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TOTAL DOS CUSTOS VARIÁVEIS 2 0,64 32,02 6.405,

4.8.5 Considerações sobre a análise de custos e a viabilidade econômica

Mesmo sabendo que algumas informações não foram apresentadas para o estudo da viabilidade econômica, principalmente as relacionadas com a falta de dados sobre a geração e venda dos resíduos de frutas em Sergipe e a não consideração de alguns custos envolvidos na produção de uma empresa real, a análise dos dados mostrou que Sergipe possui condições de produzir suplemento proteico para ração animal através de resíduos de frutas de forma rentável.

A cidade de Estância mostra-se como uma boa alternativa para localizar uma unidade produtora visto que concentra duas das maiores indústrias produtoras de suco do estado. Além disso, o custo estimado do quilograma de ração produzido via resíduos de frutas tende a ficar próximo aos preços de venda praticados por concorrentes diretos, especialmente se os custos com transportes forem minimizados.

Os cenários montados durante o trabalho apontaram para um investimento economicamente viável. A real rentabilidade do negócio dependerá de aspectos não levados em consideração neste trabalho, como carga de impostos, evolução da demanda, disponibilidade de resíduos, sazonalidade etc.

Uma vez que o tamanho do rebanho bovino confinado sergipano não pôde ser estimado devido à falta de informações, resolveu-se trabalhar com uma faixa de valores prováveis.

NASCIMENTO (2012) afirma que no Brasil, aproximadamente 10% dos animais enviados para as indústrias de abate são oriundos de confinamentos.

De acordo com dados do IBGE, calculou-se o custo unitário de fabricação com base em dez valores de demanda, variando de 1 a 10% do tamanho total do rebanho bovino sergipano, verificando-se que o mais provável é que o tamanho real do rebanho bovino confinado sergipano não ultrapasse de 2 ou 3% do total de cabeças de gado do Estado.

O consumo diário de proteína por cabeça de gado considerado foi de 0,966 kg, sendo o percentual de proteína bruta do produto enriquecido na ordem de 20,23%, remetendo a um consumo de 4,77 kg de suplemento proteico diariamente por cada animal.

Em relação ao transporte, não foram encontrados valores de frete de resíduos de frutas no mercado, possivelmente pelo fato de que tais subprodutos não apresentam fluxos consideráveis no mercado nacional. A estimação, dessa forma, teve que ser baseada no transporte de outras mercadorias.

Percebe-se que um investimento nessa área possui grandes chances de se tornar viável. Para efeito de comparação, calculou-se o VPL utilizando como taxa mínima de atratividade a taxa média da poupança.

O investimento inicial considerado consistiu em uma estufa simples e um terreno no município de Estância.

O cálculo do VPL foi realizado em um horizonte de doze meses. Considerou-se o primeiro mês com fluxo de caixa formado apenas pelos gastos com os investimentos do terreno e da estufa. Nos demais períodos, o fluxo de caixa foi suposto constante e igual à receita (quantidade vendida multiplicada pelo preço de venda) menos a despesa (quantidade vendida vezes custo do quilograma). O valor presente líquido ao final de um ano mostrou-se positivo, não sendo necessário calcular o VPL baseado para valores de venda maiores, visto que para o menor nível de demanda considerado, o estudo já se mostrou mais rentável que a renda fixa da poupança, sendo, portanto, economicamente viável.

Capítulo 5

Conclusões

5. Conclusões

Quanto às condições de operação do enriquecimento proteico

Foi comprovada a viabilidade de realizar o enriquecimento de misturas contendo diversos resíduos de frutas processadas na indústria sem perda no desempenho quanto aos níveis de aumento proteicos esperados a partir do comportamento individual.

De acordo com a queda dos açúcares redutores e aumento da proteína bruta houve enriquecimento compatível com o esperado para este tipo de material.

A mistura de resíduos teve um enriquecimento proteico considerável, com IEP – índice de enriquecimento proteico = 5,07.

A perda de água durante o processamento não inviabiliza o crescimento celular e nem o enriquecimento proteico. No entanto, a umidade e atividade de água final não são adequadas para o armazenamento seguro do produto, indicando a necessidade de posterior secagem do resíduo enriquecido.

Observou-se que a umidade relativa do ar influencia na evolução do enriquecimento proteico, através do aumento do consumo de AR, e seu controle permite manter a atividade de água em níveis adequados para favorecer o processo fermentativo.

A melhor condição operacional, entre as estudadas para o enriquecimento proteico da mistura de resíduos, foi 24 h de fermentação com 80% de umidade relativa controlada, 35 ºC e 3% de inóculo, apresentando um aumento no consumo de AR na ordem de 3,42%. Para este estudo, a umidade final do substrato foi de 78,24%.

Quanto à viabilidade econômica

Considerando apenas o Estado de Sergipe, a produção de abacaxi, que foi de 21.822 ton em 2010, geraria aproximadamente 13.000 ton de resíduos, dos quais, 6.900 ton de casca e polpa aderida. No mesmo Estado foram produzidas 45.956 ton de maracujá em 2010, correspondendo a 23.000 ton de casca e albedo. Quanto ao caju, se levarmos em conta que no Nordeste a estimativa de desperdiço do pedúnculo é de 940.000 ton, correspondendo a 90.000 ton de bagaço, a disponibilidade de resíduos é suficiente para uma produção em escala. Os resíduos não são separados depois do processo de fabricação das polpas de frutas.

Quanto ao destino desses resíduos praticamente 2/3 são colocados em aterros sanitários. Em alguns casos os fornecedores dos produtos levam os resíduos para transformá-los em adubo orgânico e ração animal ou são colocados em tonéis de 200 kg e em seguida são lançados no lixo.

A partir dos estudos de localização e considerando as capacidades de processamento das indústrias de sucos é possível concluir que a região do município de Estância é uma boa área para a implantação de uma indústria processadora de resíduos de frutas no Estado de Sergipe.

A análise de custos simplificada realizada no presente trabalho, chegou a um custo final aproximado de R$ 0,47 por quilograma de suplemento proteico produzido, o que indica um valor muito competitivo em relação às alternativas tradicionais. Deve-se observar que este produto ainda se encontra com umidade próxima de 62%, sendo considerado um produto bastante perecível e que deverá ser consumido em um espaço muito curto de tempo, com data de validade prevista para no máximo 3 dias.

Uma forma adequada para aumentar o tempo de vida útil do produto será realizar a extração da água contida no mesmo e deixá-lo com valores próximos a 12%. No entanto, verifica-se que , para estas condições, os custos relacionados com a produção de 1 kg do produto seco serão de R$ 0,84. Este valor, quando comparado com os demais concorrentes do produto, pode ser considerado como um valor de risco, pois para a composição final do preço do produto ainda está faltando inserir a margem de lucro do produtor que, de acordo com a tabela de preços dos produtos concorrentes, o maior preço por quilo é de R$ 1,10 para o farelo de soja. Na estimativa de lucros, o preço máximo que o produtor poderá acrescentar aos custos é de R$ 0,26 por quilo, caso queira se equiparar ao quilo do produto farelo de soja.

Considerações finais

Os resultados obtidos no presente trabalho apontam para a viabilidade de realizar o enriquecimento de misturas contendo diversos resíduos de frutas processadas na indústria, visando sua utilização como suplemento proteico na formulação de ração animal ou mesmo, na alimentação humana tendo em vista que, além de ser obtido um produto de alto valor agregado, o seu processamento contribui para diminuir riscos ambientais causados pela inadequada deposição dos resíduos das indústrias processadores de sucos de frutas.