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Com a instituição do Código de Defesa do Consumidor, houve uma grande proteção aos consumidores que até então não possuíam um diploma legal específico voltado para sua defesa.

A teoria da culpa, até então, era instrumento basilar para a verificação da responsabilidade civil. O Código Civil de 1916, baseado em tal entendimento, legitimou o princípio geral da teoria da culpa, o qual obrigatoriamente exigia três pressupostos coexistentes para haver a obrigação de reparar o dano: a culpa do agente, o dano e o nexo causal entre dano e culpa.

O lapso de tempo da entrada em vigor do Código Civil de 1916 para concepção Código de Defesa do Consumidor, houve grande aumento nas relações de consumo durante este período e a sociedade começou a perceber que poderia ser ressarcida pelos danos a ela causados. O CDC foi, destarte, o ordenamento jurídico que possibilitou sua defesa e proteção.

Vários pontos deste diploma legal sofreram significativas as inovações, entre elas destaca-se a adoção da responsabilidade objetiva conjuntamente com a subjetiva.

O Código de Defesa do Consumidor regula a responsabilidade civil de duas formas, ambas inseridas no Capítulo IV: a Responsabilidade pelo Fato do Produto e do Serviço, constante na Seção II e a Responsabilidade Por Vícios do Produto ou do Serviço, constante na Seção III. Ambas adotando a Teoria Objetiva, fugindo da regra do artigo 159 do CC no que diz respeito à relação de consumo.

Expressa tal regra no CDC, não se indaga a existência da culpa. Ela não interfere na responsabilização, bastando apenas a demonstração do nexo causal e do dano ressarcível em sua extensão.

Inobstante, o Código abre uma exceção em seu artigo 14, parágrafo 40. Quando se tratar de uma prestação de serviços feita pelos profissionais liberais, estes serão responsabilizados pessoalmente pelos danos causado mediante verificação de culpa. Esta disposição alcança, desta forma os advogados.

A este respeito, verificamos que o legislador acertou em não excluir a prestação de serviços por parte do profissional liberal do âmbito do CDC.

Sendo verificado ser de natureza contratual o serviço prestado pelo advogado, sendo este, laborando em pessoa física, a teoria que deve ser levada em

consideração no caso concreto é a que a responsabilidade contratual presume culpa, cuja inexistência da culpa deve ser provada, enquanto, advogados associados, laborando mediante pessoa jurídica, a teoria que deve ser empregada devidamente é a objetiva, não há de se falar da culpabilidade do agente, pois não é necessária para a consumação do ato danoso.

O advogado assume uma obrigação de meio por ser imposta a ele a responsabilidade civil, seja ela qual for, objetiva ou subjetiva. Obrigação de meio é aquela em que o devedor se obriga a utilizar o máximo de diligencia necessária para a prestação do serviço, sem se vincular a um resultado.

As jurisprudências encontradas e expostas no presente trabalho mostram-se pacificadas pela adoção desta forma de obrigação.

Por todo o exposto, verificamos que o consumidor/cliente está bem aparado pela legislação vigente, sendo resguardados todos os seus direitos. Ademais, o ordenamento está em constante mutação para o aperfeiçoamento profissional no ramo da advocacia social, técnica, ética e responsável.

Por fim, a responsabilidade delineada no CDC é a responsabilidade com presunção júris tantum, admitindo a contraprova, possibilitando a reparação sem a prova da causa do evento, sem a discussão da culpa.

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