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CONSIDERAÇÕES FINAIS QUANTO AOS RESULTADOS DA PESQUISA

Por meio da realização do estudo, foi possível evidenciar e compreender a composição dos observatórios e qual a sua estratégia para alcançar o fim social a que se propõe.

O significado da criação de um observatório é considerado mais que um fato institucional, ou a simples fundação de uma entidade, ele é a materialização da maturidade da participação da sociedade na vida pública.

Com relação à participação dos membros e instituições apoiadoras e mantenedoras, algumas delas, possivelmente, têm participação de membros que possuem filiação política partidária, porém os participantes diretos do observatório não possuem filiação em partidos políticos. Isso pode de alguma forma, ter conseqüência nos tratos com Prefeituras e Câmaras de Vereadores. Notou-se que algumas instituições estarem instaladas em prédios e salas comerciais de órgãos que tem a participação de prefeituras e entidades públicas.

O observatório procura trazer uma nova visão de mundo, sendo que apenas num espaço democrático e com liberdades estipulas na Constituição Federal de 1988, isso pôde se tornar realidade, coisas que há poucos anos, devido aos processos ditatoriais e autoritários, o Brasil estava privado.

A necessidade da fundação dos observatórios no Brasil se dá, de acordo com a pesquisa, pelos índices de corrupção existentes no meio político, relatado em toda a mídia, pois os governantes confundem os bens públicos com os seus particulares.

Os alvos dos observatórios, visando uma maior transparência dos atos públicos e as garantias de economicidade de recursos, foram às licitações.

Como os observatórios são instituições novas, algumas sendo instituídas em 2011, elas têm o seu foco de atuação voltado à diminuição de preço, porém com o passar dos anos e experiência adquirida com os métodos de controle e fiscalização, eles poderão adentrar, como algumas entidades mais atuantes já fazem, no campo da qualidade dos produtos. Pois pairando a análise apenas no preço, os produtos poderão ter qualidade inferior aos oferecidos no mercado.

Por meio dela foi cobrada a participação de um número maior de empresas, visto que, vez por outra, os processos eram direcionados a um conjunto limitado de participantes, inibindo a concorrência e aumentando a possibilidade de fraude.

O combate ao processo de direcionamento de licitações foi debatido procurando achar alternativas de inserir novos competidores nos certames. Algumas ações foram tomadas nesse sentido como as parcerias com o SEBRAE e o cadastramento de empresas e licitações em sistemas integrados, geridos pelos observatórios, visando a sintonia entre comprador, que é o poder público, e o vendedor, o empresário.

Tendo em vista que os observatórios possuem as premissas de instituições sem fins lucrativos, apartidarismo político e voluntariedade, eles recebem o apoio de várias entidades de peso, isso resulta em um fortalecimento de sua imagem perante a sociedade, o que agrega valor e credibilidade as suas ações.

Os projetos de educação fiscal, realizadas em reuniões na própria entidade, escolas e congressos, visam aprofundar o conhecimento da população sobre as maneiras de mobilização e fiscalização que podem ser implementados pela organização dos cidadãos, como, por exemplo, a fundação de um observatório em determinado Município.

Os observatórios possuem uma função de extrema importância com relação a educação dos cidadãos. Esse foco está sendo priorizado por alguns observatórios que possuem uma atividade educacional e de conscientização da população como uma de suas molas mestras, pois um povo sem cultura não consegue se organizar para exercer o controle social necessário para as futuras gerações de gestores dos recursos públicos.

Os casos em que são trabalhados a educação dos cidadãos buscam elucidar as pessoas os casos em que a população pode interferir nas ações do governo, mostrando que as pessoas com conhecimento e organizadas podem manter um grau satisfatório de controle e participação social, minimizando os atos de corrupção e desvios de verbas.

A Universidade Federal de Santa Catarina, atualmente, não possui participação nas ações de fiscalização e monitoramento das contas, porém atuou em sua fundação, na pessoa do Professor Flavio da Cruz, como suplente do conselheiro fiscal, e estudos estão sendo encaminhados para a retomada da universidade nas ações do observatório.

As fraudes observadas estão dispostas nas mais variadas áreas, como saúde, educação, limpeza e compra de produtos eletrônicos, o que leva os observatórios a aplicar formas de fiscalização criteriosas sem deixar de lado nenhum item dos editais, objetivando intervir quando aparecer alguma compra superfaturadas ou privilégios em razão de especificações de marcas ou empresas.

A compra de medicamentos, merenda escolar e materiais de escritório foram alvos de investigação por parte de alguns observatórios, conseguindo aumentar o número de participantes e diminuir o preço de outros.

A fiscalização exercida pelos observatórios, na sua maioria, faz com que os governos consigam explicar detalhes de licitação e corrigir fatos não observados pelos governos, porém o seu desmembramento para fins de apuração da justiça, dos desmandos e dilapidações já ocorridas não está sendo feita por todos os Observatórios,

até por falta de experiência da instituição ou por falta de mão de obra para tratar de assuntos com um pouco mais de complexidade. Cabe ressaltar que algumas instituições já acionaram a Promotoria de Justiça e Tribunais de Contas, como a AMARRIBO.

O aumento do número de participantes e a diminuição dos preços são alvos permanentes dos observatórios, o que os leva, por exemplo, a pedir esclarecimentos sobre descrição dos itens do edital, visando o não direcionamento de propostas.

Os Observatórios estão carecem de publicidade dos atos realizados por seus membros à sociedade, pois seus trabalhos de fiscalização e monitoramento não tem o devido lugar nas mídias e na sociedade, o que seria de grande valia para o engajamento de novos membros e de mais instituições interessadas em manter o bem estar de todos e o emprego do dinheiro público com qualidade.

O legado que os observatórios estão deixando é uma mudança cultural nas pessoas, com o intuito de formar cidadãos que possam intervir junto ao patrimônio público, fazendo com que a sociedade e os governantes reflitam e não pensem nos seus patrimônios pessoais em detrimento do bem estar das pessoas que compõem a sociedade.