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Sabemos que o conceito de infância foi criado ao longo da história, assim como nos mostra Philippe Ariès. Até o fim do século XVII, aproximadamente, o sentimento de infância era ausente, havia a criança em si mas o sentimento que conhecemos hoje por elas. As crianças eram vistas e vestidas como adultos em miniaturas, seus cuidados e educação eram feitos especialmente pelas mães, eram tratadas como adultas, tidas como criaturas de Deus, frágeis, ingênuas que deveriam ser protegidas e disciplinadas, havia também instituições alternativas que cuidavam de crianças em situações desfavoráveis ou que eram rejeitadas. Não se tinha a visão de criança que temos atualmente, a criança não era vista como um ser atuante na sociedade, mas como desconsiderá-las? Como deixar de vê-las como um todo e olhá-las no individual, como se fossem culpadas de tudo o que ocorre com elas, como se as transformações que perpassam suas vidas fossem extrínsecas a elas.

Se um adulto sofre com a atual condição social, econômica, política em que vivemos atualmente no Brasil, imaginem a criança? Imagine uma criança da comunidade, muitas vezes sem ter o que comer, vestir, com quem conversar, brincar, vivendo a realidade da “favela”, a qual sabemos que não é nada fácil, esta criança vai chegar e extravasar na escola, se vê a mãe apanhando do pai pode ser que bata em outras crianças, pois é o que ele vê e reproduz, se não tem muito contato com outras crianças fora da escola para brincar pode ser que seja lá dentro que ele busque brincar, afinal é criança, precisa brincar, precisa viver.

A busca pela cientificidade para resolução de qualquer “problema” vem desencadeando um consumo em massa de medicamentos. Busca-se imediatismo em tudo hoje em dia e o método mais rápido e fácil é o uso do remédio. Ao tentar colocar um padrão, moldar cada sujeito, cada criança, se está rotulando, segregando e aprisionando os sujeitos. Precisamos ter em mente que somos diversos e que a vida é mais ampla e complexa que os padrões de classificação estabelecidos socialmente. O corpo não é um objeto material, uma máquina que precisa ser consertada. O corpo somos nós, nossa subjetividade. Por ele existimos e vivemos. Podemos dizer então que corpos falam e é necessário respeitar todo e qualquer tipo de existência.

Somos mais que diagnósticos, somos seres, somos todos, somos tudo e mais um pouco, somos quem queremos ser ou o que podemos ser.

Vivemos em um momento onde o “desinteresse”, a “dificuldade de aprendizagem” são vistos como doença biológica e esquecemos que nós, seres humanos, não somos constituídos somente de dimensões biológicas. Somos também dimensões sociais, políticas, psicológicas, econômicas e outras. Ou seja, de tudo o que está ao nosso redor e que nos é subjetivo, o que nos atinge.

A escola não é somente um espaço para formação acadêmica da criança – como é apresentada. É o espaço do desenvolvimento social e pessoal da mesma. Portanto deve-se ter prudência com os rótulos dados as criança e não tentar as normatizar. Sabemos que a “disciplina” em sala de aula é importante, entretanto não deve ser produzida com o laudos ou com o uso de psicofármacos, esta – a disciplina – deve ser construída em uma relação entre escola, professor e aluno.

Não devemos buscar rótulos, diagnósticos, laudos para se dar aula, para nos relacionarmos com outros seres humanos, devemos promover a aprendizagem de forma ampla e respeitando o momento e o limite de cada um. É claro que podemos auxiliar para romper os limites, entretanto essa ruptura não deve ser forçada e sim estimulada. Ou como diria Ligia Viégas, "potencializada". Temos de promover a educação livre, a educação que incentiva a criatividade, a educação da descoberta e não a que rotula e estigmatiza o sujeito. A sala de aula pode (e deve!) ser um espaço pedagógico, promotor de aprendizagem e valores significativos. Não um espaço clínico reprodutor de rótulos e promotor da medicalização. Sigamos na luta!

