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O presente trabalho científico foi elaborado em função de duas premissas básicas: uma visão crítica da situação e um projeto de reforma. Esta postura coaduna-se com o posicionamento de Mauro Cappelletti, que afirmou toda a sua obra ter sido inspirada por uma visão crítica da situação, tendo como ponto de partida a verificação de um problema a ser resolvido e aspirando por um projeto de solução e de reforma. Desta linha de raciocínio advém a noção tridimensional do direito por ele apresentada, devendo o jurista sempre examinar: a) a necessidade ou o problema social que reclama por uma resposta no plano jurídico; (b) a aptidão das instituições e dos procedimentos responsáveis pela atuação daquela resposta normativa; (c) o impacto dessa resposta sobre a necessidade ou sobre o problema social, em outras palavras, a sua eficácia.143

Dito isto, o presente trabalho buscou abordar o tema das tutelas de urgência sob o enfoque da efetividade da tutela jurisdicional, demonstrando que, não obstante exista uma divergência doutrinária muito forte, devem ser pensadas maneiras de se permitir que as técnicas de urgência (sejam conservativas ou antecipatórias) confiram maior rapidez ao processo, sem comprometer o devido processo legal (e a segurança jurídica).

Foram consignadas algumas possíveis soluções, dentre as quais, a revogação dos respectivos dispositivos legais (Livro III e art. 273 do CPC) e a

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contemporâneas. Conferência proferida no dia 18.11.1991, em Curitiba, durante o Congresso

criação de novo capítulo abordando o tema, sob o título “tutelas de urgência”. Esta, pois, nos parece a melhor solução.

A ausência de mecanismos processuais às situações da vida levou os operadores do direito à utilização das cautelares como provimentos aptos à substituírem a decisão final, desvirtuando completamente o instituto. A partir de então, a doutrina majoritária tem feito interpretações cada vez mais restritivas dos institutos das cautelares e das antecipatórias, em grave ofensa à efetividade da tutela jurisdicional, direito fundamental de envergadura constitucional.

O escopo do presente trabalho foi, assim, criticar alguns dos argumentos utilizados pela doutrina majoritária nacional como aptos a distinguir os institutos das tutelas cautelares e das tutelas antecipatórias, demonstrando que estas noções estão, ontologicamente, identificadas, razão pela qual defendemos o seu estudo como espécies do mesmo gênero.

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