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CONSIDERAÇÕES FINAIS

A internet é hoje fonte primária de informação para milhões de pessoas. A agilidade com que por meio dela se noticiam fatos e sua capacidade de levar informações a qualquer parte do mundo de forma instantânea são características que a destacam dos meios

predecessores.

Se, num primeiro momento, o jornalismo praticado na internet baseava-se no modelo estático de comunicação, onde os leitores apenas absorviam o conteúdo disponibilizado, agora a regra é a interatividade com os usuários, que são encorajados a participar do processo de produção jornalística.

Este novo formato foi influenciado diretamente pela emergência da Web 2.0, termo usado para designar a segunda geração de serviços na internet que trouxe ao ambiente online um conjunto de novas técnicas informáticas e mercadológicas. Seria como a segunda versão de um programa. O resultado disso foi o surgimento de uma nova lógica para as empresas de internet, que passaram a privilegiar a interatividade com os internautas, fazendo uso de novas formas de organização e publicação de conteúdo na rede.

Neste processo de mudança entre o que seria a Web 1.0 e sua nova versão, o divisor de águas foi a chamada “bolha da internet”, no final de 2001. Até, então, havia um enorme entusiasmo quanto ao potencial do meio, que era anunciado como o negócio do futuro. Empresas investiram forte neste setor, porém, a internet ainda não estava preparada para sustentar negócios em tamanha proporção. Ou, pelo menos, da forma como as empresas os enxergavam. Boa parte das companhias baseadas em serviços web tiveram de reduzir suas equipes drasticamente ou simplesmente faliram. Algumas, porém, passaram ilesas pela crise ou até mesmo se fortaleceram a partir dela. Eram companhias que já seguiam a nova lógica da internet.

As inovações trazidas pela Web 2.0 podem ser resumidas em dois pontos-chave: a percepção de que a internet deveria ser vista como uma plataforma para a oferta de serviços, que antes eram consumidos por meio de programas instalados no computador, e o incentivo ao protagonismo dos usuários, que passaram a ser vistos como co-autores dos produtos online.

A sobrevivência das empresas na internet foi resultado, principalmente, da percepção do poder do que Tim O´Reilly chama de “inteligência coletiva”: na base dos serviços deve estar o acesso dos usuários. Esta característica nos parece a mais relevante, pois foi definitiva para a adoção de um novo formato no jornalismo praticado na internet.

Os veículos de informação passaram a ter de se preocupar em criar espaços para que o leitor pudesse participar, fosse por meio de comentários sobre o conteúdo disponível e canais de debate entre leitores, ou até mesmo pelo incentivo ao envio de material jornalisticamente relevante, promovendo os internautas a verdadeiros repórteres.

Os principais jornais do mundo destacam em suas páginas online canais de jornalismo participativo, incentivando, por exemplo, o envio de relatos, fotos e vídeos por testemunhas oculares de fatos importantes ou perguntas para compor entrevistas com personalidades.

Outro elemento da Web 2.0 adotado hoje amplamente pela grande mídia é o blog. A popularidade deste sistema de publicação e sua consolidação como ferramenta de produção de conteúdo na rede é reflexo do fenômeno de valorização da participação do usuário. O blog, de certa forma, coloca o cidadão comum e o jornalista profissional no mesmo patamar, uma vez que reduz drasticamente as dificuldades de publicação e veiculação de conteúdo. Basta ter um computador com conexão à internet para levar a milhões de leitores mundo afora a sua

produção pessoal.

Os grandes veículos perceberam o potencial dos blogs e passaram a usá-lo em suas páginas eletrônicas com jornalistas renomados no papel de blogueiros. Valendo-se das características de fácil publicação e de impessoalidade desta ferramenta de publicação, os blogs jornalísticos passaram a ser espaços de opinião, aproximando-se ao formato das colunas de jornais.

A agilidade do meio digital propiciou o surgimento de uma nova maneira de se fazer jornalismo. O blog aumentou ainda mais a facilidade de publicação de conteúdo, ampliando a corrida por imediatismo no meio. O caráter dinâmico do jornalismo online, que prima pela atualização constante e em ritmo incessante, trouxe benefícios visíveis para empresas de comunicação e, é claro, para os leitores. É importante ressaltar, entretanto, que a corrida pela produção de noticiário traz riscos de imprecisão no conteúdo por parte dos jornalistas. Muitas vezes, os veículos precipitam-se em divulgar uma informação sem que ela seja

completamente apurada e confirmada. Vale lembrar, ainda, que a repercussão de fatos na rede é muito mais rápida do que a de uma notícia divulgada nas páginas de jornais e revistas, fazendo com que eventuais erros sejam mais dificilmente corrigidos.

Se os veículos diários rapidamente encontraram o modelo a ser usado na internet com a cobertura em tempo real, as revistas semanais de informação demoraram um pouco mais a entender como deveriam estar representadas na rede. No início, limitavam-se a transpor o conteúdo pensado para a versão impressa ao ambiente web. Diante do dinamismo do meio e da disseminação da Web 2.0, elas tiveram de se adaptar. Se antes, a informação sobre um

acontecimento começava na revista e, eventualmente, continuava no site - com a inclusão de vídeos, arquivos de áudio e fotogalerias -, agora o leitor pode começar sua leitura na internet, continuar se informando nas páginas da revista e voltar ao site. A versão eletrônica da

publicação é visto como um espaço fundamental, onde o leitor pode encontrar formas diferentes de apreciar os fatos, com ampla utilização de recursos multimídia, e se informar não apenas uma vez por semana, mas todos os dias.

ANEXO I – Evolução das páginas de Veja

1997

2000

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