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O ZEE tem se mostrado uma ferramenta essencial de planejamento e gestão territorial na medida em que analisa o território integradamente, considerando seus aspectos físicos, bióticos, socioeconômicos, jurídico-institucionais, com uma evolução metodológica nos últimos anos na proposição de unidades de intervenção, no estabelecimento de cenários tendenciais e desejados, bem como na proposição de diretrizes gerais e específicas para cada zona.

Apesar dos avanços do ZEE, de sua importância, constituindo hoje um Programa de Governo já consolidado, amplamente conhecido, o que pode ser comprovado pelo fato de representar objeto constante de críticas, muitas vezes censuráveis e outras elogiáveis, tem-se deparado com uma dificuldade operacional em considerar no meio biótico o parâmetro biodiversidade e, principalmente, em como ponderá-lo de forma preferencial na determinação das diretrizes de uso e ocupação das unidades de intervenção estabelecidas, considerando principalmente a constante pressão socioeconômica sobre o território.

O trabalho apresentado contribuiu para a inserção do parâmetro biodiversidade nos projetos de ZEEs. Para tal, o esforço de reunir todo material empírico já realizado no país ao longo dos últimos 13 anos consistiu em um grande desafio de resgate da memória nacional. Assim, foi realizada uma análise dos procedimentos de construção do meio biótico de 29 projetos de zoneamentos já concluídos.

Foi possível verificar que estes projetos apresentam um padrão mínimo no levantamento de remanescentes da vegetação natural, no cálculo da proporção de áreas alteradas e no levantamento das unidades de conservação existentes. O levantamento da flora e fauna foi inserido em cerca de 50% dos projetos analisados.

É necessária a ampliação de iniciativas de contemplar nos projetos de ZEEs o estudo de fragmentação das áreas, pensando a integridade ecológica dos espaços de análise,

bem como a determinação e proposição de áreas prioritárias para a conservação da biodiversidade.

Neste ponto, uma questão a ser considerada é a escala de tratamento da informação. Os macrozoneamentos necessitam propor não apenas áreas para estudos mais detalhados, o que não consiste em uma garantia de execução de projetos de ZEEs em escalas maiores, mas também, precisam definir áreas para a conservação da biodiversidade, através de uma análise integrada da paisagem, o que tem sido facilitado nos últimos anos com o avanço e fácil acesso a imagens de satélites.

A Bacia Hidrográfica do Rio Parnaíba com amplas disponibilidades de terras atraíram agricultores para o sul da bacia, provocando grandes mudanças sociais, econômicas e ambientais. O turismo representa uma importante potencialidade a ser explorada na Bacia Hidrográfica do Rio Parnaíba, que apresenta relevantes características físicas, bióticas e históricas. Para tal, as políticas governamentais de incentivo ao turismo precisam garantir a preservação do patrimônio público e a proteção do meio ambiente.

A análise da Pegada Ecológica da Bacia do Rio Parnaíba procurou apresentar uma metodologia facilmente replicável para grandes áreas e indicou municípios com problemas de sustentabilidade ambiental, sugerindo ajustes nas formas de relacionamento do homem com o ambiente.

A pegada ecológica contribuiu para a construção da consciência pública a respeito dos problemas ambientais e auxilia no processo decisório. O processo de avaliação reforça sempre a visão da dependência da sociedade humana em relação ao seu ecossistema. Cabe transmitir que o cálculo da Pegada Ecológica considerada neste trabalho foi o mais simples, podendo fornecer resultados positivos em municípios críticos da área de estudo, como aqueles que apresentam porções mais secas em áreas de cerrado e caatinga, o que certamente demandariam de uma área agrícola superior por habitante.

A situação atual da região do Delta do Rio Parnaíba revela falta de dinamismo de uma economia ainda fortemente dependente da exploração de recursos naturais.

Pode-se dividir a economia regional em dois blocos: a economia tradicional e a modernizada. A economia tradicional engloba atividades que, embora permitam a sobrevivência da população, são incapazes de quebrar o elo de atraso e abrir caminhos em direção a um aumento da renda regional. Dentre estas, agricultura/pecuária; o comércio/serviços; a pesca; a indústria e o extrativismo vegetal. A economia modernizada reúne atividades ainda incipientes do ponto de vista de geração do produto econômico, mas com potencial para contribuir com a superação de uma economia estagnada. Incluem-se, neste rol: o turismo; a aqüicultura e a agricultura irrigada/agroindústria.

