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2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA E REVISÃO DA LITERATURA

4.3 Considerações finais sobre os experimentos

As características pessoais foram apontadas, nos dois experimentos, como possíveis causas de influência na discussão sobre o problema e seus resultados.

Dentre essas características, estão incluídas, características individuais dos participantes, uma vez que personalidades dominadoras tendem a centralizar a discussão e inibir a participação dos mais tímidos ou reservados.

Outra característica pessoal está associada ao papel e influência do facilitador, que pode conduzir uma discussão, seguindo seu próprio juízo de valores, em um extremo, ou permitir que algum participante dominador conduza a discussão em torno dos seus interesses pessoais, em outro extremo. Em todos os casos, o resultado no processo de decisão pode ser fortemente influenciado por seu papel.

Considerando a aplicação de mapas cognitivos para a estruturação do problema, a forma que os mapas são construídos pode receber maior ou menor influência destes fatores citados. Por um lado, a construção de um único mapa coletivo pode proporcionar uma sinergia pelo debate e apresentação de diferentes pontos de vista, mesmo tendo o risco de perder informações pela inibição de alguns participantes em se apresentarem publicamente. Por outro lado, a agregação de mapas desenvolvidos individualmente em um único mapa coletivo, permite que todos os participantes se expressem e tenham o mesmo poder de participação na compreensão e representação coletiva do problema, embora possa haver perdas de informação resultantes da falta de comunicação e debate entre os participantes.

Com isso, configura-se a problemática de como construir mapas cognitivos para a estruturação de problemas em decisão em grupo, que contornem os problemas apresentados.

Os resultados do experimento indicaram que a pura aplicação de um PSM não garante os resultados indicados na literatura. Condições adequadas, referentes ao problema de decisão, as características do grupo, ao próprio método escolhido, dentre outros fatores, possuem forte influência sobre os resultados da aplicação da estruturação de problema.

Logo é necessário que se reflita sobre que fatores de validação devem ser considerados e como devem ser aplicados.

Assim, os experimentos apontaram a oportunidade de duas contribuições básicas para a estruturação de problemas de decisão em grupo:

71  Melhorar a comunicação e integração dos participantes na discussão sobre o problema  Identificar como a aplicação de PSM pode ser validada.

Essas oportunidades geraram as propostas que serão apresentadas nos capítulos subsequentes.

Os experimentos foram submetidos para publicação em periódicos. O experimento 1 está em fase de revisão. O experimento 2 já foi aceito e publicado no Journal of the Operational

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5 PROPOSTA PARA A CONSTRUÇÃO E A AGREGAÇÃO DE

MAPAS COGNITIVOS

Nesse capítulo será apresentada uma proposta para a construção de mapas cognitivos, voltado para a estruturação de problemas de decisão em grupo.

O método proposto busca conciliar as vantagens da construção de um mapa único pelo grupo e as vantagens da construção individual de mapas cognitivos para posterior agregação. Assim, baseados nos resultados apresentados pelos experimentos, a seguinte proposta se baseará na construção de mapas cognitivos individuais e posterior agregação. Com isso, a atenção é voltada para a maneira que os mapas são agregados e como os participantes podem compartilhar informações.

Os Mapas Cognitivos estabelecem um meio de representar a forma que um indivíduo pensa acerca de um problema através de sua estrutura em forma de rede, onde os nós e arcos são conectados, e a direção do arco representa uma crença de causalidade (Eden & Ackermann, 2004). A relação de causalidade entre os nós, representada por arcos, pode ser acompanhada por um número e um sinal. O sinal indica uma específica causalidade entre os conceitos e o número representa a força da crença nessa causalidade.

Axelrod (1976) afirma que um mapa cognitivo pode ter usado com diversas finalidades: (1) para sugerir o que deve ser alterado para se obter melhores decisões ou (2) indicar o sistema de crenças de um participante do grupo. Pode ainda servir de (3) previsão para as consequências do aumento ou diminuição de variáveis, (4) explicação para mudanças ou ainda pra auxiliar a (5) tomada de decisão ao dar razões para aceitar ou rejeitar ações.

Para problemas de decisão em grupo, a estruturação do problema pode se dar através da agregação dos Mapas Cognitivos individuais. No entanto, comumente isso é realizado por um facilitador que utiliza o bom senso para manter as relações hierárquicas na composição de um mapa final (ALMEIDA et al., 2012).

A utilização de procedimentos formais para a agregação de mapas é útil para aumentar a confiança dos participantes e reduzir a responsabilidade de julgamento do facilitador, que por sua vez possui o seu próprio juízo de valor, pontos de vista, experiências.

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Figura 5.1 Fluxograma do Modelo Proposto

Diferente de outras abordagens, o modelo proposto apresenta um sequencial que envolve construção e agregação de mapas cognitivos. Propostas de construção de mapas cognitivos são identificadas na literatura, como em Markóczy & Jeff, 1995; Eden, 1990, no entando a agregação de mapas não é tratado.

Avanços sobre a análise de diferentes mapas gerados por stakeholders são originados a partir do trabalho de Lagfield-Smith & Wirth, 1992. Os autores propuseram uma abordagem para analisar a diferença entre mapas cognitivos de diferentes atores, sobre o mesmo problema. Essa abordagem tem sido muito utilizada e tem contribuído para diferentes análises e discussões sobre como diferentes stakeholders compreendem um problema e como tratar semelhanças e diferenças entre os mapas.

74 No entanto, ferramentas que alinhem a construção e agregação de mapas cognitivos ainda têm sido pouco explorado. Esse trabalho pretende preencher essa lacuna.

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