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II. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A função da universidade na formação dos profissionais que atuarão no campo é muito importante, sobretudo para os professores, pois é preciso desenvolver formas adequadas para o ensino, visando a valorização das práticas exercidas no campo, bem como integrar as vivências dos alunos ao ambiente escolar. A escola não é um espaço de absorção de ideias, mas de construção; no caso das escolas no campo as especificidades do meio onde os discentes estão inseridos influenciam em toda dinâmica existente nesse espaço formativo. A realidade de uma escola não é igual a outra e não deve ser utilizado as mesmas metodologias de ensino.

O PIBID é um dos programas que mais atingem os licenciandos durante o processo de formação, seja pela necessidade da bolsa ou pelo interesse nas diretrizes propostas pelo mesmo. Durante o programa, forma-se um elo raro que une horizontalmente o campo de atuação, que é a escola, com as teorias e discussões oriundas da universidade. A modalidade interdisciplinar educação do campo expande ainda mais a formação dos licenciandos, pois oferece a oportunidade das práticas educacionais em um ambiente ainda pouco explorado em relação ao ensino no urbano e que possui uma demanda urgente de pesquisa e atuação específica.

A partir das vivências dos BID’s nas escolas rurais, foi possível identificar algumas das dificuldades que as unidades enfrentam, porém a percepção de que uma educação especializada para essas unidades não somente é possível, como é necessária, aumenta. A importância das escolas no campo baseia-se, no direito de oferecer a todos, sejam esses das áreas urbanas ou rurais, a capacitação para que o campo das oportunidades não deixe de existir para os que vivem fora do considerado centro.

Apesar das várias políticas públicas para a especialização docente do campo, não são todos os profissionais que conseguem ter acesso a essa formação direcionada que atenda as demandas educacionais desse meio repleto de particularidades. Os cursos de licenciatura não possuem estrutura capaz de instruir o futuro professor nas práticas gerais escolares e é por isso que programas complementares de cunho formativo são de extrema relevância para um bom desempenho da função docente. É possível dizer que o PIBID, nessa perspectiva, é um dos projetos mais importantes no contexto da Universidade Federal de Uberlândia que dizem respeito à formação no âmbito da docência.

A análise proposta pelo trabalho final de graduação foi de grande relevância, pois a partir dos resultados obtidos através do questionário aplicado aos bolsistas, constatou-se a importância do projeto para a formação dos mesmos, que até então conheciam pouco sobre a realidade escolar do campo. As respostas apontaram resultados positivos mediante a relevância

do PIBID para a formação profissional e até mesmo pessoal para a maioria dos graduandos. O conteúdo teórico estudado durante o projeto aliado as práticas nas escolas do campo são experiências complementares à formação que possivelmente não seriam realizadas sem o PIBID.

Apesar de apresentar bons resultados, o programa não será mais desenvolvido na UFU. De acordo com o cronograma previsto para o PIBID, nos meses finais do ano de 2017 outro edital seria lançado para que projetos fossem submetidos para serem avaliados e possivelmente aprovados com duração de 4 anos a partir do ano de 2018, porém não houve a abertura de um novo edital, impossibilitando assim a análise de novos projetos e revalidação de projetos já atuantes, sendo esse, o fim do PIBID/UFU pelos próximos anos. A situação gerou mobilizações em prol da permanência do programa, pois o mesmo beneficia muitos discentes e fortalecem as licenciaturas integrantes do mesmo.

Portanto existem muitas incertezas, principalmente pela questão do anunciado pelo Ministério da Educação em relação ao programa Residência Pedagógica o qual seria uma “modernização do PIBID”. A partir do ano de 2018, haverá a parceria entre a universidade, a secretaria da educação e as escolas, afim de oferecer aos licenciandos, que estão no terceiro período de formação, a oportunidade de atuar nas escolas enquanto docentes. Porém as condições de trabalho possuem outro viés diferente da proposta do PIBID. O papel a ser desenvolvido é totalmente profissional, não há discussão acerca da realidade escolar, apenas a prática. Não há a possibilidade de discussões acerca da atuação enquanto professor, porém o discente atua em sala de aula assumindo totalmente o papel do professor, o que leva ao questionamento: Será que esses licenciandos possuem estrutura profissional para atuar em sala de aula conforme o professor formado? Outra questão é se as escolas rurais serão unidades participantes desse projeto ou se novamente assumirão a margem das decisões para o ensino.

Além da perda de uma política pública de fortalecimento da educação o fim do PIBID significa o fim também de oportunidades quanto à formação dos futuros profissionais do ensino, bem como a perda do contato entre várias escolas do município e a universidade, o que desmobiliza ambas. Significa um retrocesso nos avanços obtidos através do programa, que podem ser comprovados a partir de análises como a que foi aqui apresentada. Mais uma vez, a educação no campo foi relegada a segundo plano, pois um dos poucos projetos existentes nessas escolas está chegando ao fim.

É preciso que sejamos protagonistas da nossa própria história. Cabe a nós, ligados à educação, continuarmos lutando e resistindo para que nossos direitos estejam assegurados e que cada vez menos aconteçam cortes das poucas políticas públicas que existem e que de fato são

efetivas, como no caso do PIBID. Lutar por uma educação do campo é dar voz a quem quase nunca pôde falar; é valorizar nossas origens enquanto brasileiros.

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