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A finalização deste trabalho será composta pela análise dos resultados em função dos objetivos estabelecidos, bem como descrever as contribuições, limitações e recomendações para trabalhos futuros.

7.1 – Objetivos e resultados

Considera-se que os objetivos foram alcançados. Os resultados confirmam parcialmente as proposições teóricas, demonstrando que há grande influência estratégica por parte dos clientes sobre seus fornecedores, considerando a ressalva que fornecedores melhor estruturados percebem esta influência com menor intensidade do que fornecedores não estruturados. A estratégia migra de um nível para outro da cadeia através das prioridades competitivas estabelecidas pelos clientes. A estrutura organizacional e demais recursos da empresa acompanham o direcionamento estratégico, principalmente através de inovações organizacionais, respondendo aos objetivos da pesquisa. As prioridades competitivas identificadas são diferentes entre montadora e sistemista e sistemista e fornecedores de segundo nível. No entanto, em ambos os casos, custo e flexibilidade são critérios ganhadores de pedido, e qualidade e pontualidade de entrega são critérios qualificadores. A montadora busca, além destes, o potencial tecnológico dos fornecedores.

A forma como tal processo vem ocorrendo demonstra que entre montadora e sistemista já existe um grau de amadurecimento que caminha para uma maior aproximação e integração das atividades. Cabe salientar que este relacionamento maduro ocorre com fornecedores melhor estruturados. Sistemistas que possuem uma infraestrutura menor, bem como maior grau de dependência da montadora, possuem grande influência em suas atividades por parte das montadoras. Outro ponto relevante é que, considerando a busca constante por menores custos, a montadora trabalha com a visão de desenvolvimento de fornecedores, de forma que se o custo do sistemista for competitivo e houver um potencial para atendimento dos requisitos estabelecidos, a montadora inicia um trabalho de desenvolvimento e qualificação deste sistemista.

No entanto, entre os sistemistas e os fornecedores, a principal ferramenta utilizada é a cobrança através de métricas e auditorias por parte dos clientes. Este cenário demonstrou que a aplicação das inovações organizacionais baseia-se em instruções ou referências indicadas e/ou cobradas pelos clientes, porém que a aderência efetiva das mesmas

às organizações é questionável, ficando a dúvida se trata-se de um processo de aprendizagem que está ainda incompleto ou se o mesmo é ineficaz, considerando os atuais métodos empregados.

As filosofias japonesas de troca de conhecimentos e parcerias na cadeia automotiva ainda são tímidas e dependentes da cobrança de clientes, exceto quando praticadas pelas próprias montadoras japonesas. O sistemista “C” possui maior grau de maturidade nestas filosofias de trabalho considerando a estreita relação que possui com uma montadora japonesa, bem como integral apoio da presidência da empresa para aplicação das inovações organizacionais características deste modelo de produção. Porém, mesmo esse sistema ainda encontra dificuldades em replicar tais ferramentas e filosofias para seus fornecedores.

Partindo desse cenário, apesar da visão teórica a tendência da cadeia de suprimentos atuar em forma de rede de empresas, de forma associativa, a pesquisa realizada identificou que este movimento precisa ser melhor trabalhado, principalmente com fornecedores de segundo nível. As condições previstas pela teoria, tais como contratos de longo prazo e benefícios mútuos ainda não alcançaram este nível da cadeia. Por outro lado, assim como boa parte da teoria estudada, a questão da financeirização da produção no segmento automotivo parece caminhar em paralelo ao tema estratégia e inovação, sendo que, em termos práticos, parecem cada vez mais indissociáveis.

7.2 – Contribuições, limitações e futuras pesquisas

As contribuições deste trabalho recaem sobre, especialmente, as relações entre clientes e fornecedores na cadeia automotiva. No cenário acadêmico este trabalho apresenta resultados que complementam a literatura existente sobre interações na cadeia automotiva brasileira, com ênfase na migração estratégica e nos incentivos à inovação. Os resultados apontam para a existência de um forte vínculo estratégico entre os componentes da cadeia automotiva e confirma a proposição de que as prioridades competitivas impulsionam os processos de inovação organizacional em fornecedores de 2º nível. Por outro lado, deixa a questão sobre a efetividade da adoção das inovações organizacionais neste segmento de empresas.

Outra contribuição efetiva é a percepção de que a busca incessante por processos de redução de custos em função da alta concorrência e da invasão de produtos chineses tem gerado um desgaste importante na relação entre a colaboração das empresas da

cadeia, implicando em problemas da qualidade, precarização das relações e do trabalho e incongruência em termos de cobrança (são requeridas uma série de inovações organizacionais, porém, sem o devido reconhecimento financeiro por parte da montadora). Esse cenário demonstra a dificuldade em atender aos requisitos mínimos para a estruturação de uma cadeia efetivamente colaborativa.

Esta pesquisa também traz alguns resultados importantes para o cenário profissional, onde empresas podem avaliar novas formas de desenvolvimento e avaliação de seus fornecedores, bem como analisar com maior critério as filosofias japonesas de relacionamento entre clientes e fornecedores.

Os resultados desta pesquisa possuem limitações para generalizações considerando o caráter qualitativo da pesquisa aliado ao número de casos estudados.

Futuras pesquisas poderiam avaliar uma maior amostragem para confirmação dos resultados, bem como estender o modelo a outras cadeias de suprimentos ou até mesmo avaliar a relação com outros tipos de inovação, bem como aprofundar os estudos sobre as influências do processo de financeirização da produção na formulação de estratégia e no estímulo à inovações.

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