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A aprendizagem proporcionada na vivência com as crianças e com os demais colegas da turma azul, me levava diariamente a refletir sobre meu papel dentro da Turma, e sobre o verdadeiro papel de uma Professora de Educação Infantil, que a partir da experiência na Unidade, mostrou-me que é organizar diferentes espaços e tempos para as brincadeiras e interações, conforme orientam as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (BRASIL, 2010), escutar as crianças nesses espaços, apoiá-las em seus processos de desenvolvimento e aprendizagem das diferentes linguagens (SALLES e FARIA, 2012), além de registrar diariamente seu percurso dentro da Unidade. Toda essa experiência só foi possível com o apoio que recebi de todos os profissionais dentro da unidade, deixando-me mais confiante.

Um dia vamos mudar a Educação da Infância. As canetas darão lugar aos pincéis. Os lápis caídos da mão à tinta pelo chão. Haverá cor, muita cor. E não estou a falar de coisas e coisinhas, bonecos e bonequinhas, penduradas ao redor. Os painéis aprumados, tão bem arranjados, darão lugar a paredes que reflitam as vozes das crianças. Só das crianças. (E os trabalhinhos que tão bem sabemos propor não contam!). As trezentas e sessenta e sete datas do calendário servirão apenas para termos a certeza do caminho que não queremos seguir. Haverá terra, muita terra. Saídas na serra. Haverá céu e chão. Passeios no paredão. E em cada criança haverá um cidadão com uma voz na multidão. Haverá vida. Sim, haverá vida. E se o mundo é feito de vida, por que não senti-la? Vivê-la? [...] Os desenhos todos iguais, os quadrados, as atividadezinhas onde todos fazem o mesmo, e essas coisinhas assim, que em nada potenciam o desenvolvimento da personalidade das crianças que desaparecerão. Os robots que a cada dia tentamos construir darão lugar a crianças. Crianças que saibam sorrir! Em vez de robots estereotipados, seres formatados. Crianças que saibam optar, criar e criticar, pensar, inventar e fazer, experimentar, opinar e viver! A reprodução dará lugar à criação. Com criação haverá criatividade. Independente da idade [...]. (FÁBIO GONÇALVES, BLOG: APONTAMENTOS DA INFÂNCIA, 2019).

Com essa enriquecedora experiência nos estágios do curso de Pedagogia, me constitui uma Professora da infância, que sempre respeitará,

acima de tudo, os direitos das nossas crianças, que sempre buscará uma formação continuada, em busca de novas descobertas, possibilidades, uma Professora que não desistirá da Educação Pública, sempre tendo esperança em dias melhores, com mais valorização e investimentos, com dias de luta, mas, com muita alegria, sempre. Compartilhando de possibilidades, dando devida importância às pequenas ações cotidianas, que somadas à teoria, prepararão para a docência na Educação Infantil, e potencializará as infâncias por mim tocadas.

REFERÊNCIAS

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BRASIL. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação infantil. Brasília: MEC, SEB, 2010.

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