REFERÊNCIAS

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Anexo 1: Critérios diagnósticos para transtorno de déficit de

atenção/hiperatividade – DSM-IV12

Critérios Diagnósticos para Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade

A. Ou (1) ou (2)

1) seis (ou mais) dos seguintes sintomas de desatenção persistiram por pelo menos 6 meses, em grau mal adaptativo e inconsistente com o nível de desenvolvimento:

Desatenção:

(a) frequentemente deixa de prestar atenção a detalhes ou comete erros por descuido em atividades escolares, de trabalho ou outras.

(b) com frequência tem dificuldades para manter a atenção em tarefas ou atividades lúdicas.

(c) com frequência parece não escutar quando lhe dirigem a palavra.

(d) com frequência não segue instruções e não termina seus deveres escolares, tarefas domésticas ou deveres profissionais (não devido a comportamento de oposição ou incapacidade de compreender instruções).

(e) com frequência tem dificuldade para organizar tarefas e atividades.

(f) com frequência evita, antipatiza ou reluta a envolver-se em tarefas que exijam esforço mental constante (como tarefas escolares ou deveres de casa).

(g) com frequência perde coisas necessárias para tarefas ou atividades (por ex., brinquedos, tarefas escolares, lápis, livros ou outros materiais).

(h) é facilmente distraído por estímulos alheios à tarefa.

(i) com frequência apresenta esquecimento em atividades diárias.

2) seis (ou mais) dos seguintes sintomas de hiperatividade persistiram por pelo menos 6 meses, em grau mal adaptativo e inconsistente com o nível de desenvolvimento:

12

Fonte: Página da Web: DSM IV - Manual Estatístico Diagnóstico de Transtornos Mentais, 4ª edição revisada. Disponível em: <http://www.tdah.net.br/dsm.html>. Acesso em 07 jan. 2017.

Hiperatividade:

(a) frequentemente agita as mãos ou os pés ou se remexe na cadeira.

(b) frequentemente abandona sua cadeira em sala de aula ou outras situações nas quais se espera que permaneça sentado.

(c) frequentemente corre ou escala em demasia, em situações nas quais isto é inapropriado (em adolescentes e adultos, pode estar limitado a sensações subjetivas de inquietação).

(d) com frequência tem dificuldade para brincar ou se envolver silenciosamente em atividades de lazer;

(e) está frequentemente "a mil" ou muitas vezes age como se estivesse "a todo vapor". (f) frequentemente fala em demasia.

Impulsividade:

(g) frequentemente dá respostas precipitadas antes de as perguntas terem sido completadas;

(h) com frequência tem dificuldade para aguardar sua vez;

(i) frequentemente interrompe ou se mete em assuntos de outros (por ex., intromete- se em conversas ou brincadeiras).

B. Alguns sintomas de hiperatividade-impulsividade ou desatenção que causaram prejuízo estavam presentes antes dos 7 anos de idade.

C. Algum prejuízo causado pelos sintomas está presente em dois ou mais contextos (por ex., na escola [ou trabalho] e em casa).

D. Deve haver claras evidências de prejuízo clinicamente significativo no funcionamento social, acadêmico ou ocupacional.

E. Os sintomas não ocorrem exclusivamente durante o curso de um Transtorno Invasivo do Desenvolvimento, Esquizofrenia ou outro Transtorno Psicótico e não são melhor explicados por outro transtorno mental (por ex., Transtorno do Humor, Transtorno de Ansiedade, Transtorno Dissociativo ou um Transtorno da Personalidade).

Codificar com base no tipo:

F90.013 - 314.01 Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade, Tipo Combinado:

se tanto o Critério A1 quanto o Critério A2 são satisfeitos durante os últimos 6 meses. F98.8 - 314.00 Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade, Tipo Predominantemente Desatento: Se o Critério A1 é satisfeito, mas o Critério A2 não é satisfeito durante os últimos 6 meses.

