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A flora de diatomáceas analisada foi característica de ambientes bem

conservados e de águas com pH neutro a alcalino. Os ambientes aquáticos da

região apresentaram águas correntes e de baixa temperatura e as amostras

coletadas nos mananciais da serra apresentaram uma riqueza elevada de

táxons. Houve predomínio de diatomáceas de hábito perifítico e de pequenas

dimensões (10-20 µm), cujas características morfológicas diagnósticas são de

difícil resolução em MO. A determinação taxonômica das mesmas, muitas

vezes, exigiu a visualização de detalhes ultraestruturais da frústula em ME.

Como exemplo, podemos citar o registro de espécies de Nupela e

Microcostatus, cuja identificação só foi possível após a análise do material em

microscopia eletrônica.

A análise das amostras também revelou a ocorrência de novas

espécies (como Nupela spp. e Microcostatus sp.) que serão futuramente

formalmente propostas e publicadas na forma de artigos científicos,

contribuindo para o conhecimento da diatomoflórula da região e de ambientes

serranos.

Aproximadamente 35% dos táxons estudados foram identificados em

nível genérico, seja pela ausência de espécies semelhantes na literatura

consultada, pelos raros exemplares encontrados ou pela dificuldade de

identificação dos mesmos que necessitam de estudos mais apurados em ME.

Poucos estudos taxonômicos de diatomáceas foram desenvolvidos em

ambientes preservados brasileiros. Táxons como Gomphonema parvulum,

Brachysira brebissonii, Adlafia bryophila e Pinnularia subgibba, encontrados

nesse trabalho, também foram registrados por Schneck, Torgan e Schwarzbold

(2008) no rio das Antas, região sul do país, local de altitude (>1000 m) com

águas frias e rápidas, semelhante aos estudados em Piraquara. Outro estudo

realizado em ambiente oligotrófico de altitude, porém de águas ácidas, foi

realizado por Canani, Menezes e Torgan (2011). A flora encontrada por estes

autores foi substancialmente diferente da encontrada na região dos mananciais

de Piraquara, das 17 espécies registradas, apenas Frustulia crassinervia e

Brachysira brebissonii foram encontradas no presente estudo.

Metzeltin e Tremarin (2011) registraram Eunotia fuhrmannii coocorrendo

com Eunotia georgii, Frustulia undosa e Brachysira brebissonii, assim como no

presente estudo. Os autores encontraram grande abundância desses táxons

em locais de altitude do Parque Nacional da Tijuca e Itatiaia, região sudeste do

Brasil. Vale ressaltar que Eunotia fuhrmannii foi descrita pioneiramente para o

estado do Rio de Janeiro, sendo este estudo o primeiro registro da espécie

para o estado do Paraná e o segundo para o Brasil e o mundo.

Sugere-se a realização de novos trabalhos com diatomáceas na região

dos mananciais de Piraquara, a fim de aumentar o conhecimento sobre a flora

deste grupo de algas em ambientes de baixo impacto antrópico, possibilitando

o registro de possíveis novas espécies para o Brasil e o mundo.

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Figura 1. Eunotia fuhrmannii. Figuras 2-6. Encyonema neogracile. Figura 7.

Encyonopsis difficiliformis. Figura 8. Eunotia camelus. Figuras 9-12. Humidophila sp.1.

Figuras 13-16. Achnanthidium caledonium. Figuras 17. Humidophila sp.3. Figuras

18-20. Encyonema angustecapitatum. Figuras 21-25. Eunotia siolii. Figura 26.

Encyonopsis subminuta. Figuras 27-29. Eunotia georgii.

Figuras 30-31. Eunotia serra-australis. Figuras 32-35. Navicula angusta. Figura 36.

Frustulia undosa. Figuras 37-39. Gomphonema lagenula. Figuras 40-43. Humidophila

sp.2. Figuras 44-47. Achnanthidium sp. Figuras 48-49. Kobayasiella sp. Figuras 50-53.

Gomphonema sp. Figuras 54-55. Gomphonema parvulum. Figuras 56-58. Luticola

muticoides. Figuras 59-61. Humidophila contenta. Figura 62. Adlafia bryophila. Figura

63. Pinnularia sp.

Figuras 64-66. Frustulia crassinervia. Figura 67. Frustulia sp.2. Figura 68. Frustulia

sp.1. Figura 69. Sellaphora sp. Figuras 70-74. Caloneis hyalina. Figuras 75-76.

Frustulia guayanensis.

Figura 77. Surirella tenera. Figuras 78-80. Surirella linearis. Figuras 81-83. Luticola

permuticoides. Figura 84-87. Brachysira sp. Figura 88-92. Surirella roba.

Figura 93-95. Luticola acidoclinata. Figura 96-99. Brachysira brebissonii. Figuras

100-102. Pinnularia subgibba. Figuras 103-106. Nitschia acidoclinata. Figura 107-111.

Pinnularia pisculus.

Figuras 112-114. Frustulia pangea. Figura 115. Vista externa do ápice da valva de

Eolimna lepidula, MEV. Figura 116. Eolimna lepidula, MO. 117. Aspecto geral da valva

de Eolimna lepidula em vista externa, MEV.

Figuras 118-125. Nupela kociolekii, MO. 126, 127. Vista externa do ápice da valva de

Nupela kociolekii, MEV. Figuras 128, 129. Vista geral da valva de Nupela kociolekii,

MEV. Figura 130. Vista externa da área central da valva de Nupela kociolekii, MEV.

Figura 131. Vista interna da valva de Nupela kociolekii, MEV.

Figuras 132-134. Nupela sp.1, MO. Figura 134. Vista geral externa da valva de Nupela

sp.1, MEV. Figura 135. Vista geral da valva de Nupela sp.1, MET. Figura 136. Vista

externa da rafe em forma de gancho de Nupela sp.1, MEV. Figura 137. Detalhe da

oclusão das aréolas, evidenciando a ultraestrutura dos himenes de Nupela sp.1, MET.

Figuras 138-141. Nupela sp.2, MO. Figuras 142, 143. Vista interna geral da valva de

Nupela sp.2, MEV.

Figuras 144-149. Nupela sp.3, MO. 150. Vista externa da área central de Nupela sp.3,

MEV. Figura 151. Vista externa do ápice da valva, evidenciando a terminação da rafe

em forma de gancho de Nupela sp.3, MEV. Figura 152. Detalhe da oclusão das

aréolas, evidenciando a ultraestrutura dos himenes de Nupela sp.3, MET. Figura 153

.Vista geral externa da valva de Nupela sp.3, MEV.

Figuras 154-158. Nupela sp.4, MO. Figura 159. Vista geral externa da valva de Nupela

sp.4, MEV. Figura 160. Vista externa do ápice da valva, evidenciando a terminação da

rafe em forma de gancho de Nupela sp.4, MEV. Figura 161. Detalhe das aréolas

evidenciando a ultraestrutura dos himenes de Nupela sp.4, MET. Figura 162. Vista do

ápice da valva de Nupela sp.4, MET. Figura 163. Vista geral da valva de Nupela sp.4,

MET.

Figuras 164-168. Microcostatus sp. Figura 169. Vista externa da área central valva,

evidenciando a presença do canópio de Microcostatus sp., MEV. Figura 170. Vista

externa do ápice da valva, mostrando a terminação da rafe fletida de Microcostatus

sp., MEV.

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