De forma geral, a extensão dos manguezais brasileiros no passado era muito maior: muitos portos, indústrias, loteamentos e rodovias costeiras foram desenvolvidos em áreas de manguezal, ocorrendo uma degradação do seu estado natural.

A vegetação de mangue vem sendo dizimada gradativamente. Inicialmente, cedeu parte para a instalação de salinas e, atualmente, vem sendo cortada para instalação de roças de arroz. Este tipo de exploração é incomparavelmente muito mais agressivo que a exploração seletiva de determinadas espécies. A produção de carvão vegetal também sacrifica indiscriminadamente todas as espécies arbóreas do mangue. Desta forma, optou-se pelas áreas de manguezais para propor procedimentos operacionais para o ZEE no presente estudo, listados a seguir:

- Pegada Ecológica Região do Delta do Rio Parnaíba;

- Identificação e caracterização da fragmentação de áreas de mangues no Baixo Rio Parnaíba

- Distância entre arquipélagos de mangues - Valor da produção das áreas de mangues

- Integração Temática: Unidades de Conservação.

A fragmentação da paisagem tem sido um dos aspectos mais marcantes da alteração ambiental causada pelo homem. A modificação dos habitats tornou-se uma das principais causas da extinção de espécies e conseqüente perda de biodiversidade. O grau de isolamento e o tamanho dos fragmentos podem interferir na composição das comunidades levando à extinção espécies.

Uma medida complementar, que poderia ser realizada em trabalhos de ZEEs nas escalas de maior detalhe, é o levantamento do tamanho efetivo de uma população, por exemplo, de caranguejo, do número de indivíduos que estão contribuindo com seus genes para a próxima geração, ou seja, o número de indivíduos que efetivamente se reproduz, contribuindo para a variabilidade genética das gerações subseqüentes.

Apesar da região do Delta do Rio Parnaíba apresentar atrativos cênicos para desenvolvimento do turismo, esta ainda não tem representatividade de porte no turismo nacional. Há um descompasso entre este potencial e a situação real do turismo, principalmente pela dificuldade de acesso, falta de profissionalismo, preços sem competitividade, sazonalidade, condições sanitárias e de higiene, saneamento básico, falta de um plano urbanístico, além da inexistência de política integrada para o turismo.

Discutir a conservação do manguezal e a orientação aos extrativistas é prioritário na região de estudo. Atividades de educação ambiental sobre o manguezal e sua importância, por outro lado, são especialmente necessárias onde existe retirada de madeira do mangue. Nossos resultados demonstraram para a necessidade de reflorestar áreas degradadas. É essencial incorporar a população local no planejamento e execução dos projetos de

utilização dos recursos do mangue, melhorando as formas já existentes de exploração de produtos do mangue.

O estudo mostrou também que o uso do sistema de informação geográfica fornece um suporte tecnológico que facilita a manutenção de uma base de dados geográficos, consistindo em um significativo instrumento de apoio à gestão do território. Atualmente, é impraticável executar um projeto de ZEE sem o apoio de SIGs, uma vez que possibilita uma visão integrada e multitemporal da paisagem.

É necessária a ampliação do conhecimento para se atingir o desafio de conservar a biodiversidade frente a crescente pressão antrópica por espaços para expansão da agropecuária, do processo de industrialização e urbanização. Um instrumento de planejamento e gestão territorial que define rumos para a incorporação da biodiversidade é o Zoneamento Ecológico-Econômico, que pretende superar o desafio de operacionalização do tema, através da definição de uma metodologia mais apropriada.

É neste sentido que este trabalho contribuiu com apresentação de algumas formas de análise da paisagem para a execução de Projetos de ZEE. Isto não significa dizer que outros instrumentos, como Planos Diretores, Zoneamentos Agrícolas ou a execução de EIA-Rimas não possam fazer uso dos procedimentos apresentados aqui ou que não necessitem de aprimoramento visando uma maior preservação dos recursos naturais. Assim, é essencial a adoção de medidas que considerem a conservação da biodiversidade como um dos itens prioritários para o planejamento territorial.

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