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Apresentam-se, a seguir, as principais conclusões obtidas a partir da análise dos resultados dos ensaios das argamassas, blocos e prismas bem como as conclusões acerca da modelagem dos prismas por elementos finitos.

Embora diversos pesquisadores afirmem que as propriedades da argamassa têm pequena influência sobre a resistência de prismas, isto não foi observado nos resultados deste trabalho. Notou-se que argamassas com praticamente a mesma resistência e rigidez, diferindo na capacidade de retenção de água e composição, podem produzir prismas que apresentem, além de diferentes tipos de ruptura, resistências à compressão e fatores de eficiência distintos.

Conforme já apresentado por vários autores, um aumento na resistência à compressão da argamassa indica um aumento na mesma propriedade dos prismas, embora não proporcional. No entanto, o fato de serem utilizadas argamassas de mesma resistência não garante que os prismas com elas confeccionados, mantendo-se invariável o bloco utilizado, tenham a mesma resistência. A especificação de argamassas para alvenaria estrutural não deve ser baseada unicamente em sua resistência à compressão. Deve-se dar especial atenção às demais propriedades da argamassa, tais como aderência ao bloco e retenção de água, principalmente quando do uso de argamassas industrializadas, já que, pela presença de aditivos, podem apresentar comportamento completamente distinto do de argamassas mistas de cimento e cal, mesmo que tenham algumas propriedades semelhantes.

A metodologia adotada para a determinação do módulo de elasticidade dos blocos parece adequada, fornecendo resultados coerentes. Os valores obtidos foram próximos para todos os blocos e, além disso, variaram no mesmo sentido que a resistência à compressão.

Verificou-se também que a influência da geometria do bloco no fator de eficiência seguiu o mesmo comportamento para todas as argamassas, sendo que houve uma diminuição da diferença entre o maior e menor fator de eficiência ao variar-se esta geometria, quando se utilizaram, seqüencialmente, as argamassas I, C-1 e C-2.

A ruptura dos prismas ocorria, praticamente em todos os casos nos quais se utilizou argamassa mista, por tração no bloco com o aparecimento de fissuras verticais ao longo da parede longitudinal do prisma. Para os casos em que foi utilizada a argamassa industrializada, a ruptura aconteceu por esmagamento da junta de argamassa e esfacelamento do bloco nas proximidades da junta.

Os ensaios de deformação longitudinal dos prismas geraram resultados satisfatórios, sendo que as curvas de tensão x deformação específica tiveram um comportamento bastante homogêneo. Basicamente, a tensão apresentou uma relação parabólica com a deformação específica com coeficientes de correlação bastante elevados.

Com relação aos ensaios para a determinação da deformação transversal dos prismas, verificou- se que os valores de deformação são da mesma ordem de grandeza dos obtidos para a deformação longitudinal. Entretanto, não houve uma tendência coerente de comportamento para as deformações transversais, nem quando se variou a argamassa ou quando se variou da geometria do bloco, que pudesse servir de indicação do desempenho dos blocos e argamassas. A distribuição das tensões obtidas pela análise por elementos finitos está de acordo com as observações experimentais de ensaios de prismas: argamassa mais deformável sendo comprimida lateralmente pelo bloco mais rígido, e este sendo tracionado lateralmente.

Através da modelagem por elementos finitos verificou-se que, além das tensões de tração geradas pela diferença de deformabilidade entre o bloco e a argamassa, a geometria do bloco também foi responsável pelo surgimento de tensões de tração diferenciadas nos blocos. Como regra geral, pode-se afirmar que as geometrias que apresentaram os maiores valores de tensões de tração no bloco central obtiveram piores resultados no fator de eficiência.

Ao término deste trabalho, acredita-se que a especificação de argamassas e blocos de concreto para a alvenaria estrutural não deva ser baseada unicamente em sua resistência à compressão. Deve-se dar especial atenção às demais propriedades da argamassa, tais como aderência ao bloco e retenção de água, principalmente quando do uso de argamassas industrializadas, já que, pela presença de aditivos, podem apresentar comportamento completamente distinto do de argamassas mistas de cimento e cal, mesmo que tenham algumas propriedades semelhantes. Para os blocos, atentar para a geometria e a compatibilidade entre a argamassa e o bloco. Recomenda- se assim, que a resistência de projeto da alvenaria seja baseada em estudos de prismas com a

utilização dos materiais e mão-de-obra que serão efetivamente usados na obra.

Além disso, constatou-se que o uso indiscriminado de blocos de concreto de diferentes procedências, que apresentem a mesma resistência característica, em uma mesma obra, é prática inadequada. Quanto às argamassas, ficou evidente que a determinação das propriedades mecânicas em corpos-de-prova confeccionados em moldes estanques não conduz a resultados satisfatórios, para se prever o comportamento da alvenaria. Sendo assim, o desenvolvimento de novos produtos deverá ser baseado em resultados de ensaios mais elaborados que permitam avaliar com mais precisão o real comportamento da argamassa enquanto junta de alvenaria. As principais recomendações advindas deste trabalho estão relacionadas a seguir:

• Repetir os experimentos variando-se além da geometria dos blocos também a resistência à compressão;

• Proceder a análise por elementos finitos utilizando-se a geometria real e com um refinamento maior da malha;

• Aperfeiçoar o ensaio de deformação transversal dos prismas para a obtenção de resultados mais confiáveis que possam servir de base para uma análise do desempenho de blocos, argamassas e grautes;

• Avaliar a resistência à compressão, módulo de elasticidade, fator de eficiência de prismas grauteados quando do uso de diversas geometrias e resistências de blocos em associação a argamassas de diferentes tipos e resistências à compressão e grautes de diversas resistências à compressão;

• Verificar a influência da geometria dos blocos o fator de eficiência e na deformabilidade de prismas grauteados;

• Investigar a distribuição de tensão gerada nos prismas grauteados para diferentes combinações de geometrias e resistências de bloco, argamassas e grautes através da modelagem por elementos finitos.

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