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A responsabilidade civil é o instituto jurídico que insurge com o propósito de ressarcir alguém, que por meio de um ilícito, sofreu algum tipo de dano, seja ele patrimonial ou extrapatrimonial. Independentemente de qual seja a responsabilidade civil (objetiva ou subjetiva).

Assim, demonstra-se que a partir do patamar constitucional, cabe ao empregador ressarcir extrapatrimonialmente o empregado, quando restar comprovada a culpa, pois é ligeiramente responsável pela promoção de condições justas, salutares e favoráveis ao desenvolvimento do trabalho.

Porém a problemática surge quando se trata da fixação do quantum debeatur por parte do dano extrapatrimonial, que através do inovador art. 223–G, §§ 1º e 2º da CLT se propõe superar a celeuma jurídica.

Entretanto, ao realizar uma profunda análise deste dispositivo fruto da Reforma Trabalhista, observou-se a existência de apontamentos inconstitucionais do referido artigo, por restar evidente ofensa aos princípios constitucionais da dignidade da pessoa humana e igualdade.

A ilegalidade apresentada envolve a delimitação indenizatória baseada na percepção salarial do empregado, a qual gerará, com toda certeza, uma grande incongruência e injustiça quando arbitrada nos parâmetros deste novo dispositivo trabalhista.

Outro ponto importante é a ciência prévia do agressor no valor máximo permitido pelo 223–G, § 1º da CLT, posto que essa prerrogativa fomentará a conduta ilícita, pelo simples fato de o empregador ter condições de arcar com o prejuízo, passando a ser um simbologia e não transpirando o viés pedagógico da reparação.

Antemão, a presente obra não se pretendeu apresentar valores a serem seguidos e aplicados de forma incontestável, pois as diversas hipóteses ensejadoras da indenização por dano extrapatrimonial proíbem qualquer metodologia precisa ou vinculativa para uma fixação legal.

Também não subsiste nenhum parâmetro de razoabilidade na compensação da pessoa jurídica igualmente a da pessoa física. Nesse caso, a discriminação é

55 completamente intencional, haja vista a desconsideração das particularidade das partes.

Portanto, o melhor entendimento faz-se na convenção monetária por meio da equidade realizada pelo magistrado, uma vez que este é apto para julgar a demanda, por se encontrar em contato com as provas e valorar conforme o caso.

Outrora, cabe ao justrabalhista à responsabilidade de analisar, sensivelmente, e valorar os fatos expostos nos autos para que, diante do princípio do livre convencimento, arbitre um valor condizendo com o que foi praticado.

Destaca-se que a dosimetria aritmética utilizada pelo magistrado deve compreender às funções: punitiva do ofensor, a compensatória do dano à vítima e a desmotivação social da conduta lesiva tanto por parte do agressor, quanto por terceiro. Ficando assim esses critérios supracitados ao talante da prudência do julgador.

Na fixação do ressarcimento, o juiz também deve considerar a gravidade do fato e sua repercussão, a intensidade do dolo ou o grau de culpa do ofensor, a eventual culpa da vítima, as condições particulares das partes, os entendimentos doutrinários e jurisprudenciais. Não se afastando disso, conseguirá designar um valor condizendo ao caso.

Cumpre salientar que aos doutos julgadores cabe preservar os princípios do ordenamento jurídico pátrio para não caracterizar o enriquecimento sem justa causa da parte ofendida e resguardar, assim o caráter pedagógico do quantum

indenizatório.

Ante a exposição, toda a argumentação aqui trazida dilui-se no contexto fático processual de cada caso concreto, o qual deve ser cautelosamente analisado pelo juiz para garantir a ideal realização da justiça. Sendo assim, evidencia-se que o valor a ser monetizado cabe ao exame próprio e único do magistrado.

Frente ao disposto no artigo em comento, art. 223–G, §§ 1º e 2º da CLT, parece correto afirmar que cabe aos ínclitos julgadores, quando entender por conveniente, não proceder fundamentadamente com a aplicação desta inovação legislativa.

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