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As considerações finais buscam sintetizar os capítulos sobre os quais a monografia foi forjada, a fim de apresentar as conclusões que a pesquisa proporcionou, assim como, as questões que surgiram e instigaram a continuidade dos estudos acerca de temática da educação superior brasileira.

A fundação das universidades brasileiras como um projeto das elites a fim de realizar a manutenção de suas posições de privilégios no seio de um estado que se organizava sob os paradigmas republicanos sustentados pela igualdade a partir de mecanismos de justiça a fim de garantir direitos perpetuou-se ao longo das décadas do século XX como um direito não universalizado, no sentido de não alcançar maiores números da sociedade e assim tornar-se universalizado, mas se contornou como um serviço para atender elites, reforçando a ideia de um direito pouco popular.

As relações de cooperação internacional estabelecidas nos anos 1960 foram o principal gatilho para a conversão desse segmento de educação de direito em serviço quando reformulou o arcabouço jurídico-legal criando dispositivos que regulamentavam a transferência de verbas e recursos públicos para instituições não-públicas que pudessem ofertar esse nível de educação e, assim transferindo não só recursos para a iniciativa privada mas sim o poder de coordenação e de direcionamento desse nível de educação dos interesses e necessidades públicas e coletivos paras os interesses privados, corporativos e empresariais como condutor lógico desse segmento de educação.

As reformulações do ordenamento jurídico da educação brasileira dos anos 1990 e 2000, intensificaram as relações público-privada ao incorporar as demandas dessa década aos objetivos da educação superior para o século XXI novamente priorizando os interesses privados, corporativos e empresariais ante a uma política pública inclusiva, que ações governamentais são deflagradas com o intuito de promover a democratização da educação superior, entre elas podemos destacar o ProUni e em especial o REUNI. Sobre o primeiro podemos afirmar que fortaleceu a lógica de transferência da responsabilidade pública com a educação para a iniciativa privada, ao passo que o segundo, buscou ampliar as vagas públicas das universidades federais a partir dos recursos públicos, assim, podemos compreender o primeiro como uma ação governamental contraditória que fortaleceu a expansão privada a partir de verba pública, e o segundo, apesar de suas críticas e contradições, como um programa que fortaleceu as universidades federais como nunca antes visto na história

desse país, sobretudo quando se observa os números acumulados desde sua implementação efetivamente em 2008.

Nesse sentido o REUNI contribuiu efetivamente com a mudança do perfil discentes das universidades federais quando foi incorporado ao seu funcionamento as reserva de vagas com as cotas para estudantes de escolas públicas e autodeclarado negros, com a criação do SiSU que possibilitou que estudantes pudessem concorrer a universidades sem terem a necessidade de se deslocarem até as mesmas com a criação, por assim dizer, de um vestibular nacional a partir da prova do Enem; Essas ações, obviamente somadas a duplicação da oferta de vagas nas universidades federais, são os pontos nevrálgicos para a mudança no perfil discente, como é apontado hoje sendo muito mais diverso social e culturalmente no que diz respeito as origens e trajetórias dos estudantes, que possuem majoritariamente como discurso que são os primeiros de suas famílias a ingressarem em um curso superior e assim, muitos Brasil à fora, se intitulam filhos do REUNI.

As percepções de cunho pessoal se posicionam entre as ambivalências e contradições que marcam a história da educação superior brasileira, pois compreende o REUNI como um programa inacabado, por um lado, no sentido de que além de obras de campi a serem concluídas ou do fortalecimento de políticas de permanência estudantil ou de reformulação das carreiras dos profissionais da educação das universidades, e, por outro lado, um programa inconcluso, no sentido de não tem fim pois implementou mudanças que dificilmente serão recuadas ou completamente desfeitas, como a desvinculação da reserva de vagas nas universidades federais; Mas compreendo inconcluso também como uma provocação de que os resultados de números de formandos em diferentes níveis só tendem a aumentar. Inconcluso por que não se delimitou quais seriam os impactos do programa e isso talvez não seja possível, mas prefiro colocar simbolicamente como mais uma etapa do REUNI, como um dos entrevistados provocou, seja o retorno dos estudantes que vivenciaram o REUNI às universidades agora como docentes.

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Anexos

Roteiro de entrevista das Discentes 1 e 3

Gostaria de ter como foco dessa entrevista aspectos que tratem o REUNI de maneira ampla, com especial atenção a três pontos:

I) A Função Social da Universidade numa perspectiva de Política Pública estratégica e as relações Público-Privado,

II) Refletir o Reuni como uma Política Pública “holística”,

III) Pensar o Reuni como uma política que remodela a Função Social da Universidade e imbricações.

Roteiro de entrevista da Discente 2

Gostaria de ter como foco dessa entrevista aspectos que você trata na sua dissertação, com especial atenção a três pontos:

I) Perspectivas dos Docentes antes e depois do REUNI (Tensões quando o ESR entra no Reuni); II) Como cada uma dessas gerações concebe a Universidade;

III) Conflitos geracionais entre docentes e como cada uma dessas gerações se relaciona com as demais “categorias” da comunidade acadêmica.

Roteiro de entrevista das Docentes

Gostaria de ter como foco dessa entrevista aspectos que tratem o REUNI de maneira ampla, com especial atenção a três pontos:

I) O REUNI na UFF, como foi o processo de adesão da Universidade de do Instituto? Relatem os debates, os conflitos, as alianças, os aprendizados, os resultados, etc.

II) A Democratização da Universidade Pública proposta pelo REUNI, quais os principais impactos na Universidade ? E no ESR ?

III) REUNI e aspectos técnicos. Como foi a questão no corpo Docente ? O Coeficiente 18/1 ? Novas contratações ? Criação de novos Cursos e Reformulação dos Currículos ?

IV) Sobre o ESR, o ontem, o hoje e o amanhã ? E no mesmo sentido, para a UFF ? E para Campos e Região, no mesmo sentido ?

V) Futuro do REUNI em face a propostas como Future-se ?

Roteiro de entrevista das Servidoras

Gostaria de ter como foco dessa entrevista aspectos que tratem o REUNI de maneira ampla, com especial atenção a três pontos:

I) REUNI e seu paradigma de Democratização da Universidade Pública. Quais os aspectos e impactos sociais e políticos da implementação do REUNI na UFF e no ESR ?

II) REUNI e aspectos técnicos. Como foi a alocação de técnicos e outros servidores ? Processos de terceirização de atividades ? Existe defasagem de Servidores ? Se sim, em que grau ?

III) Sobre o ESR, o ontem, o hoje e o amanhã ? E no mesmo sentido, para a UFF ? E para Campos e Região, no mesmo sentido ?

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