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4. MODELOS PARA A PREVISÃO DE VIDA ÚTIL DE ESTRUTURAS DE

4.7. CONSIDERAÇÕES FINAIS SOBRE OS MODELOS

Conforme mostrado neste capítulo, existem inúmeros modelos para a previsão de vida útil de estruturas de concreto armado que consideram a iniciação da corrosão por cloretos. Na Tabela 17 é apresentado um comparativo dos parâmetros de entrada do modelo de Andrade (2001), objeto de estudo deste trabalho, e de alguns dos modelos existentes na literatura. Observa-se que grande parte destes modelos são complexos e visam modelar o fenômeno de degradação com fidelidade, demandando dados prévios de estruturas semelhantes ou variáveis de entrada que geralmente são obtidas a partir de ensaios laboratoriais que avaliam características mais específicas do concreto e que muitas vezes não são compreendidas por todos os engenheiros e projetistas. Além disto, por envolverem ensaios laboratoriais não usuais, tais modelos possuem aplicação bastante limitada. Estas características restringem a utilização destes modelos para o meio científico, evidenciando a baixa aplicabilidade prática dos mesmos.

Tabela 17 - Parâmetros de entrada de alguns modelos existentes na literatura para previsão de vida útil de estruturas de concreto

Fonte: Andrade (2001), Uji, Matsuoka e Maruya (1990), Tang e Nilsson (1996), Bob (1996) e Andrade et al. (2009), elaborada pela autora

Adicionalmente, com exceção do modelo de Andrade (2001) e de Bob (1996), as demais formulações têm como parâmetro de entrada o coeficiente de difusão, o qual usualmente é obtido a partir de ensaios acelerados realizados em laboratório. Meira et al. (2007) citam que, no geral, as condições de laboratório não reproduzem com precisão as reais condições de

Parâmetros de entrada Andrade (2001) Solução 2ª Lei de Fick Uji, Matsuoka e Maruya (1990) Tang e Nilsson (1996) Bob (1996) Andrade et al . (2009)

Concentração superficial de cloretos X X

Concentração superficial de cloretos (1º ano de exposição) X X

Concentração de cloretos livres nos poros X

Coeficiente de difusão X X X X

Espessura de cobrimento X X X

Tempo X X X X X

Resistência à compressão do concreto X X

Tipo de cimento X X X

Consumo de cimento X

Tipo de adição X

Teor de adição X

Resistividade elétrica do concreto X

Volume dos poros do concreto X

Porosidade do concreto por intrusão de mercúrio X

Temperatura X X X

Umidade relativa X X

exposição, onde os parâmetros que influenciam a penetração de cloretos no concreto atuam simultaneamente. Adicionalmente, os ensaios acelerados recebem diversas críticas visto que são aplicados alguns fatores de aceleração a fim de minimizar o tempo para a obtenção dos resultados, ou seja, condições de exposição que podem não representar efetivamente as reais condições de exposição de uma estrutura, principalmente no tocante às oscilações ambientais (ANDRADE, 2001).

Tendo isto em vista, o modelo de Andrade (2001) possui outro foco; trata-se de um modelo de elevada aplicabilidade prática e de fácil entendimento, uma vez que envolve variáveis de entrada de fácil obtenção e já usuais em projetos, que são compreendidas por todos os engenheiros e projetistas, tais como relação a/c, resistência à compressão aos 28 dias, tipo de cimento, entre outros. Isto posto, a validação do modelo proposto por Andrade (2001) para o maior número de combinações possíveis é fundamental, dado que irá contribuir para a consolidação de uma ferramenta de simples aplicação para a modelagem do ingresso de cloretos para o interior do concreto e, consequentemente, auxiliará engenheiros e projetistas a garantir a vida útil de projeto exigida pelas normativas brasileiras. Também permitirá avaliar a influência dos diversos parâmetros de projeto na vida útil destas estruturas, tais como tipo de cimento, relação a/c e resistência à compressão. E, por fim, auxiliará no cálculo do tempo remanescente da vida útil de estruturas de concreto, possibilitando a realização de intervenções e manutenções preventivas que assegurem a durabilidade de tais estruturas.

A Tabela 18 contém um resumo das informações acima apresentadas, sintetizadas em vantagens e desvantagens associadas aos modelos analisados neste trabalho. Enfatiza-se a elevada aplicabilidade prática do modelo de Andrade (2001) frente aos demais modelos.

Tabela 18 - Vantagens e desvantagens de alguns modelos existentes na literatura para previsão de vida útil de estruturas de concreto

Fonte: Elaborada pela autora

Modelos Vantagens Desvantagens

Andrade (2001)

Elevada aplicabilidade prática Variáveis de entrada de fácil obtenção Considera a influência do local de exposição

Erro associado (diferença entre o valor calculado e observado) pode ser maior

Requer calibração com base em dados de penetração de cloretos em estruturas de concreto Solução 2ª Lei de Fick

Fácil aplicação em estruturas existentes

Erro associado (diferença entre o valor calculado e observado) tende a ser menor

Difícil aplicação em novas estruturas - usualmente requer inspeções prévias

Variáveis de entrada de difícil obtenção Não considera a influência do local de exposição Uji, Matsuoka e Maruya (1990)

Fácil aplicação em estruturas existentes Erro associado (diferença entre o valor calculado e observado) tende a ser menor

Difícil aplicação em novas estruturas - usualmente requer inspeções prévias

Variáveis de entrada de difícil obtenção Não considera a influência do local de exposição Tang e Nilsson (1996)

Considera a influência do local de exposição Erro associado (diferença entre o valor calculado e observado) tende a ser menor

Baixa aplicabilidade prática

Requer ensaios para a determinação das variáveis de entrada - algumas são de difícil obtenção

Bob (1996)

Elevada aplicabilidade prática Variáveis de entrada de fácil obtenção Considera a influência do local de exposição

Erro associado (diferença entre o valor calculado e observado) pode ser maior

Requer calibração com base em dados de penetração de cloretos em estruturas de concreto Andrade et al . (2009)

Principal parâmetro de entrada é a resistividade do concreto - ensaio não destrutivo

Considera a influência do local de exposição

Baixa aplicabilidade prática

Requer ensaios para a determinação das variáveis de entrada - algumas são de difícil obtenção

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