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CONSIDERAÇÕES FINAIS

No documento Relatório de Estágio Vanessa Candeias (páginas 59-62)

O presente relatório teve o intuito de apresentar um percurso de desenvolvimento de competências de EESM que teve subjacente a temática da promoção do BEP. A implementação do projeto de estágio foi norteada por dois objetivos gerais, um direcionado para o meu desenvolvimento de competências e outro para o estudo do fenómeno da promoção do BEP. De um modo global considero que perante o planeado foi possível o desenvolvimento do projeto de estágio tal como perspetivado.

No que concerne ao objetivo geral de desenvolver competências de EESM para a promoção do BEP no adulto jovem com alterações da saúde mental em processo de transição, decorreram objetivos específicos que atenderam ao perfil competências definido para o EESM (OE,2010a).

Foi mobilizado o processo de cuidados de enfermagem, no cuidado aos clientes apresentados no presente relatório. Sabe-se que o processo de enfermagem constitui-se como uma metodologia através da qual o enfermeiro pode prestar cuidados utilizando uma abordagem sistemática e científica (Townsend, 2012). Neste sentido perante a concretização dos objetivos específicos e a prestação de cuidados com base no processo de cuidados de enfermagem, considero que me foi possível desenvolver competências:

“Assiste a pessoa ao longo do ciclo de vida, (…) , na optimização da saúde mental; ajuda a pessoa ao longo do ciclo de vida, integrada na família, grupos e comunidade a recuperar a saúde mental, mobilizando as dinâmicas próprias de cada contexto; presta cuidados de âmbito psicoterapêutico, socioterapêutico, psicossocial e psicoeducacional, à pessoa ao longo do ciclo de vida mobilizando o contexto e a dinâmica individual, familiar, de grupo, de forma a manter, melhorar e recuperar a saúde” (OE,2010a).

No decorrer dos cuidados prestados enquanto futura EESM, desencadearam-se reflexões que me permitiram aceder a novos níveis de autoconsciência e conhecimento, que contribuíram para o desenvolvimento da competência “detém um elevado conhecimento e consciência de si enquanto pessoa e enfermeiro, mercê de vivências e processos de autoconhecimento pessoal e profissional” (OE,2010a). Foi a continuidade de um percurso de desenvolvimento, que através da supervisão clinica dos Srs. Enfermeiros orientadores, me incitaram a sair da zona de conforto, para um confronto e a

aceder a novos níveis de autoconsciência, sobretudo no seio da relação terapêutica. Foi na tentativa de

“melhorar a compreensão que tem de si próprio, das suas crenças, dos seus hábitos, das suas aversões,

dos seus sentimentos, dos seus medos, tomar consciência dos seus mecanismos de projecção e de defesa, a fim de adquirir uma autenticidade e um certo nível de confiança que lhe permitiram melhorar

a qualidade dos cuidados que presta” (Diogo,2006, p. 81).

O primeiro estágio na UICA foi marcado pela exploração/reflexão da concetualização do projeto de estágio, de modo a executa-lo na prática de cuidados. Nesta etapa procurei aliar a minha prática com teoria, perspetivando a minha avaliação e intervenção à luz de modelos teóricos e recorrendo ao uso da linguagem CIPE no plano de cuidados. Foi um trabalho de pesquisa, uma procura do sentido e ligação das aprendizagens, a procura de intervenções individualizadas ao cliente, assim como a avaliação do seu resultado.

No segundo estágio na ECSM foi dada continuidade ao trabalho realizado e dado enfoque ao desenvolvimento de todos os objetivos do projeto. Neste estágio considero que foi conseguido, com a supervisão clinica da Srª Enf. Orientadora, a prestação de cuidados perspetivando-me como futura EESM, baseados: no respeito pelas capacidades, vulnerabilidades, crenças, valores e desejos do cliente; tendo na sua base de intervenção uma relação de confiança e parceria; realizando um planeamento, implementação e avaliação dos seus cuidados especializados, em que a promoção do potencial de saúde mental do cliente foi conseguida através da valorização e otimização das respostas humanas aos processos de transição (Regulamento n.º356/2015 de 25 Junho). Foram utilizados em ambos os estágios, como estratégias de estudo e de desenvolvimento pessoal e profissional o estudo de caso e a realização de um portfólio reflexivo.

No que concerne ao segundo objetivo geral de descrever as características de um fenómeno-promoção do BEP no adulto jovem com alteração de saúde mental em processo de transição, foi conseguido tendo por base os estudos de caso realizados a C1 e C2. Os objetivos específicos constituíram como questões orientadoras do estudo de caso.

Na tentativa de descrever os contributos da promoção do BEP no jovem adulto com alteração da saúde mental em processo de transição, considero

que no caso de C1 e C2 a mobilização do modelo e escala de BEP, possibilitou quantificar e avaliar logo na(s) primeira(s) entrevista(s), como C1 e C2 se situavam perante cada área do BEP. Isto é, identificaram o quão satisfeitos sentiam em domínios psicológicos diversos e de que recursos psicológicos dispunham na relação consigo, com o meio e em relação às capacidades de adaptação (Novo, 2003). Corroborar os valores da escala com dados qualitativos permitiu aceder à individualidade dos clientes em cada constructo, evidenciando-se áreas de intervenção e facilitando, fundamentando o levantamento de diagnósticos de enfermagem. A promoção do BEP teve também o intuito de dar contributos aos processos de transição dos clientes, considerando que “a existência de objetivos de vida e o envolvimento em esforços de crescimento pessoal influenciam o modo como são vividas as experiências e as fases de transição de vida e contribuem positivamente para o bem-estar psicológico” (Novo, 2003, p. 69).

Relativamente ao objetivo de Identificar as intervenções de enfermagem de âmbito psicoterapêutico, socioterapêutico, psicossocial e psicoeducional que foram mobilizadas para a promoção do BEP, posso dizer que as intervenções realizadas foram mobilizadas no seio de entrevistas de ajuda. Verificou-se determinante o desenvolvimento de uma relação de ajuda, que foi pautada por influências de uma filosofia humanista, cuja origem se deve a Carl Rogers. Foram mobilizadas nas entrevistas de ajuda, intervenções das quais destaco o desenvolvimento de estratégias de coping, apoio na tomada de decisão, gestão da ansiedade, estratégia de resolução de problemas, entre outras que se identificaram como benéficas a cada cliente.

Quanto a descrever as principais dificuldades e facilidades apresentadas pelos adultos jovens em processo de transição para atingirem estados de BEP, como facilidade identificou-se a ligação à equipa de cuidados e como dificuldades fatores pessoais nomeadamente condicionados pela história de vida do cliente e condicionantes da própria doença.

Terminando, considero que cuidados de enfermagem centrados no cliente, nas suas necessidades devem ir além dos fenómenos de doença, devem sim ter em conta eventos de vulnerabilidade acrescida, real ou potencial, que de forma direta ou indireta afetam a saúde, a saúde mental e o seu BEP.

No documento Relatório de Estágio Vanessa Candeias (páginas 59-62)

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