F90.0 - 314.01 Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade, Tipo Predominantemente Hiperativo-Impulsivo: Se o Critério A2 é satisfeito, mas o Critério A1 não é satisfeito durante os últimos 6 meses.

Nota para a codificação: Para indivíduos (em especial adolescentes e adultos) que atualmente apresentam sintomas que não mais satisfazem todos os critérios, especificar "Em Remissão Parcial".

F90.9 - 314.9 Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade Sem Outra Especificação

Esta categoria aplica-se a transtornos com sintomas proeminentes de desatenção ou hiperatividade-impulsividade que não satisfazem os critérios para Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade.

13As codificações F90.0, F98.8 e F90.9 correspondem ao CID-10 (Classificação Internacional de

Doenças). F90 - Transtornos hipercinéticos e F98 - Outros transtornos comportamentais e emocionais com início habitualmente durante a infância ou a adolescência. Disponível em: <http://cid10.bancodesaude.com.br/cid-10/f90-f98-transtornos-do-comportamento-e-transtornos- emocionais-que-aparecem-habitualmente-durante-a-infancia-ou-a-adolescencia>. Acesso em: 07 jan. 2017.

Anexo 2: Critérios diagnósticos para transtorno de déficit de

atenção/hiperatividade – DSM-V14

Critérios Diagnósticos

A. Um padrão persistente de desatenção e/ou hiperatividade-impulsividade que interfere no funcionamento e no desenvolvimento, conforme caracterizado por (1) e/ou (2):

Seis (ou mais) dos seguintes sintomas persistem por pelo menos seis meses em um grau que é inconsistente com o nível do desenvolvimento e têm impacto negativo diretamente nas atividades sociais e acadêmicas/profissionais:

Nota: Os sintomas não são apenas uma manifestação de comportamento opositor, desafio, hostilidade ou dificuldade para compreender tarefas ou instruções. Para adolescentes mais velhos e adultos (17 anos ou mais), pelo menos cinco sintomas são necessários.

1) Desatenção:

(a) Frequentemente não presta atenção em detalhes ou comete erros por descuido em tarefas escolares, no trabalho ou durante outras atividades (p. ex., negligencia ou deixa passar detalhes, o trabalho é impreciso).

(b) Frequentemente tem dificuldade de manter a atenção em tarefas ou atividades lúdicas (p. ex., dificuldade de manter o foco durante aulas, conversas ou leituras prolongadas).

14

Fonte: Página da Web: DSM V - Manual Estatístico Diagnóstico de Transtornos Mentais. American Psychiatnc Association (tradução: Maria Inês Corrêa Nascimento, et al.). p.59 – 66. Disponível em:<http://c026204.cdn.sapo.io/1/c026204/cld-

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(c) Frequentemente parece não escutar quando alguém lhe dirige a palavra diretamente (p. ex., parece estar com a cabeça longe, mesmo na ausência de qualquer distração óbvia).

(d) Frequentemente não segue instruções até o fim e não consegue terminar trabalhos escolares, tarefas ou deveres no local de trabalho (p. ex., começa as tarefas, mas rapidamente perde o foco e facilmente perde o rumo).

(e) Frequentemente tem dificuldade para organizar tarefas e atividades (p. ex., dificuldade em gerenciar tarefas sequenciais; dificuldade em manter materiais e objetos pessoais em ordem; trabalho desorganizado e desleixado; mau gerenciamento do tempo; dificuldade em cumprir prazos).

(f) Frequentemente evita, não gosta ou reluta em se envolver em tarefas que exijam esforço mental prolongado (p. ex., trabalhos escolares ou lições de casa; para adolescentes mais velhos e adultos, preparo de relatórios, preenchimento de formulários, revisão de trabalhos longos).

(g) Frequentemente perde coisas necessárias para tarefas ou atividades (p. ex., materiais escolares, lápis, livros, instrumentos, carteiras, chaves, documentos, óculos, celular).

(h) Com frequência é facilmente distraído por estímulos externos (para adolescentes mais velhos e adultos, pode incluir pensamentos não relacionados).

(i) Com frequência é esquecido em relação a atividades cotidianas (p. ex., realizar tarefas, obrigações; para adolescentes mais velhos e adultos, retornar ligações, pagar contas, manter horários agendados).

2) Hiperatividade e impulsividade:

(a) Frequentemente remexe ou batuca as mãos ou os pés ou se contorce na cadeira. (b) Frequentemente levanta da cadeira em situações em que se espera que permaneça sentado (p. ex., sai do seu lugar em sala de aula, no escritório ou em outro local de trabalho ou em outras situações que exijam que se permaneça em um mesmo lugar).

(c) Frequentemente corre ou sobe nas coisas em situações em que isso é inapropriado. (Nota: Em adolescentes ou adultos, pode se limitar a sensações de inquietude.).

(d) Com frequência é incapaz de brincar ou se envolver em atividades de lazer calmamente.

(e) Com frequência “não para”, agindo como se estivesse “com o motor ligado" (p. ex., não consegue ou se sente desconfortável em ficar parado por muito tempo, como em restaurantes, reuniões; outros podem ver o indivíduo como inquieto ou difícil de acompanhar).

(f) Frequentemente fala demais.

(g) Frequentemente deixa escapar uma resposta antes que a pergunta tenha sido concluída (p. ex., termina frases dos outros, não consegue aguardar a vez de falar). (h) Frequentemente tem dificuldade para esperar a sua vez (p.ex., aguardar em uma fila).

(i) Frequentemente interrompe ou se intromete (p. ex., mete-se nas conversas, jogos ou atividades; pode começar a usar as coisas de outras pessoas sem pedir ou receber permissão; para adolescentes e adultos, pode intrometer-se em ou assumir o controle sobre o que outros estão fazendo).

B. Vários sintomas de desatenção ou hiperatividade-impulsividade estavam presentes antes dos 12 anos de idade.

C. Vários sintomas de desatenção ou hiperatividade-impulsividade estão presentes em dois ou mais ambientes (p. ex., em casa, na escola, no trabalho; com amigos ou parentes; em outras atividades).

D. Há evidências claras de que os sintomas interferem no funcionamento social, acadêmico ou profissional ou de que reduzem sua qualidade.

E. Os sintomas não ocorrem exclusivamente durante o curso de esquizofrenia ou outro transtorno psicótico e não são mais bem explicados por outro transtorno mental (p. ex., transtorno do humor, transtorno de ansiedade, transtorno dissociativo, transtorno da personalidade, intoxicação ou abstinência de substância).

314.1 (F90.2) Apresentação combinada: Se tanto o Critério A1 (desatenção) quanto o Critério A2 (hiperatividade-impulsividade) são preenchidos nos últimos 6 meses. 314.0 (F90.0) Apresentação predominantemente desatenta: Se o Critério A1 (desatenção) é preenchido, mas o Critério A2 (hiperatividade-impulsividade) não é preenchido nos últimos 6 meses.

314.1 (F90.1) Apresentação predominantemente hiperativa/impulsiva: Se o Critério A2 (hiperatividade-impulsividade) é preenchido, e o Critério A1 (desatenção) não é preenchido nos últimos 6 meses.

Especificar se:

Em remissão parcial: Quando todos os critérios foram preenchidos no passado, nem todos os critérios foram preenchidos nos últimos 6 meses, e os sintomas ainda resultam em prejuízo no funcionamento social, acadêmico ou profissional.

Especificar a gravidade atual:

Leve: Poucos sintomas, se algum está presente além daqueles necessários para

fazer o diagnóstico, e os sintomas resultam em não mais do que pequenos prejuízos no funcionamento social ou profissional.

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