbito onde as características de comportamento masculino são a regra.

O objetivo geral deste estudo, de apontar as dificuldades enfrentadas pelas mulheres no âmbito empresarial e suas contribuições para a diversificação do mercado de trabalho, foi atingido à medida em que foi explorado, ao longo do texto, desde a trajetória de ingresso das mulheres no mercado de trabalho no século XIX até a contemporaneidade, quando elas já estão estabelecidas em carreiras executivas.

A partir disso, pode-se conceber que desde a Revolução Francesa, as demandas femininas foram primordiais na luta contra as opressões sofridas, e os avanços alcançados por elas nos diversos setores da sociedade fazem parte desse processo. Sob a perspectiva brasileira, no século XXI a participação feminina no mercado de trabalho é similar à dos homens, no entanto, novas formas de segregação surgiram. A partir de projeções estatísticas do IBGE (2018) comprova-se que as mulheres são mais escolarizadas do que os homens, trabalham mais tempo do que eles, porém têm menores rendimentos exercendo a mesma função e têm menos chances de alcançar cargos do alto executivo. Conclui-se também que a dupla jornada de trabalho é o motivo que as impede de alcançarem melhores postos na hierarquia das organizações.

No âmbito internacional, as desigualdades de gênero e de salário são acompanhadas pelas diferenças culturais. Uma vez que existem diferentes masculinidades e feminilidades, os traços sociais e comportamentais de outras nacionalidades podem ser um obstáculo a mais quanto à presença feminina nas negociações internacionais. Apesar disso, as mulheres enviadas às missões no exterior são eficazes em seu trabalho e demonstram ter tanta competência quanto um homem na mesma função.

Por outro lado, a contínua participação das mulheres no mercado de trabalho demonstra que as demandas delas exercem pressão sobre o sistema. Sem dúvidas, as reivindicações femininas ganharam força ao longo dos anos e as políticas de ações afirmativas adotadas ao final do século XX, por várias organizações brasileiras representam a principal contribuição das mulheres pela diversificação do ambiente de trabalho. A adesão dessas

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estratégias promove a igualdade, incentiva a entrada de outras minorias no mercado de trabalho, além de reconhecer e extinguir desigualdades que perduram no corporativismo.

A trajetória feminina na iniciativa privada é pouco explorada em pesquisas acadêmicas e pouco difundida em documentos nacionais, por este motivo, foi difícil conceber um trabalho mais aprofundado sobre o tema. Como contribuição, as análises deste estudo incentivam no contexto acadêmico, o debate acerca das condições femininas no mercado de trabalho. Além disso, essas considerações trazem para o âmbito de Línguas Estrangeiras Aplicadas às Negociações Internacionais reflexões sobre a realidade que muitas das jovens egressas desta graduação vivenciarão enquanto atuarem no campo profissional.

Por fim, apesar do avanço nas condições de inserção feminina no mercado de trabalho e do acesso das mulheres aos âmbitos mais sofisticados do sistema profissional, tais quais o executivo e o internacional, as assimetrias que persistem nesses meios demonstram que a discussão acerca das relações de gênero não se esgotou. A força de trabalho feminina ainda é vista como secundária e suas competências continuam a ser questionadas devido ao gênero, portanto, ainda há muito a se explorar e transformar no que diz respeito à conjuntura das mulheres no mundo do trabalho.

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