Com a concretização deste relatório pedagógico pretendemos consubstanciar, pensar, fundamentar e refletir sobre as tomadas de decisão, metodologias, estratégias e procedimentos adotados ao longo do EP na EBSAAS. Convictos que o EP carateriza-se como um processo de elevada complexidade, exigindo esforço, dedicação, resiliência, capacidade de adaptação e responsabilidade.
Assim, perante a construção de um processo pedagógico, conscientes que o contexto escolar sofre inúmeras alterações, a capacidade de reconstrução do pensamento e inovação, são as palavras-chave imprescindíveis para os docentes de EF.
A conclusão do MEEFEBS é vista como um marco na formação, bem como na habilitação profissional na disciplina de EF. Contudo, é preciso considerar que as competências adquiridas e consolidadas ao longo do EP, vão para além da lecionação da disciplina de EF, abrangendo um contexto alargado e multidisciplinar. No nosso ver, estas competências permitirão uma melhoria na compreensão e aplicação dos conhecimentos, nomeadamente, na resolução de problemas.
Perante isto, a experiência profissional docente captou um processo de maturação a dois níveis, isto é, profissional e pessoal.
Assim, no campo profissional por meio da lecionação pudemos desenvolver os conhecimentos tático-técnicos, utilização das estratégias diversificadas e metodologias de ensino de acordo com as caraterísticas da turma, com vista a despoletar o processo de ensino-aprendizagem.
Em contrapartida, no âmbito pessoal, pudemos desenvolver um papel humano e social, interligado com as atitudes e valores, contribuindo para uma formação eclética.
Nesta secção do relatório temos o intuito de tentar sublinhar as mudanças mais significativas ao longo do estágio e os aspetos mais marcantes do processo.
Como mencionado em capítulos anteriores, o início do estágio, bem como da Prática Letiva acarreta no estagiário alguma responsabilidade que se traduz em momentos de stress e receios, devido ao facto de estarmos sob avaliação e querermos desenvolver o processo de ensino-aprendizagem eficaz nos alunos, contribuindo para a saída da nossa zona de conforto.
Realizando uma retrospetiva, numa fase inicial, verifica-se que o mais importante é cumprir o PdA à risca, não havendo, portanto, muita flexibilidade, independentemente do resultado positivo ou não dos exercícios. Contudo, com o decorrer da Prática Letiva,
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constata-se um maior ganho de confiança permitindo uma adequação do plano consoante as necessidades dos alunos, desenvolvendo assim a capacidade reflexiva e adaptativa. Posto isto, o foco passou a ser o aluno, bem como a sua aprendizagem.
No entanto, a reflexão assume-se como um aspeto fulcral, uma vez que nos permite repensar e analisar sobre a importância de um bom planeamento e direcionarmos a prática pedagógica futura. Em síntese, pretende-se que futuramente o docente seja capaz de responder às fragilidades dos alunos e direcioná-los para um ensino ativo, procurando o desenvolvimento do processo ensino-aprendizagem.
Com este ensino à distância, a meio do ano letivo, fiquemos cientes que a utilização de ferramentas inovadores, bem como enquadradas com a sociedade tecnológica, poderá suscitar um conjunto de competências essenciais para o desenvolvimento de capacidades obrigatórias, mencionados no perfil dos alunos à saída da escolaridade obrigatória.
Assim, a utilização do smartphone e do computador como instrumento de lecionação e gravação do movimento poderá desenvolver a capacidade de consciência do esquema motor, através da sua análise.
Urge mencionar que as metodologias, estratégias e processo utilizados, têm uma influência no processo formativo docente. Perante isto, todos os desafios e problemas resolvidos, foram solucionados por estratégias e metodologias, bem como alicerçado de um processo de análise crítica-reflexiva, contribuindo significativamente para a aquisição de aprendizagens e competências.
Sabendo que o desenvolvimento do docente vai para além da prática pedagógica, estão subjacentes outras componentes, destacando a: intencionalidade das ações perante os comportamentos que o docente pretende solicitar aos discípulos, sistematizar e organizar os saberes e os conhecimentos, de modo a facilitar a aprendizagem dos alunos.
Assim, importa destacar algumas competências didático-pedagógicas adquiridas pelo docente, nomeadamente controlo da gestão do tempo de aula, gestão dos comportamentos de desvio, comunicação e apresentação de conteúdos de forma mais assertiva, clara e enquadrada, capacidade de apropriação das situações de aprendizagem, consoante dos objetivos delineados e as necessidades do aluno e, por fim, capacidade de análise e, posterior, reflexão sobre as situações vividas.
Nesta linha de pensamento, na atualidade, entendemos que o ato de lecionar, não exige ao docente apenas um vasto conhecimento científico, mas, por outro lado, é crucial saber lidar com os alunos, compreendê-los ao nível dos medos e dificuldades e, o mais
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importante, saber identificar e aplicar estratégias para responder às diferentes motivações dos alunos.
Tal como mencionado anteriormente, formar e educar também permite criar sinergias entre os diversos elementos da comunidade educativa, sendo assim foi nosso objetivo criar relações interpessoais com a turma.
A abordagem do MED revelou-se uma ferramenta importante relativamente ao objetivo anterior, assim como, envolver os alunos de forma mais ativa no processo de ensino-aprendizagem, verificando-se uma motivação acrescida dos alunos para a disciplina de EF. Contudo, esta abordagem é apenas um exemplo para o objetivo delineado.
Posto isto, acreditámos que ao adotarmos estratégias diferentes do quadro conceptual do tradicional irá despoletar o interesse e motivação dos alunos, porém é necessário ter em conta o contexto e as caraterísticas da turma.
É necessário realçar que existem momentos de frustração, pois quando iniciamos o EP, numa fase periódica, o nosso objetivo passa por inovar e deixar de utilizar o quadro conceptual tradicional, isto é, pretende-se colocar o aluno no centro do processo ensino- aprendizagem, apesar de termos isto em conta, nem sempre desenvolvemos um processo pedagógico enquadrado com estas ideias.
Neste sentido, optámos por abordar o MID, nos JDC, de modo averiguar se os alunos continuam motivados para as aulas ao utilizar-se tal modelo.
Tendo por base a Taxonomia proposta por Almada, Fernando, Lopes, Vicente e Vitória (2008) para a organização das matérias de ensino, poderíamos ter desenvolvido uma prática pedagógica mais integral para os desportos que solicitam os mesmos comportamentos, desenvolvendo aulas politemáticas, de modo a tornar o aluno eclético e integral, contribuindo também para diversas experiências desportivas. Mas, devido à limitação da escola na definição das matérias de ensino tornou-se difícil a utilização esta metodologia, assim as metodologias e estratégias influenciam o foco do processo.
Contudo, as influências que sofremos ao longo do EP, acabam por desencadear um efeito nas nossas práticas.
Em suma, o EP permitiu para o enriquecimento da nossa formação, tornando-a marcante. Apesar da nossa aventura estar a começar, pois existem ainda competências e conhecimento por desvendar, por explorar e refletir. Assim, o nosso caminho ainda é longo e muitas interrogações irão surgir, mas por meio da ambição, pesquisa e trabalho poderemos seres “bons profissionais de EF”. Posto isto, “A fase de formação inicial é o
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período durante o qual o futuro professor adquire os conhecimentos científicos e pedagógicos e as competências necessárias para enfrentar adequadamente a carreira docente.” (Costa, 1996, p.10).
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