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ESULTADOS E D ISCUSSÕES

5.3 Considerações gerais

Os resultados apresentados para o estudo do efeito do teor de cloreto na resistência à corrosão sugerem a mudança de mecanismo de ataque corrosivo localizado para generalizado quando a concentração de NaCl é elevada de 0,12 mol L-1 para 0,6 mol L-1. A Figura 46 (a) mostra a superfície interna de uma amostra de cobre polarizada em solução 0,12 mol L-1 de NaCl, observando-se a formação de produtos de corrosão em algumas regiões da superfície, enquanto parte desta permanece praticamente intacta. Por outro lado, apenas ataque generalizado da superfície e ausência de produtos de corrosão depositados foram identificados na amostra polarizada no meio de maior concentração (0,6 mol L-1), indica ataque como indicado na Figura 46 (b).

Os resultados do presente trabalho referentes ao efeito da condição superficial na resistência à corrosão de tubos de cobre indicam que os tratamentos que resultam em maior eliminação do teor de carbono na superfície, produzem superfícies com maior resistência à corrosão. Estes resultados também mostram que os efeitos colaterais dos tratamentos superficiais na resistência à corrosão devem ser considerados. Por exemplo, embora o tratamento de jateamento reduza o teor de carbono superficial, este também causa o aumento da rugosidade e a introdução de defeitos na superfície, os quais, por sua vez, resultam em sua ativação e diminuição da resistência à corrosão, que pode ocorrer de forma localizada ou generalizada. Ao mesmo tempo, os resultados chamaram a atenção para a resistência à corrosão comparativamente elevada das amostras ensaiadas na condição sem tratamento, levando à suposição que o óleo residual do processo de trefilação, ao ser deixado sobre a superfície dos tubos, pode proporcionar proteção contra a corrosão do substrato, atuando como barreira parcial entre o substrato e o meio corrosivo.

A literatura indica que o filme de carbono só influencia na corrosão por pite em águas duras, frias e de tubos que foram recozidos (Campbell, 1971; Gentil, 2003; BS EN12502-2, 2004; Royuela & Otero, 1993; Al-Kharafi & Shalaby, 1995, Fujii 1984). Todavia, os resultados do presente trabalho não apóiam esta indicação, uma vez que utilizou-se água mole e aquecida e só se identificou um pite em uma das amostras ensaiadas durante um ano em circuito fechado, sendo esta amostra foi ensaiada na condição sem tratamento, ou seja, com os teores mais elevados de carbono na superfície.

Sato (Sato apud Al-Kharafi & Shalaby, 1995) também propõe que a susceptibilidade de tubos duros a desenvolverem processo corrosivo é altamente independente da presença do

filme de carbono nessa superfície, mas depende da energia armazenada nos contornos de grão. devido ao processo de fabricação, que é um dos fatores que pode ativar o processo de corrosão. Entretanto, são necessários maiores estudos para a compreensão da participação da microestrutura na resistência à corrosão de tubos de cobre, podendo ser este tema objeto de estudo futuro.

Embora tenham sido empregados tubos de diâmetros diferentes na construção do circuito fechado, para investigação da influência da velocidade de circulação da água no processo de corrosão, este efeito não foi verificado pela observação da superfície de todos os tubos ensaiados por MEV. Concluiu-se, portanto que este parâmetro não tem influência significativa na resistência à corrosão de tubos de cobre nas condições testadas.

(a)

(b)

Figura 46 - Micrografia da superfície interna de tubo de cobre após polarização em solução de (a) 0,12 mol L-1 e (b) 0,6 mol L-1 de NaCl.

CAPÍTULO 6

CONCLUSÕES

1. Os resultados apresentados no presente trabalho mostraram que o teor de cloreto no meio tem influência significativa na resistência à corrosão da superfície interna de tubos de cobre. A taxa de corrosão aumentou e o potencial de corrosão do cobre diminuiu com o aumento no teor de cloreto no meio.

2. A influência do cloreto na resistência à corrosão do cobre depende da concentração dos íons cloreto no meio, observando-se pouca variação no comportamento eletroquímico do cobre em soluções com teores entre 0,06 mol L-1 e 0,12 mol L-1, enquanto grande alteração foi observada quando aumentou-se o teor de cloreto para 0,6 mol L-1.

3. O teor de cloreto no meio pode alterar o tipo de mecanismo de corrosão atuante na superfície do cobre. Em baixas concentrações de cloreto observou-se maior tendência ao ataque localizado, enquanto para a maior concentração testada(0,6 mol L-1) há tendência apenas para ataque generalizado.

4. O tipo de acabamento da superfície de cobre tem influência na sua resistência à corrosão. Tratamentos que reduzem o teor de carbono na superfície são benéficos à resistência à corrosão, mas este não é o único fator que afeta a propriedade de corrosão, outras características superficiais introduzidas pelo tratamento da superfície devem também ser consideradas. Os tratamentos superficiais que resultaram em resistência à corrosão mais elevadas foram aqueles que também produziram superfícies com menores teores de carbono, a saber, desengraxe e recozimento.

5. O tratamento de jateamento que também causou a redução em cerca de dez vezes do teor de carbono na superfície mostrou-se prejudicial à resistência à corrosão por causar

aumento da rugosidade superficial e camada de produtos de corrosão menos protetora que a formada sobre as superfícies com os demais tratamentos.

6. Os resíduos de óleo lubrificantes provenientes do processo de fabricação atuaram de forma benéfica na resistência à corrosão do tubo de cobre nas condições de ensaio adotadas neste estudo, a saber, água mole e no caso específico analisado, tubo duro (sem recozimento).

7. O tratamento de recozimento, além de causar a redução do teor de carbono superficial por cerca de vinte vezes, foi associado com a camada de produtos de corrosão mais espessa e também mais protetora, mostrando-se apropriado como tratamento para resistência à corrosão.

APÊNDICEA