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A partir da metodologia e das técnicas utilizadas, concluiu-se que houve dois momentos importantes de mudança em relação aos meios de obtenção de artefatos que foram encontrados na região da Quarta Co- lônia: o primeiro se deu logo após a chegada dos imigrantes italianos à localidade, em 1877, quando deram início a uma produção praticamente genuína resultante do fazer artesanal, para atender ao consumo imediato e às necessidades básicas de sobrevivência; enquanto que, depois de 1920, os produtos resultantes do processo industrial surgiram para substituir aqueles rudimentares. Cabe observar que artefatos obtidos por intermé- dio do sistema semi-industrial já circulavam desde o final do século XIX e início do século XX na região.

Dessa forma, percebeu-se a ocorrência da combinação de artefatos compostos por determinadas características, muitas vezes diferentes en- tre si, provenientes de tecnologias e épocas distintas. Isso fez com que os imigrantes e seus descendentes atribuíssem novos usos e significados aos

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primeiros objetos elaborados. Diante da análise apresentada, notou-se que, realmente, é possível compreender os elementos do acervo estudado para além de suas funções e tecnologias, pois eles são portadores de informa- ções ainda pouco exploradas, ou seja, os artefatos devem ser entendidos como repositórios de conhecimento(s), pois contêm aspectos ligados a sua concepção, bem como valores, que servem como respostas a questões de investigação de uma cultura, do pensar e do fazer humanos.

Assim, a metodologia apresentada presta-se a outras reflexões que poderão ser objeto de outras pesquisas. Desse modo, poderá haver relevan- te contribuição para o aprofundamento e ampliação da construção do co- nhecimento na área do design.

1 Compreende a administração de D. João VI (1808-1822) e, na sequên- cia, de D. Pedro I (1822-1831) e de D. Pedro II (1831-1889).

2 Nome dado ao local em homenagem ao marido da Princesa Isabel, o Príncipe Conde D’Eu (1842-1922) (E- BIOGRAFIAS, 2012).

3 Nome dado ao local em homenagem à Princesa Isabel (1846-1921), a qual foi regente do Império no Brasil e assinou a Lei do Ventre Livre e a Lei Áurea (E-BIOGRAFIAS, 2012).

4 Nome dado à cidade em homenagem ao “revolucionário italiano Giu- seppe Garibaldi [...] [que] chegou ao Brasil em 1836, aos 28 anos, e teve participação ativa na Guerra dos Farrapos. *...+ Lutou *também+ pela unificação da Itália” (IACOCCA, 2011, p. 10).

5 Nome dado à cidade em homenagem ao italiano que chefiou “a Re- pública de Piratini, no Rio Grande do Sul, movimento separatista com ideais republicanos” (IACOCCA, 2011, p. 10).

6 O atual município de Silveira Martins é considerado “como o berço da colonização italiana na região”. Inicialmente foi denominado de “Città Nuova” (ZANINI, 2006, p. 18 e 111).

7 Na região, tal processo prolongou-se até meados da década de 1930 (ZANINI, 2006, p. 122).

8 Ivorá emancipou-se em 1988 (ANTONELLO, 1996). 9 Nova Palma emancipou-se em 1960 (ANTONELLO, 1996). 10 Faxinal do Soturno emancipou-se em 1959 (ANTONELLO, 1996). 11 São João do Polêsine emancipou-se em 1992 (ANTONELLO, 1996). 12 Dona Francisca emancipou-se em 1965 (ANTONELLO, 1996). 13 Pinhal Grande emancipou-se em 1992 (ANTONELLO, 1996). 14 Agudo emancipou-se em 1959 (CENTRO UNIVERSITÁRIO FRANCIS- CANO, 2005).

15 Restinga Seca emancipou-se em 1959 (CENTRO UNIVERSITÁRIO FRANCISCANO, 2005).

Referências

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Recebido: 04 de setembro de 2018. Aprovado: 11 de setembro de 2018.

41 Priscila Westphal Rodrigues, Juliana Wolfarth, Arlete Fante *

Priscila Westphal Rodrigues é desig-

ner, empreendedora e mãe do Lucca inquieta por mudanças e apaixonada por DESIGN, decidiu colocar em prática os conhecimentos sobre Design, Gestão e Inovação na PRIW Design para apoiar empresas que desejam sair da zona de conforto, ousar, crescer e ter sucesso. Traz na bagagem experiências e forma- ções para a realização de projetos de inovação, consultorias e treinamentos para equipes, como: Consultora, Profes- sora e Palestrante de Inovação através do Design; Mestrado em Design Estratégico pela UNISINOS (2014); Representante brasileira em 2012 no treinamento para professores especialistas na área gráfica pela instituição alemã PrintPromotion; Professora de Design, Sustentabilidade e Produção Gráfica no Sistema S; Repre- sentante gaúcha no treinamento de for- mação de consultores de Design e Inova- ção pela Politécnica de Milano e pelo ITA - Instituto Tecnológico da Aeronáutica; Especialista em Informática na Educação pela PUC-RS (2010) e Bacharel em Design ULBRA (2007)

<priscila@priwdesign.com.br>

ORCID: 0000-0002-2400-3180

Resumo O presente artigo coloca em discussão o conceito de metaprojeto a partir da lente da teoria da complexidade. Para tanto, parte-se dos princi- pais conceitos da teoria da complexidade com base em Morin (2006) e Capra (1996) e das diferentes vertentes teóricas sobre metaprojeto para embasar as análises. Por fim, propõe-se uma visão sobre o conceito de metaprojeto a partir da epistemologia da complexidade.

Palavras chave Pensamento complexo, Design estratégico, Metaprojeto.

The metaproject in the perspective of complexity

Abstract This paper discusses the concept of metaproject from the lens of com- plexity theory. For this reason, it is based on the main concepts of complexity theory based on Morin (2006) and Capra (1996) and the different theoretical as- pects about to support the analysis. Finally, a view on the metaproject concept is proposed from the epistemology of complexity.

Keywords Complex thinking, Strategic design, Metaproject.

O metaprojeto na