Ao escolher falar sobre o papel social dos Correios num momento extremamente sensível sobre o seu futuro, busquei contribuir com o debate já existente sobre a empresa e que seguirá no próximo período. Desta forma, a contribuição que busquei trazer trata sobre uma perspectiva pouco conhecida da sociedade sobre os Correios e que mesmo assim, segue sendo executada dia a dia, apesar das dificuldades enfrentadas pelos trabalhadores. Como pesquisador, admito que foi uma das maiores dificuldades manter a neutralidade sobre um tema tão caro ao meu lado carteiro, mas acredito que o conteúdo aqui apresentado foi feito de forma clara, com informações fidedignas e reais.
Mesmo com a proximidade extrema com o tema, durante a pesquisa fui surpreendido em inúmeros momentos, o que enriqueceu tanto o lado carteiro, pesquisador e cidadão. Destaco que o trabalho aqui apresentado não tem a pretensão de esgotar o tema, principalmente por pontuar que um dos achados da pesquisa bibliográfica sobre papel social foi o pouco material teórico focado nas empresas estatais. Em contrapartida, há um debate efusivo sobre o tema nas empresas privadas. Como futuro administrador público, acredito que seja nosso papel demonstrar que uma empresa pública traz o papel social na sua essência, desde a sua formação, onde o interesse público tem papel fundamental. Seria muita pretensão procurar esgotar um tema tão complexo em tão poucas páginas, mas ao notar a falta de entendimento da sociedade, de uma maneira geral sobre os Correios, e não através de “janelas”, como colocado por um dos entrevistados, vi a necessidade de dar luz a um papel desempenhado pelos Correios e que tem grande relevância, principalmente em municípios e para brasileiros onde, em geral, o Estado não chega.
Apresentar uma, de tantas outras perspectivas sobre a função dos Correios, foi o objetivo geral desta pesquisa, para tanto, foram determinados os objetivos específicos, que deram um norte para o problema central. Creio que através da pesquisa bibliográfica e das entrevistas realizadas, a caracterização do papel social, a identificação dos usuários e a importância dos Correios enquanto ferramenta, ou mesmo braço logístico do Estado, foram apresentados ao leitor de uma maneira simples e transparente, respondendo à questão de pesquisa sobre como se configura
o papel social dos Correios. Já a pergunta sobre qual a importância desse papel social, depois do exposto nestas páginas, acredito que seja de vital importância para o país os serviços que a empresa presta e que podem ser ainda mais utilizados, pois um país com as proporções continentais do Brasil, de posse de uma empresa com a capilaridade que os Correios construíram ao longo de sua história, pode fazer muito por seu povo através de políticas públicas nacionais.
O debate a que me refiro estar presente na esfera pública nos dias atuais é sobre a privatização dos Correios, mas busquei deixar claro desde o início que não seria o tema central da pesquisa e que seria tratado de forma tangencial, por inúmeros fatores. Um deles foi que, no início da pesquisa não havia um projeto de lei que tratava sobre a privatização. Chego ao final da pesquisa com o projeto apresentado e com pedido de urgência aprovado no Congresso Nacional. Mas fica a dúvida, afinal, um assunto tão amplo, com tantas perspectivas que merecem atenção, pode ser levado a cabo de maneira tão abrupta? Como poderemos mensurar a conta econômica, política e social de uma possível privatização quando os processos legislativos são acelerados, sem justificativa alguma, senão ideológica?
A sociedade precisa participar desse debate, ter acesso a informações verdadeiras e mesmo ciência sobre o que significam os Correios para o Brasil de uma maneira geral e não apenas nos grandes centros. Entregar uma empresa com tamanha história e raízes nos quatro cantos do país ao setor privado coloca em xeque não apenas o papel social aqui exposto, mas a universalidade do serviço, já que os inúmeros locais sem apelo econômico que são atendidos pelos Correios hoje em dia, dificilmente serão atendidos pela iniciativa privada. Em inúmeros municípios os Correios são a única agência federal presente, atuando como facilitador de políticas públicas nacionais e da própria cidadania para populações que vivem completamente à margem da sociedade.
É inegável que nos últimos anos a precarização dos serviços resultou numa piora do atendimento, mesmo assim, na parte concorrencial, os Correios ainda se mantêm firmes com seu propósito. A receita de precarizar para privatizar não é nova, mas traz resultados altamente negativos na credibilidade da empresa. É preciso agir, reagir, informar e debater, tudo com responsabilidade, para que não tenhamos que
passar por uma onda de reestatizações, a exemplo de alguns países europeus. É preciso afirmar a importância dos Correios como braço logístico do Estado, facilitador de políticas públicas, universal e de qualidade!
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APÊNDICES
APÊNDICE A - ROTEIRO DE ENTREVISTA SEMI ESTRUTURADA
Olá! Me chamo Willian Vargas, sou estudante de Administração Pública e Social, pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e atualmente estou escrevendo meu projeto de conclusão de curso (TCC) sobre o papel social dos Correios, sob a orientação do professor Diogo Joel Demarco. Nesse sentido, visando uma análise qualitativa optou-se pela realização de entrevistas com informantes chaves na organização, a serem realizadas de preferência através de videochamadas, onde busca-se compreender a visão do entrevistado sobre o tema, seguindo o roteiro de entrevista abaixo. Ressalta-se que todas as informações aqui coletadas se destinam eminentemente para elaboração de trabalho acadêmico, sem identificação pública dos respondentes. Desde já agradeço sua contribuição para realização deste trabalho.
Roteiro
1) Identificação do respondente: data da entrevista; nome do respondente; função
1) Identificação do respondente: data da entrevista; nome do respondente; função