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Ao final da pesquisa e de todas as análises realizadas sobre a variabilidade e a tendência climática na região estudada, principalmente as atividades de interpretação dos dados e aplicações das diferentes técnicas estatísticas, é possível a apresentação de algumas considerações gerais e conclusões.

Variabilidade da pluviosidade

A análise das séries para Pirassununga mostrou uma variabilidade anual bastante acentuada, com destaque para o ano de 1983, com 2069,1 mm, coincidindo com o período de manifestação do El Niño. A pluviosidade média ficou em torno de 1304,1 mm, valor muito próximo da Normal Climatológica, que registrou 1352 mm. Em relação ao nível mensal, agosto foi o mês da série com maior variabilidade, com coeficiente de variação (CV) de 122%. Os meses de junho, julho, agosto e setembro apresentaram índices nulos de pluviosidade, para vários anos da série.

Verifica-se, também, para Pirassununga que o trimestre mais chuvoso ocorre nos meses de dezembro, janeiro e fevereiro, compatível com o que acontece no estado de São Paulo, de acordo com Sant’Anna Netto (1995), argumentando que a presença do oceano é, sem dúvida, o fator determinante no retardamento do início de chuvas.

Outra consideração importante constatada por esta pesquisa refere-se à análise da estiagem climatológica (número de dias sem chuva), mostrando que a média de dias sem chuva varia de 23 dias em abril até 21 dias em outubro, atingindo o valor máximo de 28 dias, em julho. Isso significa que o período compreendido entre os meses de abril a outubro é o mais propício para o planejamento de atividades que dependem da variabilidade pluviométrica, como o planejamento da escala de voo para treinamento dos cadetes da AFA.

Em relação a Rio Claro verificou-se uma média de 1458 mm de chuva, um pouco acima da Normal climatológica. O mês de julho, com CV=146%, apresentou a maior variabilidade entre os meses da série. Em São Carlos ocorreu o mesmo: média anual de 1481 mm e o mês de julho com CV = 140%. Para São Simão a média anual foi de 1486,8 mm, sendo o mês de agosto, com CV = 147%, o de maior variabilidade entre os meses da série. Para todas as localidades a ocorrência de três a quatro meses com precipitação nula é fator comprovado para a região.

Verifica-se, então, que a pluviosidade para a região compreendida pelas quatro localidades apresenta variabilidade mensal e anual bastante acentuada, com algumas divergências devidas a fatores relacionados com as especificidades de cada uma. Diante da proximidade entre as localidades comparadas, espera-se que elas sejam afetadas de modo similar pelos efeitos causados pela circulação atmosférica regional. Assim é possível concluir, também, que quanto menor a variabilidade da pluviosidade, mais confiabilidade para se efetuar o planejamento de atividades em quase todos os setores.

Tendência da pluviosidade.

Os resultados obtidos mostram que, para Pirassununga, a tendência da pluviosidade determinada por Mann-Kendall é crescente, porém insignificante, com uma taxa de crescimento de 6,25 mm/ano (1976-2009) e 2,06 mm/ano (1994-2009). A tendência avaliada pela reta de regressão aponta para uma estabilidade para a série de 1976 a 2009 e para um crescimento de 9,52 mm/ano para a série de 1994 a 2009; portanto, compatíveis. Para Rio Claro, a tendência da pluviosidade é de diminuição tanto para Mann-Kendall, quanto para a reta de regressão, mas com índices também insignificantes, a uma taxa de 17,45 mm/ano. Os resultados obtidos para São Carlos mostraram uma tendência de aumento, à taxa de 21,67 mm/ano, considerada insignificante por Mann-Kendall O mesmo ocorreu para São Simão, com tendência crescente, à razão de 22,31 mm/ano, também insignificante.

As análises das medidas estatísticas realizadas nesta pesquisa mostram a inexistência de tendências significativas da pluviosidade nas quatro localidades e, para corroborar os resultados obtidos, tem-se, também, o trabalho desenvolvido por Berlato et al. (1995), que, estudando os dados de dezessete locais do Rio Grande do Sul, não identificaram tendências de longo prazo na precipitação pluvial anual, ressaltando que as reduções e incrementos observados em curto período referem-se, possivelmente, à flutuação natural da precipitação. Da mesma forma, Folhes & Fish (2006), analisando as séries de precipitação total anual no período de 1983 a 2005 em Taubaté/SP e utilizando o teste de Mann-Kendall, também não encontraram tendência significativa para esta variável.

Variabilidade da temperatura.

Em relação à temperatura analisada para a série de 1976-2009, em Pirassununga os resultados mostraram temperaturas média, média máxima e média mínima com baixa

variabilidade anual. A temperatura média apresentou grande variabilidade mensal, com destaque para julho, com CV = 7%. Já as temperaturas máximas e mínimas apresentaram variabilidade bastante acentuada, principalmente nos meses mais frios, mais especificamente em julho.

Ainda para Pirassununga, em relação à série de 1994 a 2009, a variabilidade anual para as temperaturas, média, máxima, mínima, média máxima e média mínima foi muito baixa, mantendo-se estável. A variabilidade mensal, novamente, foi maior para os meses do período seco e frio, com destaque para julho e setembro.

Para Rio Claro, São Carlos e São Simão a variabilidade anual das temperaturas foi baixa, próximas da estabilidade, com exceção da temperatura mínima que apresentou grande variabilidade para os três locais. Em relação à variabilidade mensal da temperatura mínima, novamente destaca-se o período frio, com o mês de junho apresentando maior variabilidade para as três localidades, com CV = 69% (Rio Claro), 103% (São Carlos) e 37% (São Simão).

Tendência da temperatura

Em Pirassununga, para a série 1976-2009, as tendências das temperaturas média, mínima e média mínima foram crescentes, mas insignificantes de acordo com Mann-Kendall. As temperaturas máximas e médias máximas apresentaram tendência crescente, tanto por Mann-Kendall, como pela reta de regressão, e significativas, com magnitudes medidas pela Curvatura de Sen, iguais a 0,08oC/ano e 0,039oC/ano, respectivamente. Ainda em Pirassununga, para a série de 1994-2009, apenas a temperatura média apresentou tendência decrescente por Mann-Kendall e reta de regressão, e significativa, com uma taxa de diminuição de 0,084oC/ano. As demais temperaturas apresentaram tendências crescentes, mas não significativas.

Os resultados obtidos para as temperaturas de Rio Claro, São Carlos e São Simão, indicam tendência crescente e/ou decrescente, mas insignificante pelas medidas estatísticas de Mann-Kendall. A comparação dos resultados da tendência das temperaturas para as quatro localidades, ao longo da série 1994-2009, mostrou que apenas a temperatura média de Pirassununga apresentou tendência decrescente e significativa com diminuição de 0,084oC/ano, contabilizando 1,3oC para os dezesseis anos. Esse resultado é bastante significativo, pois, se a tendência permanecer, a indicação é de mais frio para os anos vindouros, na região. Porém, os valores médios dependem intrinsecamente dos valores

máximos e mínimos e nenhum deles representa, isoladamente, um indicativo plenamente fiel e representativo de tendências de mudanças climáticas.

O estudo mostrou a necessidade de monitorar a variabilidade e a tendência climática na região para planejar eventos dependentes desses atributos, como a previsão para tempo impróprio para treinamento aéreo, planejamento de atividades de voo e, no contexto da agricultura, para auxiliar na definição de políticas públicas para o combate de pragas que se beneficiam da variabilidade e tendências dos atributos climáticos.

Após essas considerações e constatações a respeito dos resultados, é possível concluir que a pesquisa atingiu o objetivo proposto e que os mecanismos de análise utilizados mostraram que a variabilidade e tendência climática de curto prazo, em escala local, foram detectadas. Enfim, a presente pesquisa buscou contribuir tanto para os estudos sobre mudanças climáticas de curto prazo, em escala local, como também para a compreensão de como essas variações das condições climáticas podem auxiliar no planejamento de várias atividades importantes desenvolvidas na região de estudo, com ênfase para o planejamento das atividades aéreas da AFA